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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Policia de José Serra tem que se virar na informalidade para não ficar a pé

Mais uma do jeito tucano de governar a Segurança Pública.

Deu no Jornal da Tarde:

Policiais militares e civis reclamam que cada vez mais têm de recorrer a favores de oficinas particulares, desmanches e associações de bairro para manter os carros da frota em funcionamento.

Essa prática faz com que a manutenção da frota fique em dia, mas ao mesmo tempo deixa o policial em "dívida" com quem forneceu a peça e com quem fez o reparo do veículo.

O presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo, João Rebouças, reclamou dos veículos mal conservados. "Por exemplo, como o investigador vai poder perseguir um criminoso se, de repente, a viatura não tem freio? A população fica com receio quando falamos que vamos parar para fazer greve. Mas a polícia vai parar, de verdade, quando o policial deixar de correr atrás de peças para viatura e deixar somente nas mãos do governo", disse Rebouças. Ele, no entanto, também condena a prática de se recorrer a favores para colocar os carros policiais nos eixos.

Já o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, cabo Wilson Moraes, fica dividido quando o assunto é consertar os carros por um esquema paralelo. "Não tem como aprovar essa prática porque o policial perde sua dignidade ao bater de porta em porta. Mas se ele não faz isso, a viatura fica encostada no pátio, o policial fica a pé e a população, sem policiamento."

O cabo Wilson e Rebouças reconhecem que a polícia realiza parte da manutenção, mas acham que o processo é muito burocrático, o que leva o policial a procurar ajuda particular ou a própria comunidade se oferece.

A situação problemática é comprovada nas ruas e nas entrevistas feitas pela reportagem com policiais, que não se identificaram, por medo de represálias por parte de seus superiores.

A prática não atinge apenas os bairros da periferia, mas também a região central e os bairros de área nobre. "O policial tem que 'correr o chapéu' em toda a cidade. A coisa está institucionalizada na polícia", contou um investigador.

"É o que eu chamo de 'extorsão cívica'. O policial pede para a comunidade, que procura ajudar porque sabe que a situação da segurança pública é ruim e vai ficar pior se virar as costas", disse o deputado estadual Sérgio Olímpio Gomes, que atuou por 29 anos como oficial da Polícia Militar.

"A ordem do comando vem da seguinte forma: se vira e arruma a viatura ou vai para o patrulhamento (ostensivo) a pé", disse uma PM, da zona leste. Um policial militar da Força Tática (equipe de elite) da zona oeste contou que teve de pagar com cestas básicas os reparos do veículo a um mecânico particular. Como o policial não tinha dinheiro, foi até o mercado onde fazia bico e pediu para o dono. Mas quando recorreu ao comércio, teve de retribuir o favor "com segurança particular": tinha de passar na frente da loja quando o proprietário fechava as portas.

"O governo sabe que não dá para fazer cerimônia de entrega de peças (automotivas), como gosta de fazer quando entrega viaturas", disse o deputado. "E, por causa disso, o policial acaba de 'rabo preso' com comerciantes."

Quando a comunidade está esgotada e não consegue mais bancar os consertos, os policiais apelam para o "canibalismo" de veículos. "Se tem duas viaturas quebradas, então a gente arranca a peça de uma e coloca na outra. Se depender do governo, a viatura demora meses para voltar para as ruas", disse outro PM - que trabalha em uma das oficinas da Corporação.

Na Polícia Civil ocorre algo ainda pior. Os policiais contaram que, quando há necessidade, recorrem aos carros que são apreendidos e ficam nos pátios das delegacias e departamentos.

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