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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Marina de vice expõe isolamento da candidatura de Eduardo Campos


Uma das fofocas nos meios políticos é Marina Silva (PSB-AC) aceitar ser candidata a vice-presidente da República na chapa do governador Eduardo Campos (PSB-PE).

Caso se confirme, o fato demonstra que, após mais de um ano de pré-campanha e articulações, Campos fracassou na tentativa de atrair algum partido, pelo menos de porte médio, para sua candidatura. Um partido destes teria cacife para postular a vice. Marina tem o "recall" de votos de 2010 e intenções de voto mais robustas do que Campos, mas são predicados que trazem mais prestígio do que boa votação ao cabeça da chapa. O apoio de um outro partido com uma boa bancada de parlamentares e, portanto, capilaridade e tempo na TV, somaria bem mais em uma campanha.

Neste contexto o "aceite" de Marina soa mais como um prêmio de consolação do que uma vitória política. Ela como vice só transfere votos dos militantes fiéis da Rede Sustentabilidade. Os demais eleitores, Campos terá que conquistar por si, pois ninguém vota no vice. E aí é que faz falta apoios partidários mais robustos que garantam, inclusive, mais tempo na TV.

Esse isolamento de Campos - ele só tem a promessa de apoio do PPS e do PPL, partidos pequenos - o leva a tentar usar o prestígio de Marina para alavancar sua candidatura. Recentemente, o PSB apresentou uma pesquisa para consumo interno, do sociólogo Antônio Lavareda - engajado na candidatura de Campos - onde ele apareceria com 18% contra 17% de Aécio Neves (PSDB) quando o nome de Marina Silva é apresentado como sua candidata a vice. É questionável o valor desta pesquisa, pois conforme o modo em que é feita, o pesquisado pode apontar em um disco o nome de Marina Silva, sem sequer conhecer Campos. Mas o objetivo deste truque parece premeditado. É, primeiro, para tentar mostrar mais expectativa de poder do que tem de fato, um blefe de jogador para manter por perto apoios políticos e de financiadores de campanha. Segundo, para tentar mostrar-se mais viável do que o tucano como candidato de oposição.

Para complicar, Marina impõe condições complicadas para aceitar ser vice. Entre elas, o PSB não apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) em São Paulo, lançando uma candidatura própria ou apoiando o vereador Ricardo Young (PPS-PS), ligado à Marina. A exigência desarranja toda a estratégia de Campos traçada para São Paulo até agora. Sem um candidato paulista à presidência, Campos pretendia dividir o eleitorado tucano com Aécio, formando um palanque duplo com Alckmin. Se atender Marina, ele ficará isolado no estado, correndo por fora como "azarão", assistindo a mais do que provável polarização entre PT e PSDB ocorrer no maior colégio eleitoral, o que praticamente tira qualquer chance de ir ao segundo turno, pois em Minas, o segundo maior colégio eleitoral, ele não terá mais votos do que Aécio.

Para quem já filiou os Bornhausen ao PSB de Santa Catarina, e acaba de incluir o PSDB de Pernambuco em seu governo, Campos já foi longe demais. Agora terá que enquadrar Marina ou desentender-se com ela, para seguir o caminho de cabalar o voto tucano em São Paulo. Qualquer uma das escolhas terá efeitos colaterais e o que restará fazer é reduzir danos.

São dilemas de uma candidatura forçada, que encontra dificuldade em decolar, e precisa ficar fazendo malabarismos para se manter. Não por acaso, até os colunistas da imprensa oposicionista já consideram a presidenta Dilma Rousseff ampla favorita a ser reeleita.

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