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domingo, 24 de setembro de 2006

Lula segurou o tranco da crise


Os números do Datafolha divulgados hoje sugerem que o cacife eleitoral de Lula não foi seriamente afetado pela crise do dossiê, que já dura mais de uma semana. No máximo, pode-se dizer que ele sofreu um arranhão superficial. Como o trabalho de campo foi fechado ontem no final do dia, a pesquisa colheu plenamente o impacto de todo o episódio.

Lula tem 49% das intenções de voto, um a menos que na pesquisa anterior; Alckmin cresceu 2%, passando de 29% para 31; Heloisa Helena perdeu dois pontos, caindo de 9% para 7%; Cristovam manteve o mesmo índice anterior (2%) e Ana Maria Rangel, que não havia pontuado antes, alcançou 1%.

Resultado: a diferença de Lula para todos os outros candidatos somados, antes de dez pontos, declinou para oito. Mesmo assim, se as eleições fossem hoje, Lula continuaria ganhando com folga a eleição no primeiro turno. No universo dos votos válidos, descontados nulos, brancos e indecisos, ele venceria pelo placar de 55% a 45%.

Alckmin tem o que comemorar. Pela terceira vez seguida, cresceu na pesquisa do Datafolha. Mas seus motivos para comemorar são limitados. Porque não cresceu derrubando Lula. Mais uma vez, sua ascensão deu-se às expensas de outros adversários do presidente – no caso, de Heloísa Helena, que sofreu uma queda forte nos últimos dias, de 9% para 7% . Essa queda, aliás, já havia sido captada no Vox Populi desta semana, que atribuiu à senadora 6% das intenções de voto, contra 9% da sondagem anterior. O que parece estar ocorrendo é uma concentração do eleitorado anti-Lula em torno de Alckmin, e não o um crescimento expressivo do número de eleitores desejosos de impedir a reeleição do presidente.

E como o desafio de Alckmin não é apenas crescer, mas crescer tomando fatias importantes do eleitorado de Lula, a situação permaneceu relativamente inalterada. É verdade que Lula perdeu um ponto, mas não se pode dizer que essa oscilação, dentro da margem de erro da pesquisa, seja significativa. O presidente segue num patamar tão elevado que a eleição continua se decidindo no primeiro turno. Para que haja segundo turno, é preciso que Lula despenque para abaixo de 45% das intenções de voto e que seus adversários somados ultrapassem essa marca. Vale lembrar que desde o início da propaganda na TV, em meados de agosto, Lula não teve menos do que 47% dos votos na série de pesquisas do Datafolha.

Resumo da ópera: a oito dias das eleições, Lula parece ter segurado o tranco da crise do dossiê. Pode dormir tranqüilo? Não. Eleição é eleição, e tudo pode acontecer. Mas, uma semana depois da denúncia, dá para afirmar que o quadro eleitoral não virou de pernas do ar. Em linhas gerais, segue como estava.

Já a temperatura política tende a se elevar ainda mais daqui para frente. Não resta a Alckmin e seus aliados outra saída senão partirem para o tudo ou nada. E, pelo discurso de Lula de ontem, ficou claro que as forças agrupadas em torno dele não assistirão passivamente à escalada da oposição.

Vamos torcer para que, com o confronto, a campanha não saia dos trilhos.A semana será de pura adrenalina e muita tensão.

Franklin Martins

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