Um artigo para vocês meus queridos e queridas leitores e leitoras comentarem.
O jornal nasceu quando se decretava o fim da arte e a morte da filosofia, no século 19. Com a rápida expansão da internet, foi o jornal que se tornou a mais nova vítima do serial killer "progresso". Mas a questão aqui não é de atestado de óbito. É de saber se as práticas que esses nomes figuram podem adquirir novos sentidos ou não. O jornal não é papel. É antes de tudo notícia. E é o formato notícia que está em crise há já algum tempo.
A notícia pretende separar o acontecimento de quem conta o que aconteceu, pretende separar o noticiário de artigos de opinião e de análise, distingue fatos de interpretações. O formato notícia pretende ter o monopólio da informação neutra e objetiva. Foi com base na notícia que o jornal construiu sua legitimidade e seu prestígio.
A internet minou essas distinções de maneira irremediável. Os processos colaborativos entre produção e consumo de informações, a cultura dos blogs, a proliferação acelerada de fontes virtuais destruíram na prática o monopólio do formato notícia.
O jornal tem procurado manter sua posição de influência como uma espécie de garantidor de última instância da confiabilidade da informação. Em alguns casos, tenta compensar sua renovada opção pelo formato notícia mantendo um certo pluralismo nas seções de análise e de opinião. Essa estratégia ainda tem lhe garantido uma posição de destaque.
Usando de seu prestígio, o jornal estabelece uma pauta de discussão que, em geral, tem sido até agora seguida pelos outros meios. De certa maneira, o jornal não apenas antecipa, mas também cria o fato porque seleciona os acontecimentos e cria o contexto em que são debatidos.
Também por isso a ideologia da neutralidade da notícia já não convence mais. Qualquer que seja o formato, a informação só faz sentido hoje se explicitar sua tomada de posição.
A novidade é perceber que isso pode ser feito de diversas maneiras. São diferentes as maneiras de apresentar e de elaborar explicitamente a formatação da informação. Como são diferentes as maneiras de difundir essa produção.
No momento, a alternativa ainda continua a se dar entre o formato notícia e uma politização mais ou menos direta da informação. E é difícil dizer qual deles representa melhor tendências futuras. Com transformações importantes, pode ser que essa tensão se mantenha por um bom tempo ainda.
O decisivo é que os fatos já não cabem na camisa-de-força do simples acontecimento capturado pela notícia. A maneira de organizar a informação se tornou parte da própria informação.Do coleguinha Marcos Nobre da Folha de S. Paulo
O jornal nasceu quando se decretava o fim da arte e a morte da filosofia, no século 19. Com a rápida expansão da internet, foi o jornal que se tornou a mais nova vítima do serial killer "progresso". Mas a questão aqui não é de atestado de óbito. É de saber se as práticas que esses nomes figuram podem adquirir novos sentidos ou não. O jornal não é papel. É antes de tudo notícia. E é o formato notícia que está em crise há já algum tempo.
A notícia pretende separar o acontecimento de quem conta o que aconteceu, pretende separar o noticiário de artigos de opinião e de análise, distingue fatos de interpretações. O formato notícia pretende ter o monopólio da informação neutra e objetiva. Foi com base na notícia que o jornal construiu sua legitimidade e seu prestígio.
A internet minou essas distinções de maneira irremediável. Os processos colaborativos entre produção e consumo de informações, a cultura dos blogs, a proliferação acelerada de fontes virtuais destruíram na prática o monopólio do formato notícia.
O jornal tem procurado manter sua posição de influência como uma espécie de garantidor de última instância da confiabilidade da informação. Em alguns casos, tenta compensar sua renovada opção pelo formato notícia mantendo um certo pluralismo nas seções de análise e de opinião. Essa estratégia ainda tem lhe garantido uma posição de destaque.
Usando de seu prestígio, o jornal estabelece uma pauta de discussão que, em geral, tem sido até agora seguida pelos outros meios. De certa maneira, o jornal não apenas antecipa, mas também cria o fato porque seleciona os acontecimentos e cria o contexto em que são debatidos.
Também por isso a ideologia da neutralidade da notícia já não convence mais. Qualquer que seja o formato, a informação só faz sentido hoje se explicitar sua tomada de posição.
A novidade é perceber que isso pode ser feito de diversas maneiras. São diferentes as maneiras de apresentar e de elaborar explicitamente a formatação da informação. Como são diferentes as maneiras de difundir essa produção.
No momento, a alternativa ainda continua a se dar entre o formato notícia e uma politização mais ou menos direta da informação. E é difícil dizer qual deles representa melhor tendências futuras. Com transformações importantes, pode ser que essa tensão se mantenha por um bom tempo ainda.
O decisivo é que os fatos já não cabem na camisa-de-força do simples acontecimento capturado pela notícia. A maneira de organizar a informação se tornou parte da própria informação.Do coleguinha Marcos Nobre da Folha de S. Paulo
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