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terça-feira, 9 de junho de 2009

A voz do leitor


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Saudações Zé Augusto, Bira e Helena, tudo bem ?

Acompanho o blog de vocês e gosto muito! Gostarria de dar a minha contribuição para este blog, pois retirei esta carta abaixo, do site http://dialogico.blogspot.com/2009/06/carta-aberta-ao-sr-julio-cesar-mesquita.html

É um petardo em cima do Sr. Júlio César Mesquita da ANJ (outro conluio do PIG)
Espero poder contribuir em breve com mais informações.

Um grande abraço,
Marcus Vinicius Silva Moraes

Carta Aberta ao Sr. Julio Cesar Mesquita [ANJ]
Prezado Sr. Julio César Mesquita,tivemos o desprazer de ler a nota da ANJ assinada pelo senhor. É difícil dizer, se ela é mais cretina, ou mais patética.Iniciemos pela questão semântica: o senhor acusa a Petrobras de atitude antiética e esquiva. Bem, no nosso modesto entendimento, atitude antiética é a de quem falta com a ética, o que não parece ser o caso da Petrobras por, simplesmente, ter tornado público um tema que é, naturalmente, da esfera pública. Se o senhor não sabe, esclarecemos: a Petrobras é uma empresa mista, mas o Estado é o acionista majoritário. Assim, todo o cidadão brasileiro tem o direito de ter acesso a todas as informações que dizem respeito a esta empresa, venham elas de onde vierem.E esquiva? Esquiva é atitude de quem se esconde ou esconde alguma coisa.

O que também não é o caso da Petrobras, quando publica perguntas que lhe foram feitas a título de entrevista, o que indica uma ação a se tornar pública. Qual seria o sentido desta ou de qualquer entrevista para um jornal, se seu conteúdo não viesse a se tornar público?Segue a nota: Numa canhestra tentativa de intimidar jornais e jornalistas, a empresa criou um blog. Onde se configura essa canhestra tentativa de intimidação? Desde quando divulgar informações de interesse público é uma atitude canhestra ou intimidatória? Omitir, sim, é canhestro. A criação de um blog é um direito de qualquer pessoa ou instituição.

É uma ferramenta pública disponível na Internet e está acessível a qualquer um que deseje usá-la. E o blog da Petrobras foi criado, justamente, para publicar as omissões que os jornais, a quem o senhor representa, costumam praticar, sistematicamente, em relação a qualquer assunto e, agora, em particular, a Petrobras. Então, quem age de forma esquiva e canhestra?Com relação à inaceitável quebra da confidencialidade que deve orientar a relação entre jornalistas e suas fontes. Como assim??? Parece-nos que a maior preocupação, nesse sentido, deveria ser da fonte e não do jornal!!! Quem corre o risco maior é sempre quem passa a informação!


E podemos acrescentar, aí também, a questão da confiabilidade. Essa é uma relação de mão dupla. Quem informa tem a garantia de que a informação não será manipulada de acordo com interesses dessa ou daquela empresa de mídia? O senhor como Vice-Presidente da ANJ deveria saber o quanto esse risco é grande. Tanto é assim, que a Petrobras precisou criar um blog para publicar, na íntegra, as informações que os próprios jornais solicitaram e mutilaram.“[...] as perguntas enviadas à sua assessoria de imprensa pelos jornalistas antes mesmo de publicadas as matérias às quais se referem”. Para quem conhece a mídia brasileira, fica fácil de entender o porquê dessa atitude da Petrobras.


Ela, simplesmente, quis se resguardar dessas costumeiras omissões e manipulações que os jornais fizeram sobre as informações que esta empresa encaminhou. E sobre o “processo no caso de suas informações não receberem um ‘tratamento adequado’”, é um direito inalienável da fonte e não tem nada a ver com intimidação.(O senhor já esqueceu do “dossiê” da Dilma?) Tem a ver, sim, com praticar jornalismo de verdade, factual.


A fonte declarou X e o jornal publica X e não Y. Nessa equação, não há espaços para processos. Simples!!!“Princípios universais de liberdade de imprensa”. Na opinião de Vice-Presidente da ANJ, quais são exatamente esses princípios? Vamos lhe dar o benefício da dúvida: talvez, o senhor tenha confundido liberdade de imprensa com liberdade de empresa. Para ser mais claro, se o senhor não entendeu: confundiu o direito universal de ser bem informado, com aquilo que as empresas de mídia no Brasil e no mundo impõem ao público como informação.O senhor deveria saber. E, se não sabe, irá aprender agora: acabou a era da informação num único sentido.


O mundo mudou, Sr. Julio César Mesquita. Isso que a Petrobras fez, já é feito há muito tempo na blogosfera. Uma mentira, uma manipulação só dura o tempo de alguém postar a outra versão dos fatos publicados nos jornais. A manifestação contra a “ditabranda” em frente a Folha de São Paulo este ano, para citar um exemplo, mostrou, para quem sabe observar, que nada mais será como antes em matéria de jornalismo.A mídia corporativa sempre subestimou o papel desempenhado pela blogosfera. Mas é, justamente ela, que tem garantido um princípio elementar do jornalismo: o contraponto.


A Petrobras, democraticamente, fez uso desse contraponto. Garantiu o direito da sociedade a ser livremente informada, ao disponibilizar as informações omitidas pela imprensa.O contraponto é o que permite a formação da opinião pública, ou seja, quando a população tem acesso às várias informações sobre o mesmo assunto. Nós não nos sentimos lesados pelas informações disponibilizadas pela Petrobras. Nós nos sentimos lesados pelas informações omitidas pelos sócios da ANJ.A Petrobras, ao criar seu blog, deu transparência às informações.

Quem tem, sistematicamente, se negado ao democrático escrutínio de seus atos, é a mídia corporativa brasileira!!!O fato é esse: vocês perderem a tutela da informação. E isso é intolerável para o senhor e seus amigos da ANJ!No mais, melhore a qualidade dos seus argumentos. A considerar pela nota que o senhor emitiu, dá para entender o porquê dos jornais estarem em tamanha decadencia.


Eugênio Neves e Claudia CardosoPorto Alegre - RS

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