PSDB pede e a Justiça censura Jornal da CUT que denuncia o desastre da administração Alckmin em São Paulo. Abaixo tem link para o PDF do jornal.
Por solicitação do PSDB, o TSE concedeu liminar censurando o Jornal da CUT-SP, num claro retrocesso das conquistas democráticas. Os tucanos argumentam que o jornal faz propaganda eleitoral antecipada. A CUT, legítima representante de duas mil entidades de trabalhadores e maior central sindical do Brasil, tem o dever de denunciar os desmandos de qualquer governo. A imprensa é livre. A manchete revela a verdade sobre o governo paulista: “Sai Alckmin, fica a violência, a miséria. O desemprego, as filas nos hospitais, a superlotação nas salas de aula e 65 CPIs engavetadas”. A riqueza nas investigações, a argúcia das denúncias e o alcance da reportagem incomodaram os tucanos. A CUT-SP recorreu da decisão.
A censura está provocando uma corrida ao Jornal da CUT na internet:
Para Edílson de Paula, presidente da CUT-SP, a publicação se baseou “em notícias e estatísticas amplamente divulgadas pelos meios de comunicação de massa” e enfatizou que a Central está a serviço do trabalhador, procurando alertá-lo sobre sua realidade política. "Assim como a grande imprensa tem toda a liberdade em investigar a vida pública das autoridades, nós temos o compromisso de alertar o trabalhador e mantê-lo consciente do que está acontecendo", diz o presidente da CUT-SP. A tiragem normal de 30 mil exemplares foi programada para 1,5 milhão.
O DESMONTE DE UM ESTADO
Segundo a edição censurada, ao deixar o governo para se candidatar à presidência da República, Geraldo Alckmin estava às voltas com um estado deteriorado. O PIB de São Paulo, em 1985, representava 36,1% das riquezas produzidas no Brasil. Passou para 32,6% em 2002, sendo ultrapassado pelo PIB do Rio de Janeiro e caindo para terceiro lugar no ranking nacional.
Se o desempenho econômico foi nefasto, pior ainda se deu na área social, sobretudo na educação. “Devido ao Ciclo de Progressão Continuada, os alunos da rede estadual têm passado de ano sem saber ler e escrever. Ou seja, o Estado tem formado analfabetos funcionais”, afirma Edílson de Paula.
CRIMINALIDADE
“Isso sem contar os índices alarmantes da criminalidade: uma média de 1.260 seqüestros relâmpagos por ano e mais de 40 rebeliões nos Complexos da Febem, que tem deixado os paulistanos com medo de sair às ruas”.O presidente da CUT destacou que, no governo tucano, o Primeiro Comando da Capital (PCC) se fortaleceu, a ponto de organizar, impunemente, numerosas rebeliões e fugas.
É o reflexo da ausência de políticas públicas estaduais contra o crime organizado. A cada ano, são assassinados cerca de 16,3 mil jovens de 15 a 24 anos, pobres, do sexo masculino e da cor negra. “Cadê o respeito e cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente?”, indaga Edílson. Para a população carente, um dos maiores tormentos urbanos, seriamente agravado na gestão de Alckmin, foi o transporte público — insuficiente, caro, de qualidade duvidosa.
Alckmin, enquanto foi governador, prejudicou o sistema de metrô e trens, ao prolongar modestamente as linhas, aumentar o preço da passagem em 50%, não investir na melhoria das malhas e permitir que a violência se alastrasse pelas estações. Só em 2005, os assaltos cresceram 88% no metrô.
DESMONTE DA SAÚDE
O desmonte ficou igualmente visível na área de saúde. “Com a privatização dos hospitais e postos — que passaram a ser gerenciados pelas Organizações Sociais (OSs), empresas privadas —, os atendimentos que já eram problemáticos tornaram-se ainda mais difíceis para a população, principalmente a de baixa renda”, afirma Edílson de Paula.
A política de privatizações, iniciada no governo Covas (1995-2001), causou transtornos e prejuízos para essa mesma população carente. “O governo vendeu empresas públicas importantes, como do setor de energia e financeiro, e nunca prestou contas para a sociedade sobre a destinação dos recursos arrecadados”, lembra Artur Henrique da Silva Santos, secretário-geral da CUT Nacional.
De acordo com ele, “as privatizações acarretaram no aumento das tarifas de energia, na precarização nos locais de trabalho e demissões de trabalhadores. Essa é a visão de Estado mínimo do PSDB, que prioriza a receita financeira e esquece do lado social”.
65 CPIs ABAFADAS
Em seu governo, 65 pedidos de CPIs (Comissões Paramentares de Inquérito) foram arquivados na Assembléia Legislativa, em contrariedade aos anseios de movimentos e entidades sociais. “Enquanto o governo federal abriu a discussão para toda a sociedade e investigou as denúncias de corrupção, o governo tucano caminhou ao contrário: abafou graves denúncias como as que envolviam o rebaixamento da Calha do Rio Tietê, a Sabesp, a CDHU, o Rodoanel, o Metrô e agora a Nossa Caixa”, enumera Artur Henrique.Cláudio Lembo — uma figura do médio escalão do PFL, que substituiu Alckmin no governo — mantém a postura anti-social de seu antecessor. A censura ao jornal da CUT visa calar as entidades sociais e acelerar o desmonte do estado, o que a CUT combaterá com trabalho e dignidade.
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