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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Revista lobista Veja e a Revista Época voltaram à carga contra Renan Calheiros

Este fim de semana a Revista lobista Veja e a Revista Época voltaram à carga contra Renan Calheiros.

A Revista Veja virou lobista (declarada) quando passou a fazer lobby nos corredores e gabinetes do Câmara, para arrancar de Deputados assinaturas que inviabilizem a CPI da TVA-Telefonica.

Ela já era lobista quando defendia interesses de grupos em suas páginas. Sejam de grupos políticos como dos demo-tucanos, seja de grupos econômicos, seja seus próprios interesses, como arrancar verbas publicitárias do governo federal ou "bons" negócios de sua editora didática com o Ministério da Educação.

O "novo" denuncista é o mesmo da semana passada, o advogado Bruno Miranda Ribeiro Brito Lins. Ao que consta, ele está pleiteando uma pensão alimentícia da ex-mulher Flávia Coelho em divórcio litigioso (isso mesmo, o marido está pedindo pensão à mulher, apesar de ser novo e aparentar gozar de boa saúde). Flávia Coelho é assessora do Senador Renan Calheiros.

Não vamos desqualificar a testemunha. Agora ele prestou depoimento à Polícia Federal e o que falou lá responderá perante a lei.

Mas como curiosidade, vamos entender como esse Bruno Lins foi parar na Polícia Federal. Ele fez sua denúncia no ano passado a um delegado da Polícia Civil do DF, João Kleiber Ésper.

Esse delegado foi promovido a diretor da Divisão Anti-Seqüestro da Polícia de Brasília, pelo governador José Roberto Arruda, dos Demos.

O delegado Ésper, está respondendo a uma sindicância da Corregedoria, porque segurou esse depoimento por 7 meses antes de encaminhar à Polícia Federal, pois como a denúncia envolvia autoridades federais, era sua obrigação encaminhar a PF.

A suspeita dessa demora é uma suposta tentativa de extorsão. O delegado Ésper e um amigo, o empresário Orlando Rodrigues da Cunha Filho, presidente da Hípica de Brasília, foram a um escritório de advocacia [a revista presta um desserviço ao leitor ao não informar qual o escritório e qual o vínculo com Renan] para tentar a extorsão. O delegado confirma (exceto a extorsão): “Estive lá com o Orlando, sim. Até falamos sobre o depoimento, mas não pedi dinheiro”.

E quem é Orlando Rodrigues da Cunha Filho? Em julho de 2005, ele foi preso enquanto caminhava no Park Way, acusado de estelionato. O delegado Mauro Vasconcelos, da 10ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, responsável pelo caso, apura a participação de Cunha Filho num esquema para tirar dinheiro de empresários com promessas de empréstimos. Os interessados pagavam taxas de abertura de crédito, mas o financiamento nunca saía. A denúncia partiu de duas empresas gaúchas, a Parks Sistemas Eletrônicos e a Editora Sagra-Luzzatto, que caíram no golpe em 2003. A estimativa é de que, nos últimos cinco anos, cerca de 300 pessoas foram vítimas da fraude em quatro capitais.

Isso tudo sugere que o plano original do Advogado Bruno Lins seria pressionar seu ex-sogro de olho na partilha de bens no divórcio. E há a suspeita de que delegado Ésper e Orlando Rodrigues da Cunha Filho tentaram extorquir esse mesmo ex-sogro, que tem vínculos com Renan Calheiros.

Nada disso deu certo. E o caso foi parar onde deveria ter ido desde o começo, para a Polícia Federal.

Agora, enrolado e apertado, as revistas dizem que Bruno Lins fez uma série de denúncias na PF envolvendo o Banco BMG e os empréstimos consignados, na época que o ministro da previdência era Amir Lando do PMDB, e o presidente do INSS era Carlos Bezerra também do PMDB, acusado de receberem suborno, assim como assessores de Renan.

Novamente, sem querer desqualificar as denúncias, mas fica a pergunta: Se o BMG estava envolvido era com esse grupo do PMDB, então aquela denúncia do dito "mensalão" era falsa? Um trabalho para o Procurador Geral da República decifrar.

Mas as revistas deveriam ter menos parcimônia, e arrolar no rol de suspeitas todos que tiveram envolvimento com o BMG. Afinal, se consideram o BMG um banco de corruptores, o banco já fez doações de campanha (oficiais) para diversos políticos de diversos partidos. Inclusive Aécio Neves, Marconi Perilo, e vários outros do PSDB.

Eu faço questão de acompanhar esse processo do BMG para ver onde vai dar. Tenho a impressão que vamos ver muitas surpresas ainda. Até porque a medida provisória que dizem ter beneficiado o BMG, na verdade retirou o monopólio dos grandes Bancos, pois só eles que pagavam os benefícios do INSS podiam oferecer empréstimo consignado aos aposentados. Como esses grandes bancos escondiam dos clientes essa linha de crédito para deixá-los "pendurados" no cheque especial ou CDC a juros muito mais altos, o governo Lula resolveu abrir aos demais bancos, de forma a aumentar a concorrência. Somente depois disso, o crédito consignado passou a ser oferecido a todos.

Outra denúncia é com relação à FUNASA. As revistas acusam o ex-deputado Paulo Lustosa, de ter sido nomeado por Renan para a presidência da FUNASA para desviar dinheiro.

Porém em março desse ano a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, determinou a apuração de denúncias sobre a criação da TV Funasa, cujos valores o TCU apontava superfaturamento. Paulo Lustosa, terminou por ser demitido do cargo em razão das ilegalidades apontadas em auditoria da própria fundação. A TV Funasa teve todos os pagamentos sustados, e o que foi liberado, os responsáveis estão sendo condenados pelo TCU a devolver aos cofres públicos.

Eu continuo achando que Renan deva ser investigado, como qualquer brasileiro, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, sem proteger, nem perseguir. E que só seja cassado com provas, e não com base em denúncias de revistas.

Cassação com base apenas em denúncias de revistas é uma atentado à democracia.

A Revista Veja e as Organizações Globo não tiveram voto nenhum, por isso não podem ter o poder de encostar a faca no pescoço de Senadores para cassar quem teve votos e foi eleito pelo povo (mesmo que a gente não goste do político eleito é preciso respeitar as urnas, inclusive Renan, que foi eleito em 2002 apoiando José Serra e não Lula).

Um Senador é eleito para ter sua atuação pautada por seus eleitores e pelo cumprimento da constituição, e não pautada por revistas. Senadores que temem e se curvam diante da imprensa, não são dignos de representar o povo. E revela um comportamento de refém da imprensa, com medo de terem suas vidas expostas no noticiário.

E continuo defendendo também que a imprensa deveria dispensar o mesmo tratamento que dá a Renan aos demais senadores. Eduardo Azeredo é tão Senador quanto Renan. Só porque é tucano, é poupado pelo imprensalão, por mais escabrosos que indiquem seus relacionamentos.

Quarta-feira, o Senado deve votar se Renan será cassado em definitivo ou não. Chega a ser surreal ver Senadores como Eduardo Azeredo, Flexa Ribeiro (PSDB-PA, preso na operação Pororoca), José Agripino e Tasso Jereissati (com seus empréstimos no BNB em causa própria) e muitos outros julgando Renan (ou qualquer outro) por quebra de decoro.

A maioria dos Senadores deve estar em um dilema. Por um lado temem enfrentar o poder da imprensa, pois devem temer pelo seu passado e presente. Por outro lado, se atendem a imprensa e cassam Renan, deve vir o troco. Renan, de réu, deve passar a ser informante, e vazar informações sobre coisas escabrosas de outros Senadores. Matéria prima farta não falta.

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