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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Lá, eles apóiam candidato e dizem. Aqui, apóiam mas esconde


Os jornais americanos nunca foram tão favoráveis a um candidato do Partido Democrata como estão sendo agora com Barack Obama.

No monitoramento da cobertura da campanha eleitoral pela imprensa americana, feito pela publicação especializada "Editor & Publisher", Obama tinha até sexta-feira o apoio de 240 jornais do país. O republicano John McCain contava com o endosso de 114 jornais, entre os quais poucos veículos de prestígio.


A diferença entre os candidatos é ainda mais significativa quando se leva em conta a tiragem dos veículos simpáticos a Obama e a McCain. Ao lado do democrata - favorito à vitória amanhã, segundo todas as pesquisas de intenção de voto- , estão veículos cuja circulação ultrapassa os 21 milhões de exemplares. Entre eles, aparecem ícones da imprensa americana, como "The New York Times", "The Washington Post", "Los Angeles Times", "Miami Herald" e "The Boston Globe".

A tiragem dos jornais favoráveis a McCain soma 7 milhões, segundo a "Editor & Publisher". Na lista dos que apóiam o republicano estão especialmente jornais locais, do interior ou tablóides sensacionalistas, cujo prestígio não se compara aos dos jornalões do país.

Os jornais americanos têm por tradição manifestar, em editorial, sua preferência política em períodos eleitorais. E os preferidos costumam ser candidatos republicanos. Foi só sob o governo do presidente George W. Bush que a tendência começou a mudar.

"Em 2004, os jornais ficaram mais divididos entre [o democrata John] Kerry e Bush. Mas antes disso, os republicanos sempre tiveram mais apoio editorial da imprensa americana", disse ao Valor, por telefone, Greg Mitchell, editor da "Editor & Publisher". "Nestas eleições, pelo menos 50 jornais que tinham apoiado Bush em 2004 estão com Obama."

Segundo Mitchell, de modo geral a justificativa dos jornais que trocaram de partido este ano é que estavam descontentes com o governo republicano e com a chapa McCain-Sarah Palin.

Entre eles, estão o tradicional e conservador "Chicago Tribune", que em seus 162 de anos de existência nunca havia endossado a candidatura de um democrata para a Presidência.

Mas, num editorial publicado no dia 17, o jornal parecia um defensor histórico dos democratas. Ao explicar que o próximo presidente terá de conduzir o país num período de dificuldades e restituir um espírito nacional, o "Tribune" diz que "o candidato mais forte para fazer isso é o senador Barack Obama". O "Tribune" se orgulha de endossá-lo hoje para presidente dos EUA". Curiosamente, o publisher do "Tribune", Sam Zell, é também presidente de um grupo, o Equity Group Investments, que doou pelo menos de US$ 40.000 para a campanha de MCain este ano.


No dia 16, o "Washington Post" - pró-Kerry em 2004 - disse que a opção por Obama foi facilitada dada a "decepcionante campanha" de McCain e "nossa admiração em relação ao sr. Obama e às impressionantes qualidades que ele mostrou durante a campanha". O liberal "The New York Times" afirmou em editorial do dia 23 que "acredita que ele [Obama] tem a vontade e a capacidade de forjar um amplo consenso político, o que é essencial para encontrar soluções para os problemas deste país".


Mas estes apoios públicos puxam votos? Greg Mitchell acredita em uma influência, mas muito limitada . "Alguns estudos já sugeriram que 3% dos eleitores americanos escolhiam os candidatos seguindo a opinião dos jornais", diz. "Esse é um percentual imenso. Eu acredito que a influência seja muito menor". Outro editor da "Editor & Publisher", Mark Fitzgerald, disse duvidar que os apoios editoriais sejam capazes de mudar voto em nível presidencial, mas que têm sim peso nas eleições regionais.


Fitzgerald e Mitchell concordam também noutro ponto: a de que as preferências dos editoriais tendem a não "contaminar" o noticiário político. Ambos dizem que os grandes jornais conseguem separar opinião e reportagem. "Um bom exemplo é a visão direitista dos editoriais e das páginas de opinião do 'The Wall Street Journal' e a cobertura bastante crítica, e até mesmo dura, que seus repórteres fazem dos capitalistas". O jornal até agora não tomou partido nas eleições.


Mas a suposta distância entre editorialistas e repórteres não significa que o noticiário americano seja um marco de isenção. Uma análise feita pelo Pew Research Center sobre matérias veiculadas por 48 fontes de notícia entre setembro e outubro mostra que 57% dos textos sobre McCain tinham uma conotação negativa e 14%, positiva. Em relação a Obama, 36% das matérias tinham um caráter positivo e 29%, negativo.
Por aqui, a Globo torce e faz campanha para John McCain . Ontem, mostrou "como McCain pretende virar o jogo na última hora"

Também ontem no "New York Times". O "Wall Street Journal" dizia como, na reta final, Obama trabalha Estados historicamente republicanos e McCain prioriza Estados "ricos em votos eleitorais

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