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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Emprego avança no NE e Sudeste fecha vagas


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra um comportamento muito diferente no mercado de trabalho entre as regiões Nordeste e Norte e o Sudeste. No terceiro trimestre deste ano, foram criadas 217 mil novas vagas no país todo. Desse total, 104 mil foram abertas no Nordeste e 85 mil no Norte, enquanto no Sudeste foram fechadas 55 mil vagas. A situação no Sudeste só não foi pior porque as pessoas que perderam emprego como empregados foram trabalhar por conta própria.

Quando o aumento do emprego por conta própria ocorre associado a uma leva de demissões, ele sugere aumento da precariedade no mercado de trabalho. No Nordeste, apesar do expressivo aumento de vagas, também há sinais de maior precariedade no emprego. No segundo trimestre, foram abertas 104 mil novas vagas, das quais 41 mil no setor privado e 61 mil no setor público e as demais de origem familiar. No setor privado, o saldo positivo decorreu do fechamento de 43 mil vagas com carteira assinada e abertura de 85 mil empregos sem vínculo formal.

Essa precariedade é marca recente e fica clara no terceiro trimestre deste ano. Quando os dados são comparados com igual período de 2013, o cenário é muito mais benigno em qualidade do emprego. Na comparação, a ocupação no Nordeste cresceu 3,6%, com 799 mil novas vagas, das quais 502 mil de pessoas empregadas, sendo 359 mil com carteira assinada no setor privado e o restante no setor público e no emprego doméstico. Nessa comparação, o emprego sem carteira assinada caiu, com fechamento de 12 mil vagas.

O Norte também traz sinais positivos na criação de empregos, com aumento de 1,2% (85 mil vagas) em comparação ao segundo trimestre e de 3,7% (259 mil vagas) em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Nessa região, o aumento do emprego no terceiro trimestre também foi puxado pela ocupação por conta própria, que respondeu por 59 mil das 85 mil novas vagas do período.

No conjunto do país, os dados mostram estabilidade na taxa de desemprego, com leve aumento da ocupação, especialmente as vagas mais precárias, seja pelas demissões com carteira assinada, seja pelo aumento dos que trabalham por conta própria. Além disso, no período se repetiu o fenômeno de saída (ou não entrada) do mercado de trabalho.

No terceiro trimestre, aumentou em 713 mil o total de pessoas em idade ativa. Desse total, 558 mil decidiram ficar fora da força de trabalho, enquanto 155 mil integraram a população economicamente ativa (ou força de trabalho, na nomenclatura da Pnad Contínua). Como foram abertas 217 mil novas ocupações, o número de desempregados caiu (menos 62 mil pessoas ficaram nessa situação).

Além desse contingente de pessoas que decidem não procurar emprego (um fenômeno ainda a ser melhor entendido), o mercado de trabalho ganha uma pressão adicional vinda desses sinais de precariedade. O saldo de 217 mil novas ocupações abertas no terceiro trimestre (na comparação com o segundo) "esconde" que foram fechadas 227 mil empregos com carteira assinada no país todo, enquanto 395 mil pessoas passaram a trabalhar por conta própria.

Faz sentido esperar que os dados de renda, quando eles forem divulgados, mostrem desaceleração dos ganhos reais ou até queda no rendimento médio, como efeito da eliminação de empregos melhores.

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