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terça-feira, 16 de setembro de 2008

A prisão do segundo homem da PF, Romero Menezes

Vamos primeiro aos fatos.

1) Em 11 de julho (uma sexta-feira, na mesma semana da operação Satiagraha) a PF deflagrou a operação Toque de Midas, investigando fraude na licitação de concessão da Estrada de Ferro do Amapá para a MMX, mineradora do grupo de Eike Batista.

2) A operação cumpriu diversos mandatos de busca e apreensão, colhendo documentos que comprovassem suspeitas de crimes.

3) Na semana seguinte, Romero Menezes assumiu interinamente a direção-geral da PF, durante as férias de Luiz Fernando Correa, em plena tempestade provocada pela operação Satiagraha.

4) As provas colhidas na operação Toque de Midas pela PF, foram periciadas, guardadas, usadas e apresentadas ao Ministério Público Federal do Amapá, com Romero Menezes no comando da PF.

5) Estes documentos colhidos é que deram base ao pedido de prisão de Romero Menezes. Tudo aconteceu com Menezes ou na direção-geral ou como segundo homem na PF.

6) As suspeitas que recaem sobre o delegado são de corrupção, por suspeitas de:

- favorecer o irmão (também preso), dono de uma empresa de limpeza e conservação de ambientes que presta serviços à MMX.

- o Ministério Público suspeita que Menezes teria ligação com o vazamento de informações que causou a antecipação da Operação Toque de Midas.

- oferecer facilidades para fraudes em inscrição para curso de supervisor de segurança portuária;

- oferecer facilidades para credenciamento de instrutor de tiro sem análise prévia dos requisitos legais;

7) Romero Menezes solicitou afastamento do cargo, acolhido pela Direção-Geral da Polícia Federal. Além do MP, a Corregedoria Geral da Polícia Federal determinou a instauração de procedimento disciplinar para a apuração dos fatos.

8) Roberto Troncon Filho, diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado, substitui provisoriamente o colega na diretoria-executiva da PF.

O que dá para concluir até agora:

A PF trabalhou contra Menezes, sob comando de Menezes.

A PF como instituição teve uma atuação republicana e não houve como controlá-la politicamente como insinua o noticiário. Afinal nem o segundo homem na direção, consegue se proteger.

A notícia é um prato cheio para ser explorada politicamente conforme o gosto, em vários testes de hipóteses, inclusive contraditórios.

Agora deixo ao gosto do freguês qual exploração política que deseja fazer:

a) Alguns diriam que seria a confirmação de que o único policial honesto na PF é Protógenes Queiroz, e seus superiores seriam todos corruptos na Folha de pagamento de Dantas. PHA já faz isso hoje. Diz que Eike Batista é sócio de Dantas em um empreendimento, logo conclui que Menezes estaria a serviço de Dantas também ao estar a serviço de Eike.... mas ... omite que são concorrentes em outros negócios, como o caso dos portos, como mostrou a gravação da Satiagraha que colocava Dantas em campo oposto a Eike, em uma votação no Congresso na MP do Reporto, citando Katia Abreu como receptora de R$ 2 milhões para votar conforme queria Eike, contra Dantas.

b) Outros diriam que Romero Menezes é honesto e vítima de uma armação de Daniel Dantas. Porque Menezes foi um dos agentes da operação Chacal, que colocou Dantas no Banco dos Réus desde 2004, apreendeu os 5 HDs do Opportunity, também em 2004, que foram periciados somente em 2007 na operação Satiagraha (O STF foi quem acatou pedido da defesa de Dantas, e impediu a perícia por 3 anos).
Talvez PHA mande o leitor esquecer a opção "a" que escreveu hoje e publique essa segunda versão amanhã.

c) Menezes seria vítima de grupos na PF que disputam o poder.

d) Nenhuma das anteriores. Polícia é polícia, e vários outros policiais que se corromperam já foram presos. Só prova que a PF está cada vez menos politizada e sem espaço para corrupção.

e) Dê sua própria sugestão.

Só lembro que quem tem pressa come cru, e quem anda noticiando antes das apurar, tem dado barrigadas.

Em tempo: para evitar assassinato precipitado da honra das pessoas, é preciso lembrar que Menezes não está condenado, nem é réu, ele ainda é suspeito. Sua prisão temporária por 5 dias, é uma medida de cautela, como todas as prisões temporárias para investigação. Foi para evitar que ele interferisse nas investigações e destruísse provas, enquanto a própria PF cumpre mandatos de busca e apreensão em sua casa e outros endereços.

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