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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ingrid Bittencourt em 2002 seria mais uma nacionalista sul-americana

Recebemos a visita de comentaristas de extema direita aqui no blog, acreditando que a libertação de Ingrid Bittencourt causa tristeza em nós ou em gente do governo. Está muito enganado. O fato apenas pertence ao noticiário internacional amplo, que foge à temática principal do blog. Assim com existe as FARCs existem outros grupos armados mundo afora, como os zapatistas (EZLN) no México, ETA na Espanha, os diversos grupos Palestinos,e um sem número de outros, e não são assuntos do blog.

Para os desavisados visitantes de extrema-direita, entenda o perfil de Ingrid Bittencout:

- Ela foi sequestrada em fevereiro de 2002, quando era candidata a Presidente da República contra Uribe.

- FHC era presidente do Brasil, e não houve essa comoção toda aqui. Depois de 4 ou 5 anos aprisionada, o PIG "descobriu" ela, e resolveu colocá-la na agenda dos "maiores problemas nacionais brasileiros", como pretexto para posicionarem-se a favor de governos conservadores como Uribe, na América do Sul.

- O PIG inventou em suas páginas uma guerra fria na América do Sul, a partir da polarização entre Venezuela e Colômbia, e quer exportá-la para todo o subcontinente, com o objetivo de derrubar governos populares e progressistas, incluindo o governo Lula.

- O partido de Bittencourt era o Partido do Oxigênio Verde, de centro-esquerda e com bandeiras ecológicas. Ela estaria muito mais sintonizada aos projetos de Lula, Kirchner, Chavez, Vasquez, Evo, ao contrário de Uribe.

- Bittencourt renunciou ao mandato de Senadora em 2001 chamando o Congresso de "ninho de ratos", e sua plataforma presidencial era uma reforma política que revogasse o Congresso (proposta mais radical do que fizeram Chavez, Rafael Correa e Evo Morales), e defendia uma solução negociada com as FARCs, ao contrário de Uribe que defendia dizimar as FARCs.

- Ela foi raptada justamente porque, durante a campanha presidencial de 2002, resolver fazer campanha em um território controlado pelas FARCs. Provavelmente queria já construir pontes para negociação. É provável que estas atitudes radicais das FARCs tenham sido erro, até tático, pois acabaram por fortalecer a candidatura de Uribe em 2002.

- Bittencourt era mais ligada à centro-esquerda européia do que aos falcões conservadores dos EUA, que dão suporte à Uribe.

- Bittencourt, retorna à cena política colombiana, com a imagem de mártir. Caso ela não tenha mudado suas posições políticas, é a principal ameaça ao projeto de perpetuação no poder de Uribe, e do projeto de anexação da Colômbia pelos EUA.

Ao contrário dos urubus de extrema-direita, que ficam exultantes com cadáveres (sejam de guerrilheiros, sejam de militares, sejam de vítimas de acidentes aéreos), todo mundo aqui deseja a volta para casa de outra centena de aprisionados pelas FARC's, e que disto resulte um processo de pacificação na Colômbia.

O que não é razoável querer é um genocídio de dezenas de milhares de colombianos das FARCs, que eram excluídos, perseguidos e assassinados na Colômbia, e só encontraram o caminho da rebelião armada para poderem se organizar politicamente. Tal genocídio deixaria na Colômbia as mesmas feridas que existem no Oriente Médio. Melhor um processo honesto de paz e anistia.

A posição do presidente Lula sempre foi de desejar solução política para a guerra civil colombiana, para acabar com o derramamento de sangue. Lula sempre defendeu que o melhor caminho para as FARCs seria tornar-se um partido político e disputar eleições, como ele mesmo fez no Brasil.

Lamentavelmente, da última vez que as FARCs tentaram esse caminho, não houve honestidade do outro lado. Vários de seus líderes que depuseram as armas foram caçados e assassinados por grupos paramilitares de extrema-direita, com a complacência do governo colombiano.

Se Uribe tivesse mais boa vontade, não só Ingrid Bittencourt estaria liberta mais cedo, como outros prisioneiros também. E se negociasse honestamente um processo de paz, haveria deposição das armas.

Porém a guerra civil contra as FARCs é para Uribe o que o plano Real foi para FHC. É a tábua de salvação para Uribe manter sua popularidade. Note-se que na Colômbia também tem PIG, comandado pela elite econômica, que dá suporte à Uribe, como o PIG dá suporte eleitoral aos demo-tucanos no Brasil.

Além disso, hoje, na América Latina, Uribe é o único governante que propõe emendar a constituição permitindo um terceiro mandato para si mesmo. No entanto, não vejo o PIG chamando Uribe de golpista, como chamou Chavez, e como chamaria Lula se propusesse um terceiro mandato via constitucional.

Agrava-se a situação de Uribe, quando o judiciário de lá (equivalente ao STF) condenou um deputado por venda de votos para aprovação a emenda da reeleição de Uribe. Essa condenação colocou seu atual mandato sob contestação diante da justiça eleitoral de lá. Ainda haverá muita notícia a respeito.

É como se o STF daqui, no ano 2000, condenasse os ex-Deputados Federais Ronivon Santiago (PP-AC) e Chicão Brígido, por terem vendido por R$ 200 mil (cada) seus votos para votarem a favor da emenda que deu mais quatro anos de governo para FHC.

Uma sentença destas comprovaria a fraude na emenda da reeleição, e teria colocado o segundo mandato de FHC sob contestação em pleno ano 2000.

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