Pages

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Eu vi e ouvi


Vejam que belo exemplo. Uma senhora viaja pela primeira vez de São Paulo para Goiânia. Nunca tinha entrado em um avião, assim como muitas donas de casa que vivem nas periferias do País. Vai de um lado para o outro, nervosa. Enfim, uma aeromoça pergunta se ela quer ajuda. Bilhete na mão, sorriso desconcertado. A mulher senta, se acomoda.

Atrás dela uma outra senhora,nobreza decadente ou a emergente burguesia, mesma idade, anéis e roupas vistas em calendários da famosa Daslu, “paraíso” de meia dúzia de brasileiros. A “dama” revira os olhos, respira fundo e expira pela boca, como se a outra, logo à frente, fosse um bafo de esgoto. Resmunga a frase que daria início a uma das situações de preconceitos mais duras, a que revela o abismo entre duas pessoas que vivem sob o mesmo céu.

“Esse povo do interior... A “dama” não precisou dizer mais nada. Exalou o apartheid brasileiro. Nitroglicerina a 10 mil metros de altura. Cabisbaixa a senhora “humilde do interior” ouviu e detonou a cena: “Sou daqui mesmo, e se a senhora está incomodada deveria viajar num avião mais caro, porque esse aqui é pra quem pode pagar R$ 650,00 em 12 vezes”. Creio eu, que a dama pensou: Tenho “orgulho” da minha nação, de ser brasileira. Nesta hora foram-se os anéis, ficaram os dedos.

Helena

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração