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domingo, 24 de junho de 2012

Irmandade Muçulmana elege presidente do Egito, a contragosto dos EUA e Israel

O candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, venceu a eleição presidencial no Egito.

Ele conquistou 51,7% dos votos na disputa contra o ex-premiê do antigo presidente Mubarak (o preferido dos EUA e Israel).

A Irmandade Muçulmana opõe-se às tendências seculares de algumas nações islâmicas e rejeita influências ocidentais. Defende a jihad (guerra santa), que inspirou desde grupos insurgentes islâmicos, até os mais radicais classificados pelos EUA como terroristas.

Há décadas, a Irmandade Muçulmana está muito envolvida na política, mas também atua fortemente no campo social, da caridade e nos sindicatos profissionais.

Mohamed Mursi fez campanha se apresentando como o "único candidato com um programa islamita" e partidário de um "projeto de renascimento" baseado nos princípios do islã. Mas prometeu garantias de governar respeitando a todos, para conquistar o voto das minorias cristãs e de jovens seculares.

Prometeu:
- preservar as conquistas da primavera árabe;
- trabalhar pela liberdade, pela democracia e pela paz;
- garantir os direitos da minoria cristã;
- servir a todos os egípcios, seja qual for sua opção política ou religiosa.
- não obrigar as mulheres a utilizar o véu;
- relações "mais equilibradas" com Washington;
- revisar o tratado de paz com Israel se os Estados Unidos bloquearem sua ajuda ao Egito;

Venceu o "PIG" egípicio

"Resistimos (à campanha negativa) dos meios de comunicação", explica à AFP Essam al-Eriane, vice-presidente da estrutura política da Irmandade, o Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ).

Mursi dirige o PLJ, de longe o principal partido do país, e que obteve quase a metade dos assentos do parlamento após as recentes eleições legislativas.
A eleição foi invalidada em meados de junho pelo Tribunal Constitucional devido a irregularidades na lei eleitoral.

Perfil:

Mursi tem 60 anos, engenheiro graduado em 1975 na Universidade do Cairo. Em 1982 completou um doutorado na Universidade da Carolina do Sul (Estados Unidos).

Depois de militar em um grupo anti-israelense, o Comitê de Resistência do Sionismo, Mursi dedicou a maior parte de sua atividade política à Irmandade.

No ano 2000 foi eleito deputado e foi reeleito em 2005, antes de passar sete meses na prisão por ter participado de uma manifestação de apoio aos magistrados reformistas.

Em 2010, tornou-se porta-voz da Irmandade e membro de seu gabinete político. No dia 28 de janeiro de 2011 foi preso brevemente, três dias depois do início da revolta que terminou com a queda de Hosni Mubarak.

Também classificou de "farsa" o julgamento de Mubarak, no qual o ex-presidente foi condenado à prisão perpétua, mas vários ex-funcionários de alto escalão da segurança, envolvidos na repressão da revolta popular do ano passado, foram absolvidos.

Estepe

Mursi tem o apelido de "estepe" porque substituiu no último minuto o candidato previsto, Khairat al-Shater, cuja candidatura foi invalidada por uma condenação durante a presidência de Mubarak.

Sem grande carisma, aparecia nos cartazes eleitorais com um terno azul e um olhar tímido ao lado de várias pessoas, entre elas uma mulher com niqab (véu integral) e um padre copta.

Em suas primeiras aparições públicas pareceu estar na defensiva, e, segundo muitos analistas, não tinha o perfil de um favorito. Mas durante a campanha foi ganhando tenacidade e confiança em si mesmo, com o apoio da imensa rede de militantes da Irmandade Muçulmana, a força política mais importante e mais bem organizada do país.

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