As instituições brasileiras perderam a confiança da população. É o que diz a pesquisa deste ano sobre o Índice de Confiança Social (ICS), do Ibope Inteligência. Comparado com o levantamento do ano passado, o ICS de 2018 mostra que a desconfiança cresceu inclusive entre as instituições que costumam liderar o ranking, e ainda lideram, como o Corpo dos Bombeiros, as igrejas e a Polícia Federal.
No outro extremo do estudo, na liderança no quesito desconfiança a instituição presidente da República atingiu seu pior desempenho em 10 anos: em uma escala de 0 a 100, chegou a 13 pontos, índice nunca registrado por nenhuma instituição.
Entre as 20 instituições pesquisadas no Índice de Confiança Social, o segundo pior desempenho fica com os partidos políticos, com 16 pontos, menos da metade da pontuação alcançada em 2010 (33 pontos), ano em que a Presidência, então ocupada por Luiz Inácio Lula da Silva, atingiu seu recorde de confiança, com 69 pontos.
Na média, o ICS, que engloba, além das instituições, a confiança nas pessoas e na sociedade em geral, ficou em 48 pontos em 2018, quatro pontos abaixo do indicador do ano passado (52), o que o torna o índice mais baixo da história da pesquisa.
No topo do ranking em todos os anos da pesquisa, o Corpo de Bombeiros mantém a posição em 2018, mas registra decréscimo de quatro pontos, passando de 86, em 2017, para 82 pontos neste ano. Em segundo, as igrejas recuaram de 72 para 66 pontos, voltando ao patamar de 2013 e 2014.
A Polícia Federal, presente no ICS desde 2016, está em terceiro, mas também registra retração de cinco pontos na confiança em relação ao ano passado (de 70 em 2017 para 65 em 2018). Na sequência, estão Forças Armadas (62 pontos) e Escolas Públicas (57). A Polícia, com 53 pontos, caiu quatro pontos em relação ao ano passado mas, mesmo assim, assumiu a quinta colocação dos Meios de Comunicação, que, com 51 pontos, teve a maior queda de todas as instituições em relação a 2017, quando registrou 61 pontos.
O Ministério Público, instituição que também integra o índice desde 2016, mantém a 11ª posição, com 49 pontos (eram 54 em 2017). O Poder Judiciário/Justiça aparece em 12º lugar com 43 pontos, com uma queda de cinco pontos em relação ao ano passado. No geral, o ICS das instituições recuou cinco pontos, variando de 49 para 44 pontos entre 2017 e 2018.
Outra medida do ICS, a confiança da população nas pessoas e na sociedade em geral também caiu. A confiança nas pessoas da família passou de 85, em 2017, para 82 pontos. Amigos, vizinhos e brasileiros de um modo geral permanecem estáveis, com 65 pontos (66 no ano passado). Realizado desde 2009, sempre em julho, o ICS deste ano, feito entre os dias 19 e 23 de julho, ouviu 2.002 pessoas a partir de 16 anos, em 142 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Na opinião do cientista político Paulo Bahia, a pesquisa constata uma indignação que já vem desde 2013. “Esses dados não são novidade. As instituições que lidam com o público no Brasil, especialmente as políticas, são muito mal avaliadas, desde 2013. Esse dado dessa pesquisa de hoje mostra que a dinâmica com a sociedade não preocupa as instituições. Elas continuam a afrontar o desejo da população e não se preocupam com a corrupção, o que é o eixo central da falta de confiança”.
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