Oposição quer duelar nas ruas

Se política fosse um ringue de boxe, a oposição estaria nas cordas. Ciente disso, ela procura um discurso capaz de reverter o cenário positivo para o governo.Segundo o jornal Correio Braziliense, em conversas, com o jornal o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não esconde a preocupação: é preciso encontrar rapidamente uma bandeira que tenha apelo na sociedade. Caso contrário, o favoritismo do PSDB registrado nas pesquisas presidenciais sobre 2010(Serra) pode naufragar quando o Presidente Lula escolher o candidato do Palácio do Planalto, disse o ex-presidente para o jornal.

Esta semana não tem sido nada boa para a oposição. Pesquisa CNT/Sensus divulgada na segunda-feira mostra que 57,5% da população aprovam o governo Lula, o maior índice desde o início da gestão petista, em 2003. Na quarta-feira, outro duro golpe atingiu os tucanos e o DEM: o Brasil passou a ser considerado um país seguro para investimentos estrangeiros. O título foi concedido pela Standard & Poor’s, agência de avaliação de risco. Os governistas soltaram fogos. A opsição, ficou ainda mais sem rumo.

Nos últimos meses, tucanos e democratas têm discutido uma forma de estancar essa trajetória. Sabem, por exemplo, que a principal saída é transferir para as ruas a oposição feita nos gabinetes dos caciques partidários. Analisando pesquisas internas, identificaram que o discurso de combater à corrupção do governo Lula não é a solução.

Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), a população quer eficiência administrativa. O que explica, segundo ele, a população vê bom desempenho dos governadores tucanos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais) nas pesquisas sobre a sucessão de Lula. “Falar em combater a corrupção não dá certo. Não é fator de desgaste para o presidente da República”, diz. “Precisamos estabelecer outra agenda que não seja a do governo.”

Erro estratégico

Para Fruet,é preciso, mostrar que o bom desempenho de Lula tem ligação com medidas tomadas por Fernando Henrique, muitas até consideradas antipáticas. “O PSDB perdeu o curso dos anos anteriores. Ficamos com vergonha do governo passado”, declara o tucano. “O tempo mostra que muito do que está ocorrendo foi por causa de medidas tomadas lá atrás.”

O DEM também aposta que o diálogo com as ruas é o ponto fundamental para combater o governo Lula. “Acho que a oposição não está fazendo isso na sua intensidade. É preciso estar nas ruas”, diz o líder do partido na Câmara, ACM Neto (BA). “E isso já está mudando, com o lançamento de candidatos em muitas cidades nas eleições municipais”, acrescenta. O deputado baiano também considera necessário mostrar que a política fiscal do governo de Fernando Henrique foi fundamental para a estabilidade econômica da atual administração federal.

“A memória dos brasileiros é de lembranças recentes. Temos que mostrar que esses resultados são frutos de decisões anteriores.” Neto ainda responsabiliza fatores externos pelo sucesso de Lula. “Muitas decisões de macroeconomia e política cambial são resultados da economia global.”

Leandro Colon - Correio Braziliense