Os senadores do PT fizeram bem em não adiantar nenhuma decisão rapidamente.
A melhor estratégia para os senadores do PT é jogar com o tempo.
A bancada petista tem duas opções:
1) Votar pelo arquivamento de todas as denúncias contra Sarney, dizendo que faltam fundamentos suficientes para constituir um processo (o que não deixa de ser verdade).
2) Reabrir alguma investigação, sem abrir processo, contra Sarney, em comum acordo com o PMDB, que saiba que não dará em nada, abrindo também investigação contra Arthur Vírgilio.
Podem alegar que a própria Yeda Crusius não foi afastada do cargo pela juíza federal, apesar de já ser ré em estágio avançado de investigação, com indícios e testemunhos veementes de sua culpa.
3) Abrir processo contra ambos. Neste caso o PT teria que votar contra o afastamento de Sarney em plenário.
A opção 3 trará um ônus temerário:
O oposição adquirirá o direito de levar à votação em plenário o afastamento de Sarney durante o processo (e fará isso, com estardalhaço, ressuscitando a crise).
Neste caso, os Senadores do PT, teriam que votar contra o afastamento para não voltar à estaca zero, e renderem-se à oposição, entregando o posto da presidência do Senado.
O PIG (imprensa golpista) chantagearia a bancada petista pressionando-os para votar pelo afastamento. Alegariam que a bancada estaria sendo "enquadrada" se votassem contra, pois caiu na bobagem de emitir nota oficial defendendo o afastamento semanas antes.
Não sei se a votação em plenário seria secreta. Se for, menos mal.
Do jeito que a bancada do PT tem se mostrado temerosa diante do PIG (imprensa), o mais cauteloso é referendar o arquivamento de Paulo Duque, e mudar o discurso da ética para reformas estruturais no Senado (que por sinal é de fato, o que o Senado precisa, do contrário teria que rolar diversas cabeças para melhorar o ambiente ético).
Votar pelo arquivamento gerará o pequeno desgaste da "Pizza".
O mais certo, se tivessem habilidade seria reabrir alguma investigação sobre Sarney junto à Arthur Virgílio, cozinhando o assunto em banho-maria. Sem deixar abrir processo.
Deixar abrir processo gerará o grande desgaste de ressuscitar a crise.
A essa altura, salvo alguma votação importante, o esticar da crise no Senado não é de todo mal para o governo (para o poder executivo), mas é muito mal para os próprios senadores do PT, que continuarão no olho do furacão, com uma imprensa hostil em seu encalço.
Há crises que já deram o que tinha que dar, em termos de desgaste, para o governo. Quando estica, fica improdutiva para a oposição, faz a oposição perder tempo e espaço que estaria sendo dedicado à crise seguinte mais produtiva.
Para a oposição e o PIG, crise é como novela: precisa encerrar quando o Ibope fica baixo, ou esticar alguns capítulos quando o Ibope está muito bom.
Senadores querendo dizer que a culpa da crise do Senado é de Lula, só melhora a imagem do presidente.
Não adianta querer vincular Sarney, Collor e Renan à Lula, porque no máximo, só trará dividendos eleitorais para eles no Maranhão e em Alagoas, prejudicando os adversários locais deles, sem grandes arranhões em Lula, pois a Polícia Federal não aliviou Sarney. Melhor fariam se criticassem cada senador pelos seus próprios defeitos.
Quando pior a imagem dos Senadores, e quanto mais eles falarem mal do Presidente Lula, mais o povo entende que os senadores e Lula estão em lados opostos, e que Lula está tolerante, mas está do lado contrário à tudo de ruim que é atribuído ao Senado.
É ridículo senadores como Pedro Simon, Cristóvam Buarque, Álvaro Dias, Sérgio Guerra, todos com deslizes éticos, seguirem a pauta da imprensa e querer atribuir culpa à Lula pela situação ética do Senado.
O povo sabe que Lula não é Senador para votar e eleger Sarney, sabe que não foi Lula quem pediu dinheiro à Agaciel Maia em viagem à Paris, não foi Lula quem manteve funcionários fantasmas, nem é ele quem usa verbas indenizatórias para pagar condomínio e eletricidade da própria residência com dinheiro público, não foi o presidente quem nomeou filhos de diretores do Senado em seus gabinetes (como fez Demóstenes), que empregou a filha de FHC, nem Lula é pai da filha de Renan, nem avô da neta de Sarney.
Senador que quer transferir suas safadezas à outros (principalmente a alguém com a popularidade de Lula), em vez de assumir suas responsabilidades, acabam se depreciando no julgamento popular.
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