Pages

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Denúncia pode beneficiar Daniel Dantas




Paulo Lacerda é discreto e apontado como homem público sem manchas no currículo, Lacerda disse que o que está em jogo é a sua honra. Bem informado, suspeita que, nos bastidores, figuras próximas ao Presidente Lula, com notórias ligações com o banqueiro Daniel Dantas, conspiram para derrubá-lo. Aos interlocutores, afirma que não tem apego ao cargo...

Além de abrir mais um capítulo do embate entre o diretor da Abin, Paulo Lacerda, e a revista Veja, ou de provocar a crise gerada pela paranóia da espionagem, a suposta escuta clandestina no telefone do presidente do STF, Gilmar Mendes, recoloca no cenário a figura do banqueiro Daniel Dantas.

Suponhamos que fique provado que a agência oficial de informação do governo, que responde diretamente ao Presidente, envolveu-se em espionagem ilegal, a defesa do banqueiro encontrará argumentos para ligar a ação da Abin aos processos da Operação Satiagraha, que correm na Justiça Federal em São Paulo.

Dantas ainda teria munição para reforçar a tese que mais tem usado para se defender: a de que teria sofrido perseguição política do governo na guerra das teles. Até agora não surgiu, no entanto, indício que confirme o envolvimento da Abin em espionagem ilegal. Não há indícios de participação de autoridades ou funcionários públicos no grampo. "Não há nenhuma informação de que tenha havido uma ação de autoridade submetida ao Supremo Tribunal Federal", disse o procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza .

A transcrição do diálogo apresentado por Veja cabe em vários cenários de espionagem. Há duas semanas, ao depor na CPI do Grampo, na Câmara, Lacerda desafiou a revista a apresentar indícios de que a Abin tenha se envolvido em espionagem.

Seus agentes, segundo o delegado, prestaram auxílio à Satiagraha, mas não se envolveram em grampo porque seria ilegal. A reportagem deste fim de semana, amparada num suposto servidor da Abin protegido pelo anonimato, tenta contestar a afirmação de Paulo Lacerda.

O delegado tem evitado tratar do caso pela imprensa. A assessores mais próximos tem dito que levará a apuração da denúncia até o fim, mesmo que isso implique em escancarar um eventual envolvimento de servidores em ações clandestinas ­ que duvida.

Discreto e apontado como homem público sem manchas no currículo, Lacerda diz que o que está em jogo é a sua honra. Bem informado, suspeita que, nos bastidores, figuras próximas ao Presidente Lula, com notórias ligações com o banqueiro, conspiram para derrubá-lo. Aos interlocutores, afirma que não tem apego ao cargo.

Lacerda, que estava no Rio, voou para Brasília na noite de sábado. Ele viajaria com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Félix, para a Argentina. Com o caso, cancelou a viagem. Félix conversou com o Presidente Lula.

Em conversas reservadas, Lacerda disse que não faz sentido acreditar que servidores da Abin fariam as escutas ilegais. A lei não permite que a Abin faça monitoramento telefônico de qualquer espécie. Lacerda entende que o grampo colocaria em risco o emprego do agente e poderia contaminar a Operação Satiagraha, depois de anos de investigação.

- Só um estúpido faria uma coisa dessas - disse Lacerda a um interlocutor.

A imprensa se precocupa em dizer apenas que Gilmar Mendes foi "grampeado" (se é que foi). Os mesmos grampos foram feitos também nos telefones e de Dilma Rousseff (Casa Civil) e José Múcio Monteiro (Relações Institucionais).A imprensa não fala nisso

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração