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sexta-feira, 17 de abril de 2009

De novidade na CPI foram os canastrões Jungmann e Itagiba

Não assisti o depoimento de Dantas na CPI, só vi no noticiário e algumas partes, mas conforme previsto não reservou surpresas. Dantas é veterano em CPI's, repetiu muitas coisas que já falara em outras épocas, e é hábil em lidar com a bancada demo-tucana por um lado e o desejo de holofotes de outros.

Seria esperar demais que ele revelasse algo.

De ridículo, foi a atuação de Jungamann e Itagiba.

E vamos deixar a modéstia de lado por um minuto, para lembrar principalmente aos leitores novatos, que foi este blog que descobriu e publicou em primeira mão que Jungmann e Itagiba receberam doação de campanha do ex-presidente do Opportunity (clique aqui para ler nosso furo no dia 6 de agosto, antes do primeiro depoimento do delegado Protógenes Queiroz à CPI).

Itagiba simulou irritação com Dantas, porque este disse que não abriria segredos, com medo de vazamento.

Jungmann, fez pior. Foi um péssimo ator canastrão. Fingiu interessado no conteúdo dos Discos Rígidos de Dantas, depois fez meia dúzia de perguntas sob medida para Dantas expor sua defesa. Por fim deu um sermão moralista, dizendo que iria propor o indiciamento de Dantas na CPI.

Será que a platéia vai esquecer que Jungmann se prestou a apresentar uma denúncia (fracassada) contra o Juiz De Sanctis no CNJ presidido por Gilmar Mendes?

Dantas repetiu suas estratégias de defesa, jogando na invalidação de provas, e recorreu aos mesmos argumentos infundados já lidos nas páginas da revista Veja.

Dantas acusou de haver gravações ilegais e adulteradas. Ninguém achou grampos ilegais na Satiagraha. O sistema guardião da PF é auditável, e a Satiagraha foi auditada. Não tem como invalidar.

Insinuou sobre invalidar a participação da ABIN, quando todos atestam serem legal, e previsto em lei pelo SISBIN. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região já refutou contestação dos advogados de Dantas, e consideraram legal a colaboração da ABIN e PF.

Dantas insinuou a participação de agentes privados (como aposentados do SNI). Mas policiais podem contratar serviços de terceiros sempre que precisam, sob sua responsabilidade. Um policial pode contratar um chaveiro fora dos quadros da PF para abrir um cofre, um mergulhador para procurar provas no fundo de um rio, um motorista de táxi para seguir uma pista, caso não tenha à disposição um carro, um tradutor autônomo para traduzir um texto. Assim como Protógenes contratou gente para separar e compilar dados. Isso não viola sigilo da operação, e não tem nada de ilegal.

Além do mais, só as gravações não seriam suficientes para incriminar. Elas subsidiam com informações para buscar provas documentais, como movimentações financeiras, documentados fraudados, uso de laranjas e fantasmas, etc.

De novidade, que não tinha visto ainda no noticiário, foi um laudo pericial pago pela defesa de Dantas para invalidar a gravação do suborno de Humberto Braz e Hugo Chicaroni ao delegado Victor Hugo, dizendo que teria sido uma montagem. Dantas alega que o vídeo foi gravado por uma câmara mais distante, e o áudio foi gravado pelo celular do delegado Victor Hugo. Mas nos autos vale o gravação do som, independente do sincronismo da imagem. Além disso há os depoimentos, o flagrante do dinheiro. Enfim, as provas são irrefutáveis.

A atuação da maioria dos deputados é que é decepcionante. E é assim já há várias CPI's.

A bancada de Dantas fez o esperado: as perguntas certas que Dantas queria, como num jogo combinado. Para disfarçar, deram um sermão canastrão, como Jungmann e Itagiba.

Mas os outros deputados, poderiam ter se preparado melhor com perguntas mais instigantes. Não é que conseguiriam arrancar alguma coisa de Dantas, mas pelo menos causaria efeito político, ao obrigá-lo a não responder, ou desviar o assunto.

Por exemplo, não vi ninguém perguntar sobre a nota na revista IstoÉ, logo após a operação Satiagraha, publicada pelo jornalista Ricardo Boechat:

MIMOS DE DD
É extensa a lista de agrados que Daniel Dantas andou distribuindo para conquistar aliados. Entre esses presentes estão duas caminhonetes Land Rover, modelo Freelander, rastreadas pela Polícia Federal. Uma foi entregue, em 2006, ao filho de um então senador tucano. Outra, no ano passado, encantou a filha de um governador.


É claro que Dantas iria desconversar, mas colocaria o assunto na pauta, e a rádio corredor do congresso acabaria revelando quem é o senador e o governador.

O PSOL fez um discurso político aguerrido, mas infelizmente sectário, porque dirigido contra o campo político progressista. De olho nas urnas, preferiu atacar o governo Lula e a polícia Federal. Essa "brincadeira" irresponsável pode custar caro ao Brasil e aos brasileiros.

Se Serra ou outro demo-tucano viesse a ganhar em 2010 (toc... toc... toc...), Dantas se livra e ainda se dá bem, porque ele tem demo-tucanos no bolso, e nomeará gente no governo, como Itagiba para comandar a PF.

Além disso, o mandato do Procurador Geral da República dura 2 anos. Antonio Fernando de Souza deixará o cargo em junho, no fim do mandato. O nome mais cotado para substitui-lo é o subprocurador-geral Wagner Gonçalves, também um homem íntegro. Mas o mandato dele durará até junho de 2010, apenas. Serra, se eleito fosse, nomearia um engavetador indicado por Gilmar Mendes.

Dantas, mesmo condenado, vai recorrer da sentença até ela chegar ao Supremo, e com suporte político de Serra e Gilmar, ele acaba conseguindo arquivar o caso, ou prorrogar até prescrever.

Quanto aos deputados do PT, vi o Pellegrino (BA) comedido, procurando manter o foco da CPI nas escutas e contrário à nova prorrogação proposta por Jungmann. Mas dessa vez Pellegrino teve tenacidade: contra a prorrogação e fugir do foco da CPI, ele sugeriu criar uma CPI específica para investigar o Opportunity... todo mundo mudou de assunto.

Quem "mandou bem" foi Antônio Carlos Biscaia (PT/RJ). Praticamente não perguntou nada, dizendo que não adiantaria nada. Mas usou o tempo da pergunta para criticar a conduta de Gilmar Mendes, de conceder 2 habeas-corpus e comportar-se estranhamente e fez veemente defesa da Polícia Federal (inclusive do delegado Protógenes), da ABIN, do Juiz De Sanctis, da Satiagraha e do governo Lula.

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