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terça-feira, 4 de março de 2008

Proibição é retrocesso


Se o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar amanhã que a lei de biossegurança é inconstitucional, a ciência brasileira sofrerá um retrocesso. A opinião é do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que está preocupado com a interrupção das pesquisas com células-tronco embrionárias.

Temporão lembra que a aprovação da Lei de Biossegurança, em 2005, foi comemorada pela comunidade científica. “Os estudos prometem ser uma nova revolução da medicina”, diz o ministro. A maior expectativa é que esse tipo de pesquisa ajude no tratamento de doenças como o mal de parkinson, alzheimer e alguns tipos de câncer, além de dar esperança para aqueles que perderam o movimento de membros por causa de algum acidente. “A lei, portanto, possibilitou utilizar embriões congelados e que seriam descartados pelas clínicas e hospitais em favor da saúde das pessoas, da qualidade e longevidade da vida”, ressalta Temporão, no portal do Ministério da Saúde.
Ele explica que, ao contrário das demais, as células-tronco têm a capacidade de se modelar em diferentes tipos de tecidos. Aquelas que vêm dos embriões demonstram que são capazes de se transformar em qualquer um dos órgãos humanos. “Assim, poderíamos restaurar vasos sangüíneos e sistemas nervosos do corpo, entre outras aplicações. As pesquisas, no entanto, ainda são recentes, sendo o seu resultado esperado somente no médio prazo”, lembra.

Investimento
O ministro diz que o Brasil tem acompanhado de perto o movimento mundial nesse ramo da medicina e não tem ficado para trás. O governo federal investiu, desde 2004, R$ 24 milhões em estudos com células-tronco. Os primeiros resultados estão previstos para 2009. “Daí se pode perceber o longo tempo de maturação dessas aplicações. São pesquisas que têm o objetivo de trazer respostas para agravos como as lesões raqui-medular, diabetes e doenças genéticas”, relaciona.

Para Temporão, as células-tronco embrionárias são uma das maiores apostas de pesquisa em saúde. “Estamos dando passos para uma nova fase revolucionária da medicina. Os estudos com células-tronco ocorrem com embriões de animais há mais de 20 anos, sem maiores controvérsias. Quando isso partiu para pesquisa em embriões humanos, a polêmica começou. Os cientistas retiram células de embriões com menos de 14 dias de desenvolvimento. Ou seja, antes mesmo da formação do sistema nervoso”, argumenta.


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