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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fórum Social começa sem queima da bandeira americana


Na abertura, pela primeira vez sem o ‘fora Bush’, houve gritos a favor de Lula


Choveu forte ontem à tarde em Belém. Mas isso não impediu a tradicional marcha de abertura do Fórum Social Mundial, a maior feira de ideias alternativas do planeta. Mesmo encharcados, os milhares de participantes, a maioria deles jovens, cruzaram a Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade, com seus gritos de guerra contra a destruição do meio ambiente, as grandes corporações transnacionais, o capitalismo predatório; e a favor da inclusão social, da solidariedade, do povo palestino, dos índios da Amazônia e outras causas. Também houve gritos contra o Presidente Lula, saídos de grupos do PSTU, e que foram abafados com gritos a favor, no grupo do PT e outras milhares de simpatizantes.


A maior novidade foi a ausência do tradicional “fora Bush” e da bandeira americana queimada. Um garoto que desfilou enrolado na bandeira do povo que elegeu o democrata Barack Obama nem chegou a ser vaiado. Em vários momentos da marcha, que parou o centro da capital paraense, a crise econômica mundial foi lembrada em gritos, discursos, faixas. A trombada do sistema financeiro é vista por muitos participantes como a confirmação das teses que defendem, sobre a necessidade de mudanças de rota na economia mundial. “A crise não é surpresa. Faz parte da lógica deste sistema predatório”, disse, o francês Remy Querbouep, da organização não-governamental Les Alternatifs ao jornal O Estado de São Paulo.

Segundo a policia militar, 70 mil pessoas foram à marcha. Para os debates, que começam hoje e vão até domingo, o total de inscritos deve chegar a 100 mil. Eles terão à disposição 2.400 eventos, entre seminários, debates, mesas-redondas, conferências, atos e manifestações. Na área cultural estão previstas 200 manifestações.

Ontem pela manhã, índios brasileiros, bolivianos e peruanos fizeram uma marcha pela área do campus da Universidade Federal Rural da Amazônia e depois se organizaram em filas, para escrever no chão o apelo SOS Amazônia - que só podia ser visto do alto e foi fotografado de helicóptero por representantes de ONGs ambientalistas.

À tarde eles participaram de uma espécie de ritual religioso, ao lado de representantes do continente africano. Foi uma transferência simbólica do comando do fórum - que havia sido realizado pela última vez no Quênia - para os brasileiros.

Debates

Ontem foi a festa. Hoje começam os debates. Para o professor e escritor Hamilton Faria, integrante do Instituto Pólis e da coordenação da Articulación Latinoamericana Cultura y Política, não se deve esperar grandes definições. “O fórum, que já perdeu muito de sua energia inicial, deve revelar sobretudo a perplexidade de um mundo antagônico, que destrói a natureza”, afirmou. “Não deve, porém, resultar em propostas claras de mudanças.”

Na opinião do empresário Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos e um dos idealizadores do fórum, o encontro pode ser muito rico. “Na tentativa de salvar o sistema financeiro, os governantes mostraram a existência de trilhões de dólares, que sempre disseram que não existiam, quando exigíamos mais dinheiro para a educação, a saúde, o combate à miséria.”


Leia também:Em discurso "político", Dilma exalta inclusão social no governo

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