O principal do discurso do presidente Lula, no complexo do Alemão, composto de 13 favelas, no Rio de Janeiro, a área mais conflagrada pela violência nos últimos tempos.
"...Oitenta por cento dos trabalhadores que vão trabalhar no PAC, 80% – você disse – serão daqui. O que você esqueceu é que 20% serão mulheres trabalhadoras do Complexo do Alemão. Isso é extremamente importante. O que vai ser feito aqui, Pezão, você me corrija, você que controla aqui. Serão 2.620 novas unidades habitacionais, e melhorias em mais 4 mil unidades. Serão duas escolas de ensino médio, com salas de aula, salas de informática, sala de múltiplos usos, laboratórios, biblioteca e auditório. Terá um centro de apoio psiquiátrico, para recuperar pessoas que sejam viciadas em drogas ou em álcool, pessoas que precisem de atendimento especializado. Terá um centro de referência para a juventude, para capacitação profissional, atividades culturais e esportivas, pré-vestibular, informática e auditório. Terá uma biblioteca pública com salas para oficinas de arte e videoteca. Terá um centro de atendimento jurídico, incluindo Juizado de Menores, Juizado de Pequenas Causas, Tribunal de Justiça e Defensoria Pública. Centro de serviços com posto policial, correios e salas para programas sociais, e até banheiros públicos vai ter aqui no Complexo do Alemão. Mais ainda, escola técnica para jovens de 15 a 17 anos; centro integrado de atenção à saúde; atendimento odontológico; Unidade de Pronto Atendimento (UPA); policlínica com diagnóstico por imagem, laboratório e centro cirúrgico. Terá uma escola de música, terá um centro de geração de renda, e vamos capacitar profissionalmente o pessoal, criando incubadoras e agências de crédito. Criação do PAC da Serra da Misericórdia, com reflorestamento de vegetação nativa, 1 milhão e 200 mil mudas, área de lazer e esportiva, implantação de um lago com 77 mil quadrados..."
"Esta obra não seria possível se não houvesse... se nós não tivéssemos arrumado o Brasil entre 2003 e 2006. E foi importante, Governador, que nós não anunciássemos o PAC antes das eleições de 2006 porque senão vocês iriam ler, em manchete de jornais, que nós estaríamos lançando um programa apenas com interesse eleitoral."
"...eu estou cansado, Sérgio [governador Sérgio Cabral], de ver o Rio de Janeiro aparecer nas primeiras páginas dos jornais e na televisão, todos os dias, como se o Rio simbolizasse violência, como se o Rio simbolizasse bala perdida, como se o Rio simbolizasse bandido e criminalidade, quando 99% deste povo é honesto, decente, trabalhador e quer viver condignamente."
"...a Dilma é uma espécie de mãe do PAC, é ela que cuida, é ela que acompanha, é ela que vai cobrar junto com o Márcio Fortes se as obras estão andando ou não estão andando. O Pezão [vice-governador do Rio e Secretário Estadual de Obras] é grandão, mas ele vai saber o que é ser cobrado pela Dilma: por que a obra atrasou, por que a obra não andou, por que a empresa parou,
por que atrasou?"
"O Complexo do Alemão, na década de 40, era uma fazenda ... Vejam o resultado do Milagre Brasileiro. Isso aqui foi ocupado mais massivamente nos anos 80, quando o Milagre Brasileiro não tinha sido, na verdade, um milagre brasileiro. O que resultou foi que milhares de chefes de família que, na medida em que a cidade do Rio ia progredindo lá para as bandas das praias boas,
os pobres eram afastados e iam procurando as encostas dos morros para morar."
"...desde 1940, se cada prefeito que passou de lá até agora, tivesse feito um pedacinho, a gente não teria que estar, hoje, anunciando uma coisa que poderia ter sido feita em 1950, em 1960, em 1970, em 1980, em 1990, em 2000. Eu sei que muita gente não gosta que eu fale assim, mas a verdade é que tem um monte de políticos no Brasil que só gosta de pobre no dia da eleição, porque é o dia em que o pobre é maioria, é o dia em que o pobre vale mais do que qualquer outro. Ninguém fala mal de pobre na televisão. Fala mal de banqueiro, fala mal de empresário, mas de pobre ninguém fala mal. Mas quando chega a época em que eles vão governar, eles preferem governar para os ricos que para os pobres, e os pobres vão ficando apinhados.
Essa não é uma coisa que eu estou dizendo, essa é a realidade do País. Se não fosse assim, não tem explicação ficar tantos anos permitindo que as pessoas se amontoem em cima de barracos, sem rua, repartindo espaço com tudo que é coisa ruim. E daí começa a surgir a criminalidade. Nós sabemos que o cidadão que já é bandido não tem que ser tratado com pétalas de rosas, mas
nós sabemos que a polícia, para entrar aqui, precisa saber que antes do bandido, tem mulheres, homens e crianças aqui, que querem viver condignamente. Por isso é que amanhã o governador estará com o Ministro da Justiça assinando um programa de formação da polícia do Rio de Janeiro."
"... tudo isso que está sendo feito é por uma única razão: o Brasil, definitivamente, se encontrou consigo mesmo. Vocês estão lembrados dos anos 80 e dos anos 90, em que a gente só falava da dívida externa. O Brasil, hoje, não tem nada com o FMI e não queremos o FMI dando palpite no Brasil, porque nós somos donos do nosso nariz. Pela primeira vez, em 500 anos de história, o Brasil não é devedor, o Brasil é credor. Nós temos mais reservas do que a dívida que nós temos hoje, pública e privada. Isso é motivo de orgulho porque significa a conquista de andar de cabeça erguida pelo mundo afora sem estar de cabeça baixa, como o Brasil andou durante muito tempo. E nós, depois de construirmos isso, temos autoridade política, temos dinheiro e temos moral para vir aqui e dizer para os moradores: essa obra começa na segunda-feira."
"Eu quero contribuir para mudar a imagem do Rio de Janeiro, contribuir para quando um pobre, seja branco ou negro, dos morros do Rio de Janeiro, descer para ir à praia de Copacabana, não inventem que ele está fazendo arrastão, não inventem que ele é bandido. Ele é um homem que tem direito a tomar banho na praia de Copacabana e em qualquer praia."
".. este País é de todos, nós governamos para todos. Agora, entre todos, nós temos que dar preferência para a parte mais pobre da população deste País, secularmente esquecida."
"...Fiquei emocionado porque nós estamos fazendo isso em todas as capitais do Brasil. Em todas as capitais do Brasil nós estamos investindo 40 bilhões de reais para cuidar dos pobres, sim. Tem gente que não gosta, tem gente que acha que eu deveria estar fazendo outra coisa."
[O PRESIDENTE DA EDUCAÇÃO]
"Quando nós criamos o ProUni e colocamos pobres da periferia na universidade, diziam: “O Lula está nivelando a educação por baixo”. Ou seja, os pobres vão baixar o nível das universidades. O que aconteceu, dois anos depois? Na pesquisa feita pelo MEC, em 14 áreas, os melhores alunos eram os pobres da periferia que estavam no ProUni."
"Agora, Reginaldo, estamos criando o Reuni. O Reuni é uma outra revolução. As universidades federais vão aumentar de 12 alunos, em média, por professor, para 18 alunos por professor. Isso significa que nós vamos colocar, até 2010, além dos 400 mil alunos do ProUni, mais 400 mil alunos nas escolas federais deste País. Além disso, Sérgio, você que me acompanha bem sabe, nós vamos inaugurar, até 2010, 214 escolas profissionalizantes no País, vamos inaugurar 10 universidades federais novas neste País, para que os governos que vierem depois de nós saibam que não tem retrocesso."
"... a nossa prioridade – e é importante ficar claro – é cuidar dos pobres deste País, para que eles possam conquistar a cidadania. É por isso que tem gente que critica o Bolsa Família, nós vamos continuar fazendo o Bolsa Família. Tem gente que critica o microcrédito, nós vamos continuar fazendo o microcrédito. Tem gente que critica o crédito consignado, nós vamos continuar fortalecendo o crédito consignado."
"Se além disso vocês puderem perceber que vai mudar a vida de vocês, porque muitos jovens que estão sem esperança hoje vão voltar a ter esperança. Vai ter escola para cuidar deles, vai ter assistente social para cuidar deles. Nós temos que acreditar que tanto o ser humano, como qualquer outro animal vivo do Planeta, a única chance que nós temos de não permitir que eles se tornem violentos, é tratá-los com muito carinho e com muito respeito, e ao mesmo tempo, dar esperança de futuro para essa gente."
"Eu quero, do fundo do coração, agradecer a vocês, agradecer a paciência por terem esperado tanto tempo para que a gente pudesse ouvir vocês e fazer aquilo que vocês há muito tempo reivindicam. Se depois de tudo isso, a gente diminuir as manchetes negativas no Rio de Janeiro... Tem coisa ruim? Nós sabemos que tem. Mas não é porque você encontra um grão de feijão estragado, que você vai jogar o prato de comida fora, não é. Não é porque fritou um bife e queimou a beirada dele, que a gente vai jogar o bife fora. Aqueles que, efetivamente, não prestam para viver com a gente, a gente faz como faz com a laranja podre, vai tirando do pé, mas vai fortalecendo e adubando as outras que estão boas. Eu quero que a imprensa brasileira e a imprensa do Rio de Janeiro um dia publiquem uma manchete: “ainda há esperança de o Rio de Janeiro voltar a ser, de fato e de direito, a cidade maravilhosa, com muita paz que todos nós almejamos”.
Muito obrigado e parabéns a todos vocês, e parabéns ao Governador, que sabe ser companheiro e sabe trabalhar em parceria. Um abraço."
-
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração