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segunda-feira, 6 de junho de 2016

'Não está claro o quanto Temer pretende avançar no combate à corrupção', diz 'NYT' em editorial



Em mais um duro editorial sobre o momento político que o Brasil vive, o jornal “The New York Times”, nesta segunda-feira, coloca Michel Temer contra a parede. O texto, intitulado “A medalha de ouro do Brasil para a corrupção”, entra no clima olímpico (de forma irônica, obviamente) e coloca um ponto de interrogação sobre o compromisso do presidente em exercício contra as práticas ilícitas dos poderosos em Brasília.

O editorial logo começa lembrando das nomeações polêmicas de Temer, que escalou um ministério exclusivamente branco e masculino. Em seguida, cita os sete ministros empossados e que estão na mira da Lava-Jato: “As nomeações aumentaram as suspeitas de que o afastamento de Dilma Rousseff, mês passado, tinha um motivo real: interromper as investigações”.

Na sequência, o texto menciona Romero Jucá e Fabiano Silveira, ministros-relâmpago do governo provisório, que deixaram seus respectivos cargos do Planejamento e Transparência, pegos em gravações tentando obstruir as investigações da Lava-Jato.

Neste ponto, o editorial questiona o compromisso de Temer com a operação da Polícia Federal: “Estes fatos forçaram Temer a prometer, semana passada, que o Poder Executivo não iria interferir nas investigações da Petrobras. Considerando os homens dos quais Temer se cercou, isso soa falso. Se o presidente em exercício quiser ganhar a confiança dos brasileiros, muitos dos quais têm chamado o afastamento de Dilma de ‘golpe’, ele e seu gabinete devem tomar medidas significativas contra a corrupção”.

O “NYT”, então, parte para o ataque à imunidade parlamentar, segundo o jornal, principal fator para a criação de uma “cultura da corrupção” no Brasil. “De acordo com a legislação brasileira, altos funcionários do governo, incluindo os deputados e senadores, gozam de imunidade. Esta proteção descabida claramente permitiu uma cultura de corrupção institucionalizada e impunidade”, diz o texto.

O jornal também cita um artigo publicado pelo juiz Sérgio Moro na revista “Americas Quarterly”, em que o magistrado pontua a perda de confiança no Estado em decorrência de esquemas de corrupção, além da necessidade, dentro dos parâmetros da lei, dos crimes comprovados serem punidos. Em seguida, lembra que outros países da América Latina enfrentam uma realidade política manchada pela corrupção, como Bolívia, Colômbia, Guatemala e Honduras.

Por fim, o editorial clama por uma reforma política que deixe para trás o mecanismo da imunidade parlamentar: “Não está claro até que ponto Temer chegará para erradicar a corrupção. Se for uma figura séria e quiser acabar com suspeitas sobre os motivos de afastamento de Dilma, ele deve ser sábio a ponto de lutar por uma lei que acabe com imunidade de deputados, senadores e ministros em casos de corrupção”.

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