A liberdade de expressão na Internet venceu. Diante dos protestos e da repercussão nacional e internacional, a Justiça paulista reverteu ontem- terça feira- decisão tomada na véspera, que levara ao bloqueio do site You Tube para milhões de internautas brasileiros. A Justiça queria proibir o acesso a um vídeo mostrando uma modelo brasileira em cenas de sexo com seu namorado numa praia pública. A modelo disse que nada tem a ver com a medida e afirma que a responsabilidade pela ação é de seu namorado.O que convenhamos é mentira.
Assustada com a repercussão negativa, a modelo Daniela Cicarelli decidiu falar ao Jornal da Globo, sobre a proibição do acesso aos internautas brasileiros ao You Tube. Ela diz: “Não tenho nada a ver nem com esse pedido nem com essa decisão. Quem entrou com ação na Justiça foi o Renato (namorado da modelo) que é a outra parte envolvida no caso”, disse Cicarelli. Daniela diz preferir não julgar a atitude do namorado. “Ele está defendendo interesses dele como julga ser certo, não vou me intrometer nessa decisão dele”.
Depois de quase 24 horas de bloqueio, o You Tube voltou a ser acessado nesta terça. O desembargador Ênio Zuliani voltou atrás na decisão que tinha tomado na semana passada, mas conseguiu ver um lado positivo no incidente – que teria servido para confirmar que a Justiça pode determinar medidas restritivas, com sucesso, contra empresas que desrespeitarem decisões judiciais. Segundo Zuliani, “impedir a divulgação de notícias falsas, injuriosas ou difamatórias não constitui censura judicial”.
Para Augusto Cini, advogado da comissão de informática da OAB-SP, houve censura. “Cercear cinco milhões de usuários brasileiros de acessar um site importante, interessante, como é o You Tube, não é propriamente um sucesso, não é?”, ironizou. “Na minha opinião, ele produziu uma censura, inclusive se a decisão tinha essa intenção ou não”.
A natureza da rede
Faz parte da essência da Internet driblar qualquer tipo de censura. A rede mundial, segundo os especialistas, interpreta qualquer restrição como um problema que precisa ser contornado. Quando uma porta é fechada, ela automaticamente busca caminhos alternativos para garantir que a informação seja transmitida – e os próprios internautas se encarregam de perpetuar o conteúdo que está na rede.
“Essa é uma maldição da rede, Pode ser uma benção, mas também uma maldição. Uma vez na rede, se aquilo fizer sucesso, isso vai replicado em N lugares, vai ser copiado em N lugares. Estando ele certo ou errado, vai ser muito difícil ser removido da rede num tempo curto”, Internautas divulgaram receitas de como burlar o bloqueio, como eu mostrei aqui ontem. Hoje, quando alguém digita o nome de um site, a informação é convertida em número – uma espécie de identidade da página eletrônica. Equipamentos de cinco empresas que atuam no Brasil fazem a conexão com o site no exterior, por cabos submarinos e satélites, e a informação é transmitida de volta para o internauta. Com o bloqueio determinado pela Justiça, filtros foram instalados para barrar a entrada e a saída de informações.
Os internautas começaram então a usar proxies, servidores no exterior que fazem uma conexão indireta entre o You Tube e computadores brasileiros. “Não há como eliminar facilmente algo na rede que teve, digamos, popularidade”, reafirma Getschko, do comitê de Internet.
Aquela que ficou popular, a protagonista do vídeo, Daniela Cicarelli que provocou toda a confusão lamenta o episódio, mas acha que não é o caso de pedir desculpas. “Eu não tenho culpa. Eu não posso pedir desculpa por uma coisa que eu não tenho culpa”, disse Cicarelli.
Helena
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