No auge da crise política, quando o presidente Lula via a popularidade despencando e perdeu seu principal auxiliar no PT e no governo, o deputado cassado José Dirceu, o apoio chegava pelos Correios – exatamente estopim das denúncias de corrupção envolvendo petistas e aliados.
Nos primeiros meses de governo, eram 9 mil cartas em média, por mês, endereçadas a Lula. Agora são 3 mil – número elevado no histórico recente da Presidência. No último ano do segundo mandato, o tucano Fernando Henrique recebia 1.200 cartas mensais.
De Salvador, um eleitor escreve para “meu caro amigo Lula” e desabafa que o governo se transformou num “mar de denúncias” e cobra as mudanças que levaram o PT à vitória em 2002: “Coloque-se também no lugar dos milhões que querem acabar com esse mar de lama, que confiaram esse mandato a você e que agora, perplexos, assistem diariamente aos depoimentos nas comissões parlamentares, às denúncias de compra de apoio político, de malas abarrotadas que irrigam as veias da corrupção”.
O eleitor afasta do presidente a responsabilidade pela corrupção e termina dizendo que se o presidente perder o cargo, seria até melhor para ele, eleitor: “Voltaríamos a bater aquele nosso papo gostoso, fazer nossa farrinha.” Essa carta mereceu resposta assinada pelo próprio Lula. Depois de agradecer o apoio, o presidente afirma que o governo vai se manter firme na luta contra a corrupção.
Além das manifestações de apoio, chega de tudo no protocolo do Planalto: pedidos de bolsa de estudos, de emprego, de casa e até de vestido de noiva. De Dom Pedrito, na fronteira do Rio Grande com o Uruguai, uma dona de casa revela não ter votado em Lula, mas diz que sonhou com mudanças quando ele assumiu.
Toda correspondência pessoal de Lula é catalogada e respondida pela equipe da Diretoria de Documentação Histórica, vinculada ao gabinete de Lula. No final do mandato, o acervo fica com o presidente, mediante o compromisso de abri-lo ao público. É comum o envio de presentes como chocolate e goiabada cascão, além de fotos e artesanato. Tudo é catalogado e respondido. Parte dos bonés e das camisetas que o presidente ganha em audiências no Planalto ou nas viagens pelo Brasil está catalogada e guardada no depósito da Documentação Histórica.
Helena





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