Nos últimos dias, algumas dezenas de e-mails dos nossos queridíssimos leitores pedem para que seja publicado aqui no nosso blog, um artigo de Mauro Santayna, publicado no jornal do Brasil em 2010, quando Marina Silva concorria a presidência com a presidente Dilma e José Serra.(Portanto, não estranhem por ter o nome do tucano no paragrafo final). O artigo, foi publico aqui no blog também.Então... atendendo os pedidos dos leitores, e, por achar que o texto é bem atual ainda nos dias de hoje... Eis o artigo: As duas caras da Marina Silva, para analise e comentários de vocês
As duas caras da Marina Silva - Publicado em 2010
O SÚBITO INTERESSE, de alguns meios de
comunicação e de setores empresariais poderosos, pela candidatura da senadora
Marina Silva, recomenda aos nacionalistas brasileiros alguma prudência. A
militante ecológica é apresentada ao país como a menina pobre, da floresta
profunda, que só se alfabetizou aos 16 anos e fez brilhante carreira política.
Tudo isso é verdade, mas é preciso saber o que pensa realmente a senadora do
Brasil como um todo.
Convém lembrar que a senhora Silva (que hoje se
vale do sobrenome comum para atacar Dilma Rousseff) esteve associada a
entidades internacionais, e recebeu o apoio declarado de personalidades
norte-americanas, como Al Gore e o cineasta James Cameron.
James Cameron, autor de um filme de forte
simbolismo racista e colonialista, Avatar, intrometeu-se em assuntos nacionais
e participou de encontro contra a construção da represa de Belo Monte. A
respeitável trajetória humana da senadora pelo Acre não é bastante para fazer
dela presidente da República. Seu comportamento político, ao longo dos últimos
anos, suscita natural e fundada desconfiança dos brasileiros.
Seus admiradores estrangeiros pregam
abertamente a intervenção na Amazônia, “para salvar o mundo”. Não são os
ocupantes do vasto território que ameaçam o mundo. São as grandes potências,
com os Estados Unidos de Gore em primeiro lugar, que, ao sustentar grandes e
bem equipados exércitos, pretendem governar todos os povos da Terra.
Al Gore, que festejou a candidatura verde, é o
mesmo que pronunciou, com todas as sílabas, uma frase reproduzida pela
imprensa: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é só
deles, mas de todos nós”. Desaforo maior é difícil. Ninguém, de bom senso ,
quer destruir a Natureza, e será necessário preservar a vida em todo o planeta,
não só na Amazônia.
A senadora Marina Silva tem sido interlocutora
ativa das ONGs internacionais, tão zelosas em defender os índios da Amazônia e
desdenhosamente desinteressadas em ajudar os nativos da região de Dourados, em
Mato Grosso do Sul, dizimados pela doença, corrompidos pelo álcool e, não raras
vezes, assassinados por sicários. Argumente-se, em favor da senadora, que o seu
fervor quase apostólico na defesa dos povos da Floresta dificulta-lhe a visão
política geral.
Mas seu apego a uma só bandeira, a da ecologia
radical, e o fundamentalismo religioso protestante que professa, reduz em as
perspectivas de sua candidatura. Com todos os seus méritos e virtudes, não é
provável que entenda o Brasil em toda a sua complexidade, em toda a sua
inquietude intelectual, em toda a sua maravilhosa diversidade regional. As
conveniências da campanha eleitoral já a desviaram de alguns de seus
compromissos juvenis.
Esse seu pragmatismo está merecendo a atenção
do ex-presidente Fernando Henrique, que pretende um segundo turno com a aliança
entre Serra e Marina. Como sempre ocorre com os palpites políticos do
ex-presidente, essa declaração é prejudicial a Serra e, provavelmente, também a
Marina. Ela, vista por muitos como inocente útil daqueles que nos querem roubar
a Amazônia, é vista pelo ex-presidente como inocente útil da candidatura dos
tucanos de São Paulo .
É possível desculpar a ingenuidade na vida
comum, mas jamais aceitá-la quando se trata das razões de Estado. José Serra
poderia ter tido outro desempenho eleitoral, se tivesse desouvido alguns de
seus aliados, como Fernando Henrique, que lhe debitou a política de
privatizações, e Cesar Maia, que lhe impôs o inconveniente e troglodita Indio
da Costa como vice. O apego de Marina a uma só bandeira e o fundamentalismo
religioso não a ajudam.
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