Brasil recompra mais de US$ 6 bi em títulos da moratória
Numa operação histórica, o governo brasileiro vai recomprar amanhã antecipadamente todos os títulos da dívida externa que ainda restam no mercado internacional com a marca da moratória brasileira da década de 80, os chamados bradies. Emitidos no processo de reestruturação da dívida externa de 1994, os bradies tinham vencimentos até 2024. Com a operação, o governo faz uma "faxina" na dívida e abre caminho para o País receber o chamado "grau de investimento", o selo de recomendação aos investidores concedido pelas agências de classificação de risco.
O saldo remanescente dos bradies nas mãos dos investidores é de US$ 6,64 bilhões (posição de 31 de janeiro). Os recursos para a recompra sairão das reservas internacionais. Mas como a operação de resgate vai liberar um total de US$ 1,5 bilhão de garantias (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) dadas pelo governo brasileiro, a necessidade de utilização das reservas internacionais será menor.
Os bradies têm uma cláusula que permite ao Tesouro Nacional a recompra antecipada nas datas de pagamento de juros a cada ano, em 15 de abril e 15 de outubro, por 100% do valor de face. Como o dia 15 caiu no sábado e hoje o feriado da Páscoa continua em vários países do mundo, a operação será concluída somente amanhã.
O anúncio da recompra foi feito em fevereiro passado. Na data do anúncio e nos dias seguintes, o risco país despencou caindo para níveis históricos. O resgate antecipado dos bradies vai economizar cerca de US$ 345 milhões referentes à despesa com juros. A operação faz parte de um programa do Tesouro Nacional iniciado em janeiro deste ano de recompra de títulos da dívida com vencimento até 2010, no qual os bradies foram incluídos. O programa pretende melhorar o perfil da dívida para o Brasil receber mais rápido o "grau de investimento".
No ano passado, o Tesouro já havia retirado do mercado o C-bond, um dos bradies que chegou a ser o mais famoso e negociado título da dívida externa do Brasil. A expectativa do Tesouro é de que a retirada dos bradies do mercado trará um impacto positivo também nas emissões das empresas brasileiras no exterior.
Helena
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