A comissão de sindicância que analisa os atos secretos do Senado já detectou cerca de 650 decisões mantidas sob sigilo nos últimos anos. A equipe de trabalho pretende adotar, em seu relatório final, o termo "boletins não publicados" e recomendar uma investigação sobre cada ato para saber os motivos que levaram à sua não divulgação.
Oito pessoas ligadas por laços de parentesco ao presidente do Senado são ou foram contratadas para cargos comissionados.É mais um galho na árvore de parentes cultivada no Senado pela família Sarney nos últimos 25 anos
O clã
Ivan Celso Furtado Sarney
Irmão, por parte de pai.
Em maio de 2005 foi nomeado para ser assistente parlamentar (AP-4) no gabinete do então segundo-secretário do Senado, João Alberto (PMDB-MA). Dois anos mais tarde, foi exonerado do Senado
Shirley Duarte Pinto de Araújo
É namorada de Ernane Sarney, irmão de José Sarney.
Shirley foi nomeada como assistente parlamentar sigla AP-3 para o gabinete de Roseana Sarney por ato assinado por Agaciel Maia em fevereiro de 2003. Em fevereiro de 2007, teve o cargo alterado para o de secretário parlamentar. Foi exonerada em abril passado
João Fernando Michels Gonçalves Sarney
Neto de Sarney. É filho de Fernando Sarney com Rosângela Terezinha Michels Gonçalves.
Em fevereiro de 2007, foi nomeado — por ato assinado pelo atual diretor-geral José Alexandre Lima Gazineo — como secretário parlamentar no gabinete de Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Foi exonerado em outubro de 2008 por ato secreto
Rosângela Terezinha Michels Gonçalves
Mãe de João Fernando. Foi namorada de Fernando Sarney, filho de José Sarney.
Substituiu o filho no gabinete de Epitácio Cafeteira em outubro de 2008
Isabella Murad Cabral Alves dos Santos
Sobrinha de Jorge Murad, genro de José Sarney.
Nomeada, em fevereiro de 2007, como assistente parlamentar na liderança do PTB no Senado. Apesar do vínculo com o Senado, ela está atualmente na Espanha
Maria do Carmo de Castro Macieira
Sobrinha da mulher de José Sarney, Marly.
Nomeada por Agaciel Maia, em junho de 2005, para o gabinete da ex-senadora e prima Roseana Sarney — atual governadora do Maranhão — trabalha no escritório em São Luís
Vera Portela Macieira Borges
Sobrinha de Marly Sarney.
Funcionária pública do Ministério da Agricultura, foi cedida para trabalhar na Presidência do Senado em 2003. Mas, por morar em Campo Grande (MS), foi cedida para o escritório político do senador Delcídio Amaral (PT-MS) naquela capital
Virgínia Murad de Araújo
Parente de Jorge Murad, genro de José Sarney.
Nomeada em maio de 2007 para trabalhar como assistente parlamentar do gabinete da liderança do governo no Congresso, cargo na época comandado pela ex-senadora Roseana Sarney (PMDB-MA). Iniciou com salário de R$ 1.247 e, 11 meses depois, passou a receber o dobro
Farra de agregados e farra de passagens
Não bastou a farra das passagens aéreas. Apareceu agora no Senado um esquema subterrâneo para gastar dinheiro --do povo, é claro. Despesas, criação e fim de benefícios, contratação de parentes e agregados, estava tudo ali, escondido nos tais atos secretos. Na mais pura surdina.
Como costuma acontecer nesses casos, a boca livre se generalizou. Muitos senadores ficaram quietinhos diante da denúncia, já que não foram poucos os beneficiados. Desde 1995, pelo menos 280 medidas secretas foram tomadas. Serviram a senadores de várias correntes políticas.
Os atos secretos eram úteis para evitar o alarde. Foi por isso que ninguém ficou sabendo que um neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi exonerado do gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), em outubro do ano passado.
Funcionários também foram agraciados com esses presentes secretos. Um grupo deles ganhou uma bolada de auxílio-refeição, pago retroativamente. Mas a farra foi tanta que a maracutaia começou a vir à tona. Parece que pessoas contrariadas com o esquema resolveram abrir a boca.
Os eleitores têm o direito de saber o que seus representantes estão fazendo com o dinheiro dos impostos, pagos por toda a sociedade. Quem esconde o jogo nesses assuntos quase sempre tem o rabo preso.
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