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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Juros de empréstimo caem

Depois de apresentar duas altas consecutivas, os juros cobrados nos empréstimos para pessoas físicas caíram de 49% para 47,8% ao ano de fevereiro para março. Apesar da trégua, os analistas de mercado já apostam em elevação dos encargos nos próximos meses devido à hipótese de novos aumentos da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75% ao ano. Por enquanto, a prévia de abril (até o dia 15) ainda capta estabilidade. Movimento diferente foi verificado no cheque especial, cujo juro não parou de subir. Em março, atingiu a marca de 149,8% ao ano, o maior patamar desde setembro de 2003 (152,2% ao ano).

Ao divulgar o relatório sobre juros do Banco Central (BC), o chefe do Departamento Econômico (Depec), Altamir Lopes, recomendou cautela no uso do cheque especial. “É para ser usado em última instância. É uma taxa quase proibitiva”, frisou. O encarecimento dessa linha de crédito em março ocorreu porque o governo federal dobrou a alíquota do Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF) para compensar a perda de arrecadação provocada pela extinção da Contribuição Provisória da Movimentação Financeira (CPMF).

Lopes não acredita em movimentos expressivos nas taxas de juros bancárias em abril. Isso porque, a elevação de 0,5 ponto percentual da Selic, para 11,75%, já está incorporada aos custos dos bancos. As taxas nos mercados futuros, no entanto, mostram uma situação diferente. Eles continuam subindo, encarecendo a captação de recursos pelos bancos e tornando inevitável o repasse aos clientes. “Os juros devem subir um pouco mais para absorver as altas da Selic. Queda de taxa para o consumidor, provavelmente apenas em 2009”, afirmou o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira. “O custo do crédito deve sofrer altas adicionais, em razão do aperto da política monetária que elevará o custo de captação dos bancos, o que pode conter o crescimento do consumo das famílias nos próximos meses”, informou a análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Nos dois primeiros meses, segundo Lopes, está ocorrendo um ajuste. “A medida elevou o spread bancário (diferença entre a taxa que a instituição financeira paga para captar o recurso e a que cobra do cliente). Agora, os bancos estão fazendo uma sintonia fina”, explicou o chefe do Depec.

Crédito bombando

Em março, segundo números divulgados ontem pelo Banco Central (BC), o volume de crédito oferecido pelas instituições financeiras atingiu R$ 992,723 bilhões, o que correspondente a 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB) — maior valor desde janeiro de 1995 (36,8% do PIB). Segundo Lopes, a expansão foi generalizada. A expectativa do BC é de que a concessão de empréstimo chegue a 40% do PIB até o final do ano, o que é considerado factível pelos analistas de mercado. A economista-chefe do Banco Real, Zeina Latif, ressaltou, no entanto, que a liberação de crédito já está começando a perder a força. “O fluxo de concessões cresceu 13% em 2007 e neste ano deve ser a metade”, contou.

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