Os brasileiros que romperam a barreira dos 60 anos estão ativos como nunca e com dinheiro no bolso para consumir produtos e serviços de alta qualidade. Esse contingente de 20,5 milhões de pessoas já gasta R$ 360,3 bilhões por anoNotíciaGráfico

Com uma renda média de R$ 1.346,32, incluindo aposentadorias, pensões e salários dos que estão na ativa, eles já são 20,5 milhões de pessoas no país — contingente quase igual à população da Austrália e duas vezes a da Grécia ou a da Bélgica — e movimentam R$ 27,7 bilhões por mês ou R$ 360,3 bilhões por ano. Não por acaso, em 53% dos lares brasileiros, a sua contribuição representa mais da metade da renda domiciliar. No Nordeste, essa taxa chega a 63,5%. Em centenas de municípios, o total de benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é maior do que todos os repasses feitos pela União às prefeituras.
Em uma série de reportagens que começa a ser publicada hoje, o Correio mostra que, muito além de garantir a sobrevivência das famílias, o vigor dos idosos abre uma imensa oportunidade de negócios. Se, antes, os olhos das grandes empresas e instituições financeiras brilhavam por crianças, jovens e adultos, hoje, eles vislumbram na terceira idade a possibilidade de fazer os lucros jorrarem. Para isso, o país terá de se reinventar e oferecer opções de lazer e consumo de qualidade compatíveis com as necessidades desse público.
Mercado em expansão
Essa maré dará o tom da expansão de firmas de todos os ramos, mas favorecerá, principalmente, as que despertam interesse especial de quem tem mais de 60 anos, como saúde, bem-estar, entretenimento, educação e culinária. "Abre-se uma grande cortina de oportunidades. Tratar com esse nicho é absolutamente inteligente, por razões que os próprios números mostram", afirma Adriano Gomes, professor de finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP).
Se já representa um grande filão, daqui para frente, essa população ocupará cada vez mais um papel central na economia. Ao longo das próximas quatro décadas, o número de idosos crescerá a uma taxa de 3,2% ao ano, revelam dados do Banco Mundial e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2050, a parcela de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 65 milhões, três vezes mais que a atual, e representará 30% do contingente populacional do Brasil. Hoje, elas somam apenas 10,8%.
Na visão de Gomes, as empresas que mirarem dia e noite as mudanças na sociedade vão despontar e se diferenciar no futuro. "Eu nunca vi, por exemplo, uma indústria moveleira que se preocupe com peças adequadas, com puxadores mais fáceis de serem abertos, com portas e guarda-roupas criados especialmente para esse público. O primeiro que vislumbrar esse mercado poderá vender para 65 milhões de pessoas", ressalta o economista.
O turismo é um dos poucos segmentos que entenderam o novo cenário e deram os primeiros passos para agradar os clientes mais maduros. Áreas como ginástica e transportes estão vendo as transformações passarem pela janela. "Os idosos de hoje são muito mais ativos e têm mais qualidade de vida do que os de 40 anos atrás. O mercado precisa se adaptar a esse público, que necessitará de roupas, alimentos e de uma série de serviços adequados", analisa o economista Marcelo Abi-Ramia Caetano.
No mundo do trabalho, as transformações também são visíveis. Diante de um mercado prestes a explodir por causa da falta de mão de obra qualificada, não apenas os idosos encontram novas possibilidades, mas as próprias empresas enxergam neles conhecimento e experiência para suprir a carência de profissionais, principalmente em setores como construção civil, engenharia e tecnologia da informação.
"!!Tratar com esse nicho é absolutamente inteligente, por razões que os próprios números mostram"
Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM
0 Comentários:
Postar um comentário
Meus queridos e minhas queridas leitoras
Não publicamos comentários anônimos
Obrigada pela colaboração