Termina hoje a mais danosa das legislaturas que os regimes políticos brasileiros enfrentaram. Houve de tudo que é mau. Deputados reduzindo salários de funcionários para auferir lucros financeiros. Legisladores aceitando gratificações mensais para obedecer a votações, e o país comprando ambulâncias não para atender ao povo, mas aos interesses dos vendilhões. Houve até renúncia ao mandato para evitar indiciamento nas dezenas de inquéritos que a Comissão de Ética abriu contra colegas. As exceções foram poucas. Rodou dinheiro por todos os lados em favor dos parlamentares. Termina, assim, uma legislatura sombria para a nossa casa de fazer leis. Pouca gente poderá aquilatar o mal que sufocou o país e a independência entre os Três Poderes. Lastimoso o comportamento de boa parte dos homens eleitos para representar o povo. Sabe-se que o Legislativo é o espelho do povo. E por aí se vê que maus somos nós a elegermos gente de tão pouca valia.Que diga quem votou em Clodovil, Paulo Maluf e etc... Mas está aberta a oportunidade. Que Deus oriente os novos deputados e senadores de maneira a traduzir a honorabilidade que sempre foi tradição do Poder. Difícil mudar da noite para o dia, mas alguém tem que dar o primeiro passo pela moralização do Legislativo.
A legislatura que chega ao fim registrou um triste recorde: teve o maior número de parlamentares respondendo a processos por corrupção - ou quebra de decoro, na linguagem deles. Foram 104 deputados e 3 senadores. O número de congressistas investigados ou processados é impressionante: 189 parlamentares. A divulgação e a repercussão ampla dos escândalos e a criação de serviços para denunciar corruptos não garantiram ao novo Congresso um perfil mais ético. Há pelo menos 60 parlamentares com pendências na Justiça Eleitoral - todos por abuso de poder econômico na campanha eleitoral. Mais de 70 são alvos de investigações ou respondem a processos na Justiça comum ou no Supremo Tribunal Federal. E 12 parlamentares acusados de envolvimento com o esquema do mensalão e a máfia dos sanguessugas foram reeleitos. "A rigor, o Congresso que assume é igual ao que acabou".
Os dados mostram que, de fato, não há porque pensar que o Congresso mudou. O índice de renovação da Câmara foi de 48%, mas, dos 244 deputados eleitos em 2006, apenas 44 nunca exerceram mandato ou ocuparam cargo público. Do ponto de vista partidário, a correlação de forças no Congresso também não mudou. Os partidos mais atingidos pelos escândalos do mensalão e da máfia dos sanguessugas - PTB, PR e PP -, foram os que perderam mais parlamentares. Mesmo assim, com o troca-troca partidário de começo de legislatura, as legendas já começam a ganhar corpo novamente. O PR (antigo PL), por exemplo, saiu das urnas com 14 deputados a menos, mas já conquistou dez novas filiações.
Helena
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