Assim fecharam as vendas de veículos em janeiro e fevereiro, com 395.500 unidades, superando todas as previsões da indústria automobilística. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo aponta o apetite dos consumidores, que mantiveram a capacidade de contrair dívidas.As vendas de automóveis e comerciais leves continuam surpreendendo a indústria automobilística. Nos dois primeiros meses de 2008 - até o dia 28 de fevereiro - foram emplacados no País 382.495 unidades - volume 34,2% superior aos 284.910 carros comercializados em janeiro e fevereiro de 2007. O número em fevereiro deve fechar num patamar ainda mais alto. Incluído o dia 29, o bimestre fechará com cerca de 395,5 mil carros vendidos - diariamente, são comercializados na média, 12,9 mil veículos. O crescimento nos dois primeiros meses do ano alcançará, então, 38,8%, sobre o mesmo período de 2007. O movimento forte de vendas não dá trégua. A procura continua aquecida e a fila de espera tem aumentado em todas as marcas e modelos. Apesar dos investimentos anunciados recentemente para aumentar a velocidade de produção em três turnos de trabalho, as montadoras não conseguem dar conta de atender o alto consumo.
A explosão de vendas de veículos no País envolve também compras de frotistas e locadoras de veículos que estão aproveitando o bom momento do mercado - com opções de pagamento em longo prazo - para renovar suas frotas.
O movimento vem sendo puxado pelos financiamentos, que respondem por mais de 70% das vendas. Os prazos estão cada vez mais longos, com a média dos novos empréstimos chegando a 45 meses. Nem o aumento de juros determinado pelo Banco Central afugenta os consumidores de carros novos. Na média, a taxa mensal de financiamento subiu para cerca de 2,2%.
Alguns analistas vêem nesta explosão de vendas um perigo de desequilíbrio do mercado. A começar pelos alongamentos do prazo dos empréstimos, já que o consumidor é levado, na maioria das vezes, de impulso à compra só pelo valor da prestação.
Sem avaliar o valor final do veículo, a depreciação, custos e cargas de impostos, muitos proprietários vão tomar um choque quando, antes de quitar o financiamento, tentarem trocar o veículo. ‘‘Vão se dar conta que perderam muito dinheiro, tem um carro sem valor e uma dívida pela frente", afirmou uma fonte do setor de revendas, que pediu para não ser identificado.
Outro lado que desequilibra o mercado, avaliam analistas, é a demanda maior que a oferta. Com isso, as montadoras aproveitam para praticar pequenos reajustes e não repassaram para o preço final do carro a queda de custos com o final do CPMF (Contribuição Provisória Sobre Transações Financeiras). A alegação é que o aumento do preço do aço inviabilizou a queda no valor final dos produtos.
Na última vez que a demanda foi maior que a oferta, durante o Plano Cruzado (1986), o Brasil teve problemas. Mesmo com a situação econômica completamente diferente de 20 anos, até o ágio voltou em alguns casos como naquela época, já que a indústria não está tendo a capacidade de atender a todos os pedidos imediatamente.
O que diferencia é que os fundamentos da economia estão mais equilibrados, o que impede uma inflação generalizada. Mesmo com fila de dois meses na média, não há risco de desabastecimento. Hoje as maiores montadoras podem compensar com importações, principalmente, de países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio. Com o dólar também baixo, os importadores vão ter condições de aumentar competição no mercado brasileiro. Um bom exemplo é o SUV Tucson (Hyundai), que mesmo trazido da Coréia do Sul, consegue desbancar modelos de sua categoria produzidos aqui. As montadoras que aproveitam o acordo de livre comércio não têm repassado também para o preço final dos veículos a variação do câmbio, o que também aumenta os ganhos dos fabricantes.
Outra faceta do crescimento da venda de carros é o agigantamento dos congestionamentos nas grandes cidades - anos e anos sem investimentos na infra-estrutura. São Paulo, cuja frota já atingiu 6 milhões de veículos, teve na última sexta-feira recorde de engarrafamento no período da tarde: 215 quilômetros. A maioria dos corredores de São Paulo tem três faixas, mas não conseguem escoar o trânsito.
A Fiat continua na liderança com 25% das vendas acumuladas de janeiro e fevereiro. A Volkswagen e a General Motors têm uma pequena diferença no ranking de emplacamentos, com 22,6% e 22,4% respectivamente. Com 9,2% a Ford é quarta colocada, seguida pela Honda que assume a quinta posição no mercado, com 4%, à frente da Renault que tem 3,8%. A Peugeot tem 3,2%, Citroën 2,4%, Toyota 2,3% e a Mitsubishi 1,2%.
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