O tucano usou carros emprestados por empresas como a Kia Motors, um helicóptero da administradora de bens do filho dele e teve um jantar oferecido para apoiadores com todas as contas pagas por um empresário. A estrutura da empresa Maringá Turismo também foi usada para a organização do evento de campanha. As práticas são proibidas pela lei eleitoral.
Na última segunda-feira, pouco depois das nove horas da manhã, João Doria chegava a um hospital particular na Zona Sul de São Paulo à bordo de um Kia Sorento. O SUV preto ganhou um adesivo com o nome e número do candidato no vidro de trás logo que começou a campanha. O veículo foi emprestado pela KIA Motors do Brasil para a Doria Administração e Eventos até 31 de dezembro deste ano e que o objetivo era divulgação como merchandising no transporte de participantes de eventos do grupo Lide.
O carro já tinha sido usado em agendas de campanha na quinta e sexta-feira da semana passada. E não foi o único emprestado de uma empresa - o que é proibido pela lei eleitoral. Na quarta-feira da semana passada, o tucano usou um Volkswagen Jetta que é da Doria Editora, que o ex-prefeito transferiu para o filho com três meses na prefeitura. A empresa tem como objetivo social a "edição de livros".
Assim como ela, a Doria Administração e Eventos Ltda, criada com finalidade de alugar imóveis, também foi transferida para o filho em março do ano passado. A empresa com capital social de R$ 40 milhões tem um helicóptero, um Bell 429 preto com detalhes em dourado e as iniciais do candidato. Foi com ele que Doria partiu do hospital particular para dar entrevista a uma emissora de TV em Campinas.
Nenhum desses meios de transporte aparece nas prestação de contas de Doria à Justiça Eleitoral, e nem devem aparecer, já que as empresas não são locadoras de veículos.
O uso de veículos emprestados de empresas é proibido pela lei eleitoral como explica o promotor Rodrigo Zílio, que é coordenador do gabinete eleitoral do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
"Pessoas jurídicas elas não podem doar para campanhas eleitorais e nem para partidos políticos seja em dinheiro ou ainda doação estimável em dinheiro, que consiste em seção de bens móveis ou mesmo em seção de veículos. Tudo isso é proibido pela legislação eleitoral. Em havendo uma situação de uma empresa fazer doações para a campanha de candidatos, ainda que doação estimável em dinheiro, isso se caracteriza como uma captação ilícita de recurso eleitoral e pode ao fim, conforme as circunstâncias do caso concreto, levar a uma representação cuja a sanção é a denegação ou cassação do diploma", diz ele.
Outra empresa que ajudou Doria na campanha foi a Maringá Turismo. A empresa cuidou de um jantar realizado na casa do dono, Marcos Arbaitman amigo do político há muitos anos. No evento para mais de 200 pessoas com serviço de estacionamento e comida grátis, um dos buffets mais famosos de São Paulo ofereceu sopa, macarrão, escalope de peixe e chocolamour. Na véspera do jantar, a CBN ligou para a Maringá Turismo e confirmou a presença com uma secretária da empresa e afirmou que se tratava de um evento da campanha de João Doria, embora não estivesse na agenda oficial.
O jantar foi oferecido a empresários, artistas e acadêmicos e teve a presença de políticos e membros da campanha de Doria ao governo. O tucano discursou por mais de meia hora e, segundo o próprio Marcos Arbaitman, convenceu alguns dos eleitores e doadores potenciais que o ouviram.
"Ele falou trinta e dois minutos de uma preciosidade que uma empresária com seu marido eles me falaram assim na saída: 'olha, eu entrei porque eu estava chateada com o João, que ele deixou a prefeitura, mas eu saio daqui não só fã dele, eu vou trabalhar por ele'. [Você não teme que a justiça eleitoral possa questioná-lo sobre isso, por ter sido um gasto muito grande também?] Olha, a única coisa que eu temia é que caísse esse governo na mão de bandidos e ladrões. Esse é meu receio. Mas não vai cair", disse ele.
Abram Szajman, que já figura entre os doadores de João Doria, com um aporte de R$ 100 mil na campanha também estava lá.
Embora o próprio Arbaitman tenha dito à CBN que vai pagar o vallet e o buffet do próprio bolso, o promotor Rodrigo Zílio explica que a lei também proíbe a distribuição de alimentos, que entram na mesma categoria que brindes, como uma vantagem ao eleitor.
"A legislação eleitoral proíbe a distribuição de brindes eleitorais para os eleitores. Brindes eleitorais ou qualquer espécie de vantagem pessoal ao eleitor. Essa situação de terceiros, ainda que pessoas físicas, fazerem esses eventos e distribuírem para eleitores como algo pra simpatizantes, pra cooptar o voto, é algo que pode ser considerado ilícito sim pela legislação eleitoral", diz.
Em nota, a Kia Motors disse que não sabia que o carro em comodato estava sendo usado na campanha e que se for constatado desvio de finalidade vão rescindir o contrato.
Em nota enviada à CBN, a campanha de João Doria diz que zela pelo cumprimento de todas as regras previstas na legislação eleitoral. Eles afirmam que o financiamento da campanha está sendo realizado exclusivamente com recursos do fundo partidário e contribuições de pessoas físicas e que arrecadação de recursos e os gastos eleitorais serão devidamente informados na prestação de contas. Da CBN
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