O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) utiliza recursos do Senado para
financiar um negócio de família. Com a Cota para o Exercício de
Atividade Parlamentar (Ceaps), mais conhecida como verba indenizatória,
alugou do próprio irmão, com preço mais alto que os de mercado, uma
picape de luxo. Por mês, pagou R$ 7,2 mil por uma Mitsubishi Pajero de
propriedade de Pedro Lindolfo de Lucena, dono de locadora em João
Pessoa.
A situação afronta as regras do Senado. O Ato do 1º secretário 10/2011,
que disciplina a cota dos parlamentares, diz que não se admitirá o uso
da verba pública, de R$ 15 mil mensais, para ressarcir despesas com
"empresa ou entidade da qual o proprietário ou detentor seja o senador
ou parente seu até o terceiro grau".
A primeira nota do aluguel foi apresentada em novembro do ano passado.
De lá para cá, a locadora emitiu sete notas fiscais - todas com o valor
de R$ 7,2 mil -, que o Senado mantém em sigilo, embora a Lei de Acesso à
Informação o proíba.
Lucena optou pela Mitsubishi Pajero preta, 4x4, aberta na traseira para
transporte de carga, ano/modelo 2009. O veículo está em nome de Pedro
Lindolfo, que é sócio da Z Veículos, filial da bandeira internacional
Avis na capital paraibana.
Nos sete meses, o aluguel do veículo soma R$ 50,4 mil. Procurado, o
gabinete do senador não entrou em detalhes sobre os questionamentos do
Correio. Em nota, disse apenas que devolverá aos cofres públicos o
dinheiro pago ao irmão.
Apesar da proibição expressa em relação a empresas de parentes, não há
fiscalização sobre o uso da verba indenizatória. Segundo ato interno, o
Senado só verifica "aspectos relativos às regularidades fiscal e
contábil das notas apresentadas pelos senadores, não compreendendo
qualquer avaliação quanto à observância de normas eleitorais, tipicidade
ou ilicitudes". Na prática, a Casa se fia na palavra do senador, que
apenas assina documento comprometendo-se a usar a verba de acordo com o
previsto.
Lucena pagou um preço camarada ao irmão. Em três locadoras de João
Pessoa, consultadas pelo Correio, o aluguel sai mais barato. O maior
valor cobrado pela Pajero foi de R$ 5,2 mil mensais e o menor, de R$ 5
mil. A locação só chega a R$ 7 mil mensais quando a picape é fechada, ou
seja, sem a traseira aberta para transporte de carga, o que não é o
caso do veículo alugado por Lucena. A consulta nas locadoras foi por
modelos mais recentes. Os senadores têm direito a R$ 15 mil por mês para
despesas com aluguel de escritório político, aquisição de material de
consumo, combustível, divulgação parlamentar, entre outros, além de um
valor, que varia entre R$ 6 mil e R$ 29,2 mil por estado, para passagens
aéreas.
Preso
Empresário da construção civil, Lucena foi governador da Paraíba entre
março e dezembro de 1994. Também exerceu mandato de prefeito de João
Pessoa entre janeiro de 1997 e dezembro 2004. Em 2005, ficou preso por
dois dias, em decorrência da Operação Confraria, da Polícia Federal e do
Ministério Público Federal.
Segundo o inquérito da PF, Lucena e mais sete pessoas participaram de
um esquema de desvio de recursos públicos entre 1996 e 2003 na Paraíba,
com fraudes em licitações de convênios para implantação de saneamento,
obras de urbanização e serviços de infraestrutura em vários bairros da
capital. O caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
R$ 7,2 mil
Valor mensal da cota parlamentar utilizada por Cícero Lucena para alugar a Pajero do irmão.
Valor mensal da cota parlamentar utilizada por Cícero Lucena para alugar a Pajero do irmão.
Protesto na rua de Renan
Cerca de 20 pessoas protestaram ontem contra a permanência do senador
Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. Eles tentaram chegar
à frente da residência oficial do parlamentar, no Lago Sul, mas,
sabendo da manifestação marcada por uma rede social, policiais
legislativos e militares cercaram o entorno. Os manifestantes, alguns
encapuzados, seguiram, então, para a casa do senador José Sarney
(PMDB-AP), bem próxima do local. Sem conseguir falar com ninguém da
família de Sarney, que está internado em São Paulo e será submetido a um
cateterismo na terça-feira, eles voltaram para a rua que dá acesso à
casa de Renan, que está em Alagoas. Não houve conflito com os policiais.. Siga nosso blog no Facebook
1 Comentários:
Mais um vagabundo, ladrão marcado na testa. E a lei, ah, a lei é prá ladrão de galinhas. Salafrário. E o Sarnento não morreu ainda???!!!
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração