Por que Paulo Lacerda não foi assessorar um partido de oposição? Por que não foi para o PSOL? Por que ele preferiu continuar sendo um servidor público neste governo, em Portugal?
Será que Paulo Lacerda foi "comprado" por um cargo em Portugal, como se fosse um cala-boca? É claro que não. Quem conhece o delegado sabe que ele jamais se sujeitaria à isso.
Será que ele virou de lado e foi ajudar Daniel Dantas a comprar a participação da Portugal Telecom no UOL? É claro que uma insinuação dessas seria ridículo.
Paulo Lacerda e Lula queriam processar a Veja, sem afastar ninguém da ABIN. Não deu. Perceberam que uma investigação contra Paulo Lacerda, com ele próprio no posto seria alvo de todo tipo de contestação. A solução era afastá-lo temporariamente, enquanto persistisse as investigações.
Paulo Lacerda já disse e demonstrou diversas vezes seu desapego à cargos. Era ponto de honra para ele provar sua inocência das acusações da Veja, e isso ele conseguiu, uma vez que viraram do avesso a ABIN, as malas que não grampeavam, e não encontraram nada. Nem o áudio da suposta conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres, apareceu.
Lula é mais teimoso e sempre quis devolver ao cargo pessoas afastadas por assassinato de reputações. Já quis devolver ao cargo até Silas Rondeau, no Ministério das Minas e Energia, mas relatórios de inteligência é que recomendaram ter cautela, enquanto não acabassem as investigações.
Paulo Lacerda é avesso a holofotes e não fala muito, mas há um burburinho de que foi ele mesmo quem preferiu ser exonerado em definitivo da ABIN, porque não estava mais interessado em voltar ao cargo. Sabia que continuando na ABIN viraria vidraça. Qualquer coisa que acontecesse contra qualquer poderoso, ele seria usado como bode expiatório. Não estava disposto a uma rotina de responder e ficar prestando esclarecimentos a comissões e CPIs no Congresso.
Se Paulo Lacerda preferiu continuar servindo ao governo Lula em outro cargo, é porque ele avalia que este governo combate a corrupção na medida do possível, e empregando o limite das forças que consegue reunir, do alto da experiência que seus cabelos brancos, e de tudo o que já viu passar à sua frente em anos de serviço na Polícia Federal.
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