Uma empresa dele (Abel Pereira) contribuiu para minha campanha, mas isso não é crime - Barjas Negri, ex-ministro da Saúde-
A troca de ofensas que marcou a audiência de ontem da CPI dos Sanguessugas. Governistas e integrantes da oposição bateram boca e trocaram acusações mútuas de envolvimento com a máfia das ambulâncias durante o depoimento de Barjas Negri, sucessor de José Serra no Ministério da Saúde . O clima de tensão pode se repetir hoje, quando estão previstas as presenças na CPI dos dois ex-ministros da Saúde Humberto Costa e Saraiva Felipe.
Críticas da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) à ausência de Serra, logo no início da sessão, deram o tom do debate. Convidado a prestar esclarecimentos sobre a pasta, o governador eleito de São Paulo foi para os Estados Unidos. A parlamentar reclamou do fato de ele não ter informado a viagem à comissão. Ela também fez uma série de perguntas a Barjas Negri, desde a suposta participação de empresas de Abel Pereira, investigado por ligação com os Vedoin, em obras de Piracicaba, onde Negri é prefeito, até doações de campanha para o tucano.
Negri se irritou com os questionamentos da congressista. Argumentou que atendeu o convite da CPI para falar de procedimentos do ministério na liberação de verbas para a aquisição de ambulâncias e frisou que não houve irregularidades durante sua gestão, em 2002 — embora a Polícia Federal tenha apontado que o esquema de corrupção teve início em 2001. “Não havia qualquer relacionamento da empresa que fornecia as ambulâncias com gente do ministério”, sustentou.
O ex-ministro admitiu conhecer Abel Pereira, acusado por Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam, de receber propina para facilitar a ação da empresa naquela pasta. Disse que a denúncia, feita inicialmente à revista IstoÉ, seria uma contrapartida ao pagamento de R$ 1,7 milhão que petistas fariam em troca de dossiê com informações contra tucanos. Mas reconheceu ter recebido uma ajuda financeira de Abel Pereira nas eleições. “Uma empresa dele contribuiu para minha campanha, mas isso não é crime. Está na minha prestação de contas (eleitoral) e eu não cometi caixa 2”, disse.
Reação
A afirmação do ex-ministro não foi bem recebida pelos governistas. O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) defendeu uma acareação entre Negri, Luiz Antônio e Pereira. “Eles têm muito o que explicar”, afirmou. Inconformado, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) apresentou requerimento para que a CPI convide o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para prestar esclarecimentos sobre a negociação do dossiê.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PR), vice-líder do PSDB na Câmara, foi mais contundente. “Temos de convocar o Lula porque é ele quem libera emendas. Ele é o maior sanguessuga do país”, afirmou. Segundo ele, a “tropa de choque” do presidente teria entrado em ação na CPI para atrapalhar. “Os pitbulls avançaram demais”, observou Hauly. Ao final da audiência, a deputada Vanessa Grazziotin disse que a oposição estava “provocada” para o embate. Resultado final: Como sempre o PCdoB esteve excelente na defesa do Presidente Lula.
Helena
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