O Jornal Folha de São Paulo em um editorial usou a palavra "ditabranda" para referir-se à ditadura.
Pelo conceito da Folha, haveria ditaduras boas e ditaduras ruins, onde, no Brasil, a ditadura seria boa, porque foi mais branda se comparada à da Argentina ou Chile.
Talvez a Folha, que usou seus carros de reportagens em operações da OBAN, pense em algo como "tortura, mas não mata" ou "mata, mas mata menos" seja moralmente justificável.
O assunto despertou a ira de diversos leitores da própria Folha, com protestos como estes:
"... Quer dizer que a violência política e institucional da ditadura brasileira foi em nível "comparativamente baixo'? Que palhaçada é essa? Quanto de violência é admissível?..." -MAURICIO CIDADE BROGGIATO (Rio Grande, RS)
"Inacreditável. A Redação da Folha inventou um ditadômetro, que mede o grau de violência de um período de exceção. Funciona assim: se o redator foi ou teve vítimas envolvidas, será ditadura; se o contrário, será ditabranda. Nos dois casos, todos nós seremos burros." - LUIZ SERENINI PRADO (Goiânia, GO)
"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!"
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES , professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)
Na ditadura, a Folha usava o conceito de "democracia relativa" para agradar aos chefes do regime.
Agora na democracia usa o conceito de "ditadura relativa" para descrever aquele período, talvez já querendo abrir caminho de volta, uma vez que começa a ver ruir seu sonho de colocar José Serra na presidência, e ter acesso de novo às benesses do poder federal, que o jornal continua desfrutando apenas no âmbito estadual.
FOLHA ADERE AO "ESTUPRA, MAS NÃO MATA"
O texto da Folha remete à citação de Maluf em um antigo debate, quando falava sobre a pena de morte. Maluf a certa altura disse "Se está excitado, estupra, mas não mata...".
Não por acaso, recentemente, a Folha, ao publicar as estatísticas de violência no estado de São Paulo, fez um estardalhaço sobre a queda de homicídios nos últimos 9 anos, e, para proteger José Serra, escondeu a notícia que interessa ao cidadão de fato, ou seja os números de 2007 para 2008:
estupro: aumentou 4,16%
homicídio: diminuiu 9%
A manchete da Folha foi uma forma de repetir nas entrelinhas o "estupra, mas não mata", uma vez que saúda uma estatística que não é boa para a população, quando observa-se um crescimento de um crime hediondo como o estupro.
Mas a manipulação da Folha foi pior, pois sequer as mortes diminuíram. Quando as estatísticas chegam ao latrocínio (morte motivada por roubo) o crime aumentou 21%.
Logo o número de mortes por crime subiu mais através de latrocínio do que caiu através de homicídios. Um saldo negativo para a população, que a Folha saúda para agradar ao chefe, José Serra.
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