A quatro meses do 1º turno, a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição ganhou ontem um poderoso combustível. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre do ano o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu 1,4% sobre os três últimos meses do ano passado. Neste tipo de comparação, foi o melhor desempenho dos últimos seis trimestres. Quando comparado ao mesmo período de 2005, o crescimento da economia foi de 3,4%. Anualizada, a taxa bate em robustos 5,7%.
O desempenho, na avaliação de economistas, projeta um comportamento semelhante no segundo trimestre. Como a divulgação do PIB só ocorre dois meses após o fechamento do período, antes das eleições serão conhecidos apenas os dados do primeiro semestre do ano. Com isso, mesmo que o ritmo diminua a partir de meados do ano, o bom comportamento da economia será a carta na manga para tirar o foco da campanha presidencial das denúncias de corrupção e direcioná-lo para o crescimento do país. “Contra os fatos, não há argumentos. Se o Lula conseguir emplacar a conjuntura econômica durante a campanha eleitoral, quase certamente estará reeleito”, afirma o cientista político Rogério Schmitt, da consultoria Tendências.
O desempenho da economia nestes três primeiros meses do ano foi baseado na expansão da indústria (alta de 5,0% sobre o mesmo período do ano passado), da demanda interna (o consumo das famílias se expande há um ano) e dos investimentos — elevação de 9%, o maior crescimento dos investimentos desde o último trimestre de 2004. “O principal destaque foram os investimentos”, afirma o economista Estêvão Kopschitz, do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (leia mais na página 18).
Para o economista Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o 1,4% de crescimento sobre o último trimestre do ano passado é um excelente resultado. “Está havendo uma recuperação gradativa, sem explosão de consumo e riscos de inflação. A economia brasileira vai ganhando sustentação. Estamos com uma taxa compatível com algo entre 3,5% e 4% para o ano”, avalia. O próprio Ipea, que no início do ano projetou uma expansão de 3,4% em 2006, promete rever sua estimativa para cima já na próxima semana.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, acredita que a economia crescerá 4% este ano. No entanto, avalia, esse ritmo poderia ser ainda maior se houvesse redução da carga tributária e dos gastos públicos. “Enquanto o Brasil tiver uma carga tributária tão elevada, não vamos poder crescer na média dos países asiáticos, de 7% a 8%”, afirmou.
Consumo
Na avaliação do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, a demanda doméstica vai impulsionar o PIB este ano. No primeiro trimestre, o consumo das famílias, que responde por 55% do Produto, cresceu 0,5% sobre o último trimestre de 2004. Foi a quarta alta consecutiva neste tipo de comparação. Sobre igual período do ano passado, a expansão foi de 4%. “No segundo trimestre, com a queda da inflação e o aumento do salário mínimo, o consumo vai crescer ainda mais”, aposta o economista, que prevê para o período abril-junho um desempenho superior a 1%.
Selic não atrapalhou
O resultado do PIB divulgado ontem pelo IBGE mostra que a política macroeconômica conduzida pelo Banco Central (BC) está dando certo, apesar de toda a gritaria do setor produtivo contra o lento processo de redução da taxa básica de juros. A opinião é do economista e ex-diretor doBC Carlos Eduardo de Freitas. “Os números mostram, em primeiro lugar, que os juros não atrapalham em nada o crescimento da economia”, defende.
Para o economista, a maior virtude da política de juros é permitir o desenvolvimento sem inflação. “Estamos vivendo um crescimento expressivo com a inflação sobre controle. Fora os riscos externos, está tudo azul na economia brasileira.” O ex-diretor do BC ressalta que os resultados são fruto da política econômica iniciada pelo ex-presidente Fernando Henrique em seu segundo mandato e mantida por Lula a partir de 2003. “Apesar das críticas extremamente ácidas, essa política econômica abriu caminho para esse crescimento robusto.”
Helena
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