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terça-feira, 4 de julho de 2006

Inflação de Primeiro Mundo


A menos que um processo inesperado de remarcações surpreenda a todos no meio do caminho, tudo indica que os índices de preços do país fecharão este ano dentro da média do planeta ou mesmo abaixo dela, dependendo da taxa a ser considerada. Pelas contas dos cem analistas consultados semanalmente pelo Banco Central, por meio da pesquisa Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — usado como referência para o sistema de metas inflacionárias do governo — chegará em dezembro acumulando alta de 3,98%. É a primeira vez, desde que o BC começou a divulgar as previsões de inflação para 2006, que as apostas para o IPCA ficam abaixo de 4%. Na projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o mundo terá neste ano inflação média de 3,8%.

“O Brasil vive um ciclo bastante favorável quando se olha para a inflação, reflexo do longo período de aperto monetário (juros altos) promovido pelo Banco Central”, afirma o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles. Segundo ele, no acumulado de 12 meses terminados em maio, o IPCA subiu 4,23% e a inflação americana bateu em 4,30%. “Como a inflação do mês passado foi negativa no país — entre 0,10% e 0,20% —, o IPCA dos 12 meses encerrados em junho ficou ainda menor: 4,10%”, ressalta.

Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco BES Investimento, chama a atenção para outra comparação. “Se a nossa referência para medir o ritmo de alta de preços no Brasil for o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), podemos dizer que estamos com inflação de primeiro mundo, com taxa menor até que a da Zona do Euro”, destaca. Nos 12 meses terminados em junho, o IPC-S subiu 1,86%. Na média dos países europeus, a inflação de 12 meses até maio foi de 2,52%. “Depois de analisar esses números, é possível dizer que, finalmente, a inflação brasileira está convergindo para os patamares mundiais”, afirma.

Juros menores

Na avaliação de Ricardo Amorim, chefe, em Nova York, do Departamento de Pesquisas para a América Latina do Banco WestLB, o processo de desinflação do Brasil não só facilita um corte 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic) na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), como abre espaço para novas reduções nos encontros seguintes.

Ontem, a FGV informou que o IPC-S de junho registrou deflação de 0,40%, a menor taxa desde agosto de 2005. No acumulado do segundo trimestre, o IPC-S cravou queda de 0,25%, taxa sem precedentes para o mesmo período nos últimos dois anos. Segundo André Braz, coordenador do IPC-S, o índice foi empurrado ladeira abaixo pelos preços dos alimentos e do álcool combustível. Dos 21 itens analisados na cesta de alimentos, 19 apontaram redução de preços (cenoura, tomate, batata, laranja e alface, principalmente). O álcool ficou 6,54% mais barato em junho.


Helena

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