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terça-feira, 26 de maio de 2009

Tanure anuncia que vai parar de editar 'Gazeta Mercantil'


A Editora JB, do empresário Nelson Tanure, anunciou ontem a rescisão do contrato de licenciamento das marcas do grupo Gazeta Mercantil, entre elas a do jornal e a do InvestNews. "Faremos a última edição na sexta-feira. A da segunda-feira, dia 1º , será de responsabilidade de Luiz Fernando Levy", informou uma fonte da Companhia Brasileira de Multimídia(CBM), holding de Tanure.

Na tarde de ontem, ele fez uma conferência telefônica com jornalistas da Gazeta. Segundo funcionários, disse que não há a menor possibilidade de voltar ao comando, que tudo "acabou" e que os jornalistas não deveriam "ter ilusões". Filho de Herbert Levy, fundador da Gazeta, Luiz Fernando prepara para hoje uma resposta pública à posição de Tanure.

O jornal Econômico Valor apurou que a relação entre Tanure e Levy está bastante desgastada. Segundo amigos, Tanure acredita que Levy tem contribuído para que a Justiça considere a Editora JB e a CBM como sucessoras da Gazeta Mercantil, bloqueando suas receitas e, com isso, livrando Levy da penhora de seus bens pessoais. Vários profissionais que trabalharam no grupo GZM antes do acordo de licenciamento conseguiram receber seus créditos porque a Justiça do Trabalho bloqueou receitas do jornal.

Recentemente, também a Justiça Federal vem concedendo a penhora de receitas em execuções fiscais. Neste mês, por exemplo, a 6ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal em São Paulo determinou que um grupo de agências de publicidade passasse a depositar em juízo os pagamentos devidos ao jornal Gazeta Mercantil pela veiculação de publicidade legal, como atas e balanços. Esse tipo de publicidade é a principal fonte de receita do periódico.

No acordo de licenciamento de marcas firmado em 2003, a Editora JB se comprometia a pagar em royalties 3% do faturamento anual ao grupo Gazeta Mercantil. Em comunicado, a companhia de Tanure informa que adiantou royalties além do efetivamente devido para que a empresa Gazeta Mercantil pagasse obrigações pecuniárias, em especial de natureza trabalhista. O valor superaria R$ 90 milhões, segundo a CBM, o que teria tornado o grupo de Tanure credor das empresas de Levy. Fonte do grupo CBM rechaçou os rumores de que a rescisão seria apenas uma manobra para que a Gazeta Mercantil entrasse com um pedido de recuperação judicial ou de falência.

Os cerca de 100 funcionários da GZM, incluindo 60 jornalistas, são de responsabilidade da Editora JB, do grupo CBM. De acordo com Djair de Souza Rosa, diretor jurídico da CBM, os funcionários dedicados à edição do jornal serão realocados para outras atividades impressas e on-line do grupo. A CBM edita também o "Jornal do Brasil" e alguns títulos da Editora Peixes.

Segundo funcionários, o filho do fundador da Gazeta disse que prepara para hoje uma resposta pública à CBM, assim como o seu posicionamento oficial sobre o destino da empresa - se reassume ou não o comando.

Ontem, em comunicado a funcionários, a Editora JB informou que, caso Levy não reassuma a edição da Gazeta Mercantil, o direito de uso da marca poderia ficar a cargo de uma "entidade sem fins lucrativos criada mediante entendimentos entre funcionários e o Tribunal da Justiça do Trabalho, com vistas ao usufruto de rendas oriundas da comercialização do jornal". De acordo com o texto, a CBM está disposta "a colaborar com essa alternativa" e que "consultas nesse sentido estão sendo realizadas pelo Departamento Jurídico da CBM junto a autoridades competentes e funcionários".

"Nós nem discutimos essa possibilidade com a direção do jornal e só soubemos disso pelo comunicado", diz fonte da redação, que considera difícil esse tipo de acordo. "Já existem outros dois processos que reivindicam a marca da empresa".

O salário de abril dos funcionários que ganham acima de R$ 8 mil por mês está atrasado. O pagamento de maio será feito em junho, segundo a CBM.

O Instituto Verificador de Circulação (IVC) divulgou na tarde de ontem uma nota em que esclarece que a Gazeta Mercantil já não é mais filiada à entidade desde julho de 2008. Na época, a circulação alegada pelo jornal estava em torno de 70 mil exemplares diários, mas verificações do instituto haviam constatado irregularidades. Colaborou Talita Moreira

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