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quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Ela é Dilmais"

Dilma Rousseff passou dados a oposição, que você leitor, já leu aqui no blog. A Ministra disse nas mais de nove horas de depoimento na Comissão de Infra-estrutura no Senado...

O Congresso Nacional foi informado sobre o banco de dados quando, em setembro de 2005, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) pediu informações sobre gastos de ministros, observou Dilma. "A Casa Civil, na época, respondeu para o senador que a Presidência da República aderiu ao cartão corporativo só no dia 13 de março de 2002, e que não havia gastos com suprimentos de fundos com os cartões, mas que havia outros gastos com suprimento de fundos, que estavam sendo objeto de banco de dados confeccionado pela Casa Civil", disse Dilma. Em abril deste ano, o blog publicou essa informação, você que não leu, pode ler aqui e aqui no nosso arquivo.

Encolhida, a oposição amenizou o tom das perguntas, quase todas concentradas no PAC. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) cobrou obras em seu estado. Recebeu de Dilma um livreto com balanço do PAC no Piauí. Sobre o dossiê, respondeu o que quis. O tucano Sérgio Guerra (PE) reconheceu que a CPI dos Cartões está perdida e pediu à ministra a divulgação dos dados.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) elogiou a ministra. Chegou a dizer que temeu sua saída da Casa Civil por conta do caso do dossiê.


Dilma mostra os três dedos, para falar dos anos de prisão: "Eu me orgulho de ter mentido na tortura. Salvei companheiros da morte"

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) saiu ontem politicamente fortalecida do seu primeiro confronto direto com a oposição, no Senado, durante debate sobre o suposto dossiê. O cenário foi montado para constranger Dilma, mas a oposição parecia despreparada para o embate. A ministra discorreu tranqüilamente sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, em cerca de nove horas de audiência pública e 40 intervenções, driblou as tentativas de constrangimento na questão do dossiê.

Logo no início da reunião da Comissão de Infra-Estrutura, uma intervenção do líder do DEM, senador José Agripino (RN), deu oportunidade para Dilma mostrar-se como a ex-militante política que lutou contra a ditadura militar, foi torturada aos 19 anos de idade e não entregou seus companheiros. Foi quando o senador do DEM citou entrevista da ministra, na qual ela afirmava ter mentido ao sofrer torturas físicas.

Numa intervenção considerada desastrada pelos próprios companheiros de oposição, Agripino considerou a mentira de Dilma justificável naquela época, em que o país vivia um regime de exceção. Acabou comparando a montagem do dossiê de gastos de FHC com práticas da ditadura. Tudo para, ao final, pedir que Dilma esclarecesse os fatos relativos à elaboração do documento.

"Eu tenho medo de estarmos voltando ao regime de exceção. O Estado policialesco permite o Estado de exceção. O dossiê, na minha opinião e na de muitos brasileiros, é o retorno do regime de exceção para encostar algumas pessoas na parede, entre elas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth Cardoso. Com todo o respeito, eu gostaria que dessa reunião resultasse o esclarecimento definitivo", disse Agripino.

A ministra reagiu emocionada, mas com firmeza. "Eu fui barbaramente torturada. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Aguentar tortura é algo dificílimo. A dor é insuportável. Eu me orgulho imensamente de ter mentido na tortura. Salvei companheiros da morte", enfatizou. Dilma disse que, na década de 70, estava em "momento diferente" de Agripino. Foi aplaudida.

A partir daí, a ministra passou a discorrer sobre o PAC. Enquanto citava números e obras que vem repetindo à exaustão nos últimos meses, senadores da oposição lamentavam a estratégia de Agripino, que era comemorada pelos governistas. "Agripino permitiu a ela resgatar a biografia, mostrar que foi militante contra a ditadura e que tem humanidade e sofrimento. Esse debate da luta contra a ditadura nos interessa A oposição ficou com cara do passado e nós, do novo", avaliou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a ministra "provou que aguenta pressão e passou por um teste importante". Nas avaliações, a constatação de que o episódio permitiu o crescimento de Dilma como pré-candidata a presidente da República. "Ela era referência administrativa. A oposição tentou trazê-la para o cenário político e ela se conduziu bem, saiu maior do que entrou", disse Jucá. "Fizeram uma pergunta infeliz no começo e ela cresceu", afirmou o presidente da CI, senador Marconi Perillo (PSDB-GO). "O senador Agripino colocou a bola no gol para a ministra chutar o pênalti e tirou o goleiro", definiu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Dilma mostrou bom humor, riu com as contestações da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) a respeito das obras do PAC, deu ao senador Heráclito Fortes (DEM-PI) uma publicação com as obras do PAC no Piauí e negou viés eleitoreiro no programa, citando governadores da oposição que estão sendo beneficiados. E, ao ser confrontada por Demóstenes Torres (DEM-GO) sobre o caráter sigiloso dos gastos da Presidência, admitiu que levaria em consideração. Ao ser desafiada por Tasso Jereissati (PSDB-CE) para visitar o Ceará, para verificar informações que seriam equivocadas de obras incluídas no PAC, Dilma aceitou na hora.


A oposição reconhece que o ataque de Agripino foi um tiro no pé. Os oposicionistas disseram que tentaram alertar o democrata do risco de partir para tentar construir a idéia de que a ministra teria "intimidade" - nas palavras de um democrata - com a ministra. "Isso a deixou em situação de conforto, desanuviou o ambiente para ela, que acabou ganhando segurança, o que interferiu no desempenho dela", avaliou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

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