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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Em 2 meses, Temer se reuniu ao menos 5 vezes com investigados da Lava Jato



Em dois meses como presidente interino, completados nesta terça-feira (12), Michel Temer manteve ao menos cinco encontros privados com investigados da Operação Lava Jato. A informação tem como base a agenda oficial do Palácio do Planalto e dados fornecidos pela assessoria de imprensa do presidente. Entre os investigados com quem Temer se encontrou estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O levantamento feito pelo UOL considerou apenas as audiências oficiais em que os únicos envolvidos eram Temer e algum investigado pela operação. Reuniões ministeriais e eventos públicos com a presença de investigados da Lava Jato e outras pessoas não investigadas pela operação foram excluídos desse balanço.

O encontro mais rumoroso que Temer manteve com um investigado da Lava Jato foi com Eduardo Cunha no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência. A reunião privada aconteceu na noite do dia 26 de junho e não constava da agenda oficial de Temer, mas foi confirmada pela assessoria de imprensa do presidente interino posteriormente.

Oficialmente, o tema da conversa não foi revelado, mas fontes afirmam que ela girou em torno da sucessão de Cunha na Câmara. O encontro aconteceu pouco mais de uma semana depois de o Conselho de Ética da Câmara aprovar o parecer que pedia a cassação de Cunha por quebra de decoro e menos de duas semanas antes de Cunha renunciar à presidência da Câmara. A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa de Cunha nesta terça-feira (12) para pedir o posicionamento dele sobre o encontro, mas a assessoria disse que ele não iria se manifestar sobre o assunto.

Cunha é réu em dois processos que apuram se ele se beneficiou do esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras. Cunha nega envolvimento nas irregularidades.

Com o presidente do Senado, Renan Calheiros, foram dois encontros: nos dias 17 de maio, no Palácio do Planalto, e 23 de maio, no Senado. Renan é alvo de oito inquéritos que apuram suas eventuais ligações com o desvio de recursos da Petrobras. Renan nega seu envolvimento no esquema.

Em junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir a prisão de Renan após a divulgação de áudios nos quais ele admite ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado ter trabalhado para evitar a recondução de Janot à PGR (Procuradoria Geral da República). O pedido de prisão, no entanto, foi rejeitado.

No dia 17 de maio, Temer também se encontrou com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). O encontro foi no Palácio do Planalto, por volta das 17h. Assim como Renan Calheiros, Sarney foi alvo de um pedido de prisão feito por Rodrigo Janot após aparecer em áudios gravados por Sérgio Machado. Nas conversas gravadas, Sarney promete ajudar Machado em relação às investigações da Lava Jato contra o ex-presidente da Transpetro.

Ele é citado por Machado em sua delação premiada como um dos beneficiários dos recursos desviados da estatal. Sarney, por sua vez, nega as alegações de Machado.

Outro investigado pela Operação Lava Jato com quem Temer se encontrou na condição de presidente interino foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, no dia 5 de julho. O evento também aconteceu no Palácio do Planalto, por volta das 10h30. Nogueira é investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Ele é citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos responsáveis pela divisão da propina paga pelo esquema da Lava Jato a parlamentares do PP. Em março de 2015, Nogueira negou envolvimento nas irregularidades.

Reuniões de trabalho também têm investigados da Lava Jato
Não foi apenas em audiências privadas que Temer esteve lado a lado com investigados da Lava Jato. Durante diversas reuniões ministeriais e outros eventos, Temer esteve acompanhado de pessoas na mira dos procuradores da operação. No entanto, nesses casos, a agenda do Planalto não divulga a lista completa dos presentes aos eventos do presidente, o que torna impossível fazer o levantamento completo de quem esteve em todos esses eventos e reuniões -- só a lista de audiências privadas é divulgada com detalhes.

No dia 16 de maio, por exemplo, ele teve uma reunião ministerial com integrantes da sua equipe. Entre eles, estava o agora ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, suspeito de ter recebido propina disfarçada de doações de campanha de empresas que mantinham contratos com a Petrobras.

Outro exemplo aconteceu no dia 20 de maio, quando Temer se encontrou com Romero Jucá (PMDB-RR), à época no comando do Ministério do Planejamento. Jucá também é investigado por suspeitas de recebimento de propina da Petrobras. Ele foi flagrado em conversas gravadas por Sérgio Machado nas quase ele diz que era preciso fazer um "pacto" para "estancar a sangria" causada pela Operação Lava Jato. Leia mais  aqui em  Lava Jato chega no ninho tucano, com delações contra Aécio e Serra

1 Comentários:

Samuca Amarantos disse...

Será que o Temer vai negar todos esses encontros? Será mentira do Sérgio Machado? Tudo ilusão? Duvido muito... O Temer tem muito a explicar.

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