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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Serra e FHC, lado a lado, comemoram 40 anos de financiamento da CIA


José Serra (PSDB/SP) ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assistiram à exibição do DVD "Retrato de Grupo", dirigido por Henri Arraes Gervaiseau, sobre a geração de intelectuais que criou o Cebrap.

A imprensa esconde, e só dá em pequenas notinhas, mas a gente mostra.

No mesmo evento,  terça-feira (24) à noite, no Sesc Vila Mariana, lançou-se um livro comemorativo dos 40 anos do CEBRAP, ONG de intelectuais, do qual FHC foi fundador, financiado indiretamente pela CIA, através da Fundação Ford.

José Serra também integrou a ONG, alguns anos mais tarde.

Guerra fria cultural para conquistar intelectuais, como FHC, para a lado estadunidense



O livro "Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura." da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), demonstra nas 550 páginas documentadas minuciosamente, como a CIA (Serviço Secreto dos EUA) tinha linhas de financiamento para Fundações, como a Ford, financiar intelectuais simpáticos aos EUA, como FHC.

"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap".

Observação: 145 mil dólares em 1969 equivalia a 850 mil dólares hoje, nos EUA, devido à inflação de lá.

Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.

Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro de 1968, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos.

Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.

Acima da linha do equador, o ultra-conservador e anti-comunista ferrenho Richard Nixon tomava posse na presidencia dos EUA, e dava sustentação à ditaduras aliadas. Se atolava no Vietnã dentro da geopolítica de conter o avanço comunista no leste asiático.

E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

O livro "Quem pagou a conta?" esclarece:

.. As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).

"O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152).

"A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta [pró-EUA] na guerra fria" (pág. 443).

"A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).

"A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45).
Fernando Henrique foi facinho.

O Blog já publicou essa história desde fevereiro de 2008, aqui, aqui, aqui e aqui.

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