Cai a primeira farsa do mensalão: STF julga que não existiu formação de quadrilha

A construção do processo judicial do "mensalão" é como aqueles castelos de cartas de baralho montado com hipóteses, teses, ilusionismo e muitas versões mentirosas dos fatos repetidas mil vezes nas páginas de jornais e telas de TV para parecer verdade.

Colocadas com habilidade carta a carta, uma sobre a outra, forma uma estrutura, mas tão frágil que pode ser derrubada com um sopro.

Hoje umas cartas já caíram com a maioria do STF julgando que não existiu formação de quadrilha.

Significa que aquela estorinha de "sofisticada organização criminosa" foi julgada como inexistente. Ou seja, foi um "mentirão".

Agora basta Roberto Jefferson ficar entediado da vida na cadeia (mesmo estando em cela VIP individual) para declarar que inventou tudo sobre compra de votos, e ele apenas deu o apelido de "mensalão" ao caixa dois de campanha. Quanto tempo demorará? Algumas semanas? Alguns meses?

Na verdade Jefferson só precisa encontrar uma saída para não se incriminar por perjúrio na CPI dos Correios. Não dirá que inventou tudo, dirá que falou sobre "as impressões que ele tinha a partir de boatos e acusações da oposição" e que ele estava errado. Lembremos que o próprio Jefferson declarou ao então procurador-geral da República que tudo era uma briga política que não era para ser judicializada, e se negou a repetir em juízo o que havia dito na CPI e na imprensa.

Já que o "mensalão" virou um jogo político de símbolos, podemos traçar uma metáfora dos votos dos ministros com as cartas do baralho. As cartas dos ministros Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki e Rosa Weber já foram derrubadas com seus votos pela absolvição. As cartas de Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Joaquim Barbosa ainda estão se equilibrando. Vamos ver até quando.