Os resultados da produção industrial, divulgados ontem pelo IBGE, e a Sondagem Industrial, divulgada um dia antes pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), parecem justificar a decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar em 0,75 ponto porcentual a taxa Selic. De fato, os dados do IBGE mostram um crescimento da produção industrial de 2,7% na margem, isto é, em relação ao mês anterior, enquanto a Sondagem da CNI indica que os empresários industriais acreditam em crescimento adicional da demanda nos próximos meses.
O crescimento de 2,7% em junho poderia se explicar pelo baixo desempenho de maio (-0,5%) em razão da greve dos fiscais, mas o resultado do semestre (6,3%) indica que essa evolução muito favorável da indústria não é pontual. Por categoria de uso, os dados de produção são ainda mais significativos em junho: o aumento ocorre em todas as categorias, com destaque para bens de capital (7,7%) e bens de consumo duráveis (7,0%). No primeiro caso, a indicação é que a indústria continua investindo - os bens para fins industriais acusando crescimento de 9%. No caso dos bens de consumo duráveis, registra-se um aumento, em junho, de 23,1% para veículos automotores e de 36,5% para outros equipamentos de transporte.
O índice de difusão mostrou que 60% das atividades pesquisadas apresentaram expansão, e nove setores registraram recordes de produção. Os setores com desempenho ruim continuam sendo os que encontram grandes dificuldades de exportação (calçados, vestuários, móveis) por causa da taxa cambial.
A decisão do Copom de 23 de julho deverá se traduzir em alta da taxa dos juros e poderá afetar a propensão para consumir. Aliás, já em junho se registrava um aumento dos juros para as pessoas físicas e um crescimento menor da demanda de crédito das famílias. Isso pode explicar o aumento dos estoques, constatado pela Sondagem da CNI, o que levaria as empresas a reduzir seus programas de produção e de investimentos que aumentam a capacidade de produção, mas não a produtividade. (Estadão)
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