O jornal "Estadão" quer jogar o demo-tucano Daniel Dantas no colo do governo Lula, a partir de contatos de gente de Dantas com pessoas do governo Lula.
E publica manchete dizendo que Gilberto Carvalho agiu em favor de Dantas. Mas no próprio diálogo não é isso aparece. E não há qualquer menção no relatório da Polícia Federal que indique que Carvalho tenha agido conforme desejava Greenhalg. Por fim, o resultado da operação praticamente confirma que o desejo de Greenhalg foi ignorado.
A gravação foi de um telefonema de Luiz Eduardo Greenhalg à Gilberto Carvalho em 29 de maio (prestem bem atenção nesta data), acaba sendo um verdadeiro atestado de idoneidade moral ao governo Lula, ao contrário do que insinua o Estadão.
Primeiro porque mostra dificuldade de acesso de Greenhalg ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal, a ponto de procurar Carvalho (alheio à área) por relação de militância partidária.
Segundo, porque no telefonema, se é perceptível que Greenhalg quer obter favores privilegiados de Carvalho, percebe-se claramente que Carvalho é gentil com o colega militante, mas pouco disposto a enveredar por atividades escusas, aparentemente se limitando a atender o que está ao seu alcance de forma legal e lícita.
Também percebe-se na conversa que Carvalho não dá espaço para propostas indecentes.
Terceiro, porque a tentativa de suborno aos delegados da Polícia Federal Protógenes Queiroz e depois a Victor Hugo, APÓS o insucesso do contato com Gilberto Carvalho sugere claramente que ele (Carvalho) não atendeu em nada aquilo que gostaria Greenhalg.
Para não deixar dúvidas, segue a gravação das converas entre Greenhalgh e Carvalho:
Greenhalgh: Alô...
MNI: Luiz Eduardo Greenhalgh?
Greenhalgh: Sim...
MNI: É o Senhor Gilberto só um momento.
Gilberto: Luiz?
Greenhalgh: Oi...
Gilberto: O general me deu
o retorno agora... é o
seguinte não há nenhuma pessoa designada na Presidência...na Abin...com esse nome, a placa do carro não existe é fria, tá? Eles aqui acham que a única alternativa é que tenha sido caso de falsificarem documento...eles não consideram possível que seja da Abin, eu não falei com o Luiz Fernando ainda, mas não tem jeito...
a polícia federal não usa a PM, eles não se misturam de jeito
nenhum, ta... então eu acho que o mais provável é que o cara tava armando mesmo alguma coisa... mas com documento falso que também no Rio é muito comum, porque daqui não tem, eu pedi, insisti, fiz com o máximo cuidado tal.
Greenhalgh: Deixa eu te falar uma coisa. Tá ouvindo o grito da menina?
Gilberto: O grito da vida.
Greenhalgh: Isso é o grito da vida realmente, linda, mas deixa eu te falar seria bom dar um toque no Luiz Fernando também hein?
Gilberto: Eu vou dá, eu vou dá, amanhã cedo eu tenho que
falar com ele vou levantar isso dai também.
Greenhalgh: Tem um delegado chamado Protogenes Queiroz que parece que é um cara meio descontrolado.
Gilberto: Ele tá onde o Protogenes agora?
Greenhalgh: Ai, tá ai em Brasília.
Gilberto: Ah aqui em Brasília.
Greenhalgh: É o que saiu na Folha na matéria da Andrea
Michael. Mas eu tô indo amanhã pra a reunião do diretório.
Gilberto: Eu te vejo lá, eu to indo no diretório também.
Greenhalgh: Legal...
Gilberto: Que hora que tá marcada mesmo a reunião?
Greenhalgh: Nove horas.
Gilberto: Tá. Eu vejo você lá.
Greenhalgh: Grande abraço.
Gilberto: Valeu Luiz...
Greenhalgh: Obrigado.
Em tempo: Luiz Eduardo Greenhalg tem longa militância petista. Na vida privada, ele é advogado e decidiu aceitar Daniel Dantas como cliente (é claro que Dantas o contratou por ver nele proximidade com o poder, e Greenhalg não é ingênuo para não saber disso).
É claro que advogados precisam de clientes para terem trabalho, e este deve render vultosos honorários.
Até onde foi a atuação dele legítima como advogado, até onde tentou utilizar-se de suas relações partidárias e pessoais, não sabemos. E cabe a ele, não a nós, se defender, e responder pelo ônus político que isso provoca em sua carreira.
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