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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Juventude faz passeata no Rio contra Eduardo Cunha, por mais educação e menos cadeias.



Uma passeata contra o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha reuniu cerca de 700 pessoas, a maioria jovem, no Centro do Rio. Os protestos foram contra a aprovação de lei que reduz a maioridade penal para 16 anos, e pediram a saída do parlamentar da presidência da Casa.

Eles caminharam até a frente do Edifício De Paoli onde fica o escritório do deputado, na esquina da Avenida Nilo Peçanha com Avenida Rio Branco, e fizeram o enterro simbólico de Cunha.

Batizaram o ato de "Enterro da democracia e da juventude negra". Os jovens gritaram as palavras de ordem "Cunha Golpista" "Cunha Ditador". Em seguida, marcharam até o Largo da Carioca, onde encerraram o ato pacífico.

Participaram integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), UEE (União Estadual dos Estudantes), UJS, os coletivos Kizomba, Voz da Baixada, Amanhecer Contra a Redução, Levante Popular da Juventude, Juntos, MEPR.

O presidente regional da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), Leonardo Guimarães, classificou de golpe a manobra regimental que permitiu a aprovação da matéria e disse que é possível reverter a votação em segundo turno: "É unanimidade nos movimentos estudantis: nós somos contra a redução da maioridade penal. A solução para a violência não passa pela redução nem por mais cadeias."

“Nós precisamos nos unir para derrotar esses caras nas ruas, já que infelizmente, ainda tem gente que faz o favor de votar nessas pessoas. Nós, jovens, estudantes, temos uma responsabilidade muito grande em nossas mãos. Nós precisamos mudar o rumo desse país”, comentou Pedro Luis Neves, que portava um cartaz com os dizeres ‘Redução não, a solução é a educação’.

O estudante Jefferson Barbosa, 18 anos, líder do movimento Amanhecer Contra a Redução, discorda da pesquisa do Datafolha que aponta a maioria da população (87%) favorável à redução da maioridade penal. "Não sei como é a metodologia dessa pesquisa. A sociedade deve estar a favor porque vem sendo alimentada por programas de televisão sensacionalistas. A sociedade está com sentimento de vingança e vingança é diferente de justiça", definiu.

Rael Oliveira, um dos integrantes do movimento RUA, lembrou que para se tomar uma atitude que seja capaz de diminuir a violência no país é preciso reconhecer os problemas históricos do país, que estão enraizados na sociedade.

“É nítido que precisamos reduzir a violência no Brasil. É preciso reconhecer na raiz os elementos que produz essa violência. A falta de investimentos na educação pública, a hipócrita guerra às drogas, e sem dúvidas um país que foi fundado no racismo são alguns desses elementos. A indignação frente ao golpe do Eduardo Cunha não pode e não vai nos abater”, explicou Rael.

Aline dos Santos lembrou que Eduardo Cunha foi colocado no poder graças aos eleitores cariocas, já que o mesmo é filiado ao PMDB-RJ, e foi eleito Deputado através das eleições no estado do Rio de Janeiro. Segundo Aline, o mesmo povo que o colocou no poder, não vai medir esforços para tira-lo de lá.

“Nós precisamos lembrar que foi esse estado, o Rio, quem elegeu este homem deputado. E esse mesmo estado, vai se unir de norte a sul para retira-lo do poder. Não nos falta presídios, não precisamos de mais cadeia. Precisamos é de mais faculdades, mais educação, mais empregos e salários decentes”, criticou Aline.

Carla França, tem apenas 24 anos, é mãe de um menino de 6, moradora da comunidade da Rocinha, na Zona Sul, ela diz que a redução tem como meta diminuir a violência nos locais em que ela já é reduzida, como nos bairros nobres.

“Como mãe, eu nunca ficaria tranquila sem estar com o meu filho em casa e saber que vou poder confiar na educação que ele vai receber. Com ele nas mãos do sistema carcerário, não é possível saber o que está acontecendo com ele. Essa ideia de redução é apenas para dar paz aos bairros nobres, para a classe média. Quem apoia a redução da maioridade penal não se importa com a paz nos locais que realmente precisam de paz, como as comunidades e os bairros mais pobres”, disse Carla.

Carla França criticou também os nomes mais conhecidos da bancada conservadora, como Paulo Maluf, Marcos Feliciano e Jair Bolsonaro.

“Um homem que é procurado pela Interpol por desvio de dinheiro público, como é o caso do deputado Paulo Maluf, dar uma declaração dizendo que os direitos humanos são para humanos direitos parece até uma piada. Homens como Paulo Maluf, Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano não nos representam. Pelo contrário, nos envergonham.” Encerrou.

A juventude demonstrou força e união e acabou saindo vitoriosa na derrubada da PEC 171, no dia 30 de junho. No entanto, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), colocou em votação, no dia seguinte, uma emenda que fazia pequenas alterações no texto original, retirando os crimes de tráfico de drogas, roubo qualificado, terrorismo e tortura, e colocou novamente em votação, que foi vencida pelos interesses do presidente da Câmara.

O diretor eleito de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), Felipe Garcez, afirmou que ainda haverá muita mobilização nas ruas contra a PEC e ressaltou que, se for preciso, a UNE recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida. "A UNE é contra essa proposta, que quer encarcerar a juventude brasileira, e tem feito mobilizações em todo o país. A solução é mais escolas", disse Garcez, que deve tomar posse no próximo dia 14 em Brasília.

Na descrição da página no Facebook, os organizadores do evento chamam Eduardo Cunha de autoritário e fascista.

Veja a descrição do evento na íntegra:

Não queremos mais ser conduzidos e conduzidas pelo fascismo de Eduardo Cunha! Não queremos a redução da maioridade penal!Não somos representados e representadas por este Congresso autoritário e que só opera na base do tapetão. Vamos fazer barulho neste Rio de Janeiro para lembrar que o autoritarismo não passará e que juntos e juntas poderemos barrar esta proposta de reduzir a maioridade penal e impedir que Eduardo Cunha golpeie mais uma vez a população brasileira.

O trânsito na Rio Branco e em trecho da Presidente Vargas ficou interditado por quase uma hora. O trânsito é ainda intenso. Por volta de 19h30, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que estava liberada a Avenida Rio Branco, sentido Cinelândia e também estava liberada a pista lateral da Avenida Presidente Vargas, na altura da Avenida Passos, sentido Candelária. (Com informações de O Dia e Jornal do Brasil)

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