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domingo, 27 de novembro de 2011

O impeachment do prefeito Kassab


Para descobrir quem são os doadores da campanha de um candidato, não é preciso ser um grande conhecedor de política. Basta olhar quais empresas “vencem” as “licitações” e enriquecem em seu mandato. No caso de Gilberto Kassab, essa empresa foi a Controlar. Depois de ter despejado uma dinheirama na campanha do atual prefeito, a empresa foi generosamente recompensada com o contrato milionário de inspeção veicular e saciou apetites de políticos da base aliada (como Eduardo Jorge, do PV, secretário de meio ambiente) e de vários empresários envolvidos.

Para beneficiar amigos, vale qualquer negócio, até mesmo ressuscitar um contrato caduco de 1996, ceder irregularmente terrenos da prefeitura para a empresa se instalar e ainda dar R$ 900 mil dos cofres da prefeitura para ela investir. Entre as mais de 30 fraudes encontradas, o prejuízo aos cofres públicos chegam a R$ 1,1 bilhão.

Filiado ao PL pelas mãos de Guilherme Afif, Gilberto Kassab foi eleito vereador em 1992 e integrou o “centrão”, núcleo do toma-lá-dá-cá na câmara. Mais tarde, em 1997, já pelo DEM (então PFL), Kassab foi secretário de planejamento do governo Celso Pitta, uma das administrações mais desastrosas que a cidade de São Paulo já viu. Até que, em 2004, se tornou vice na chapa de José Serra nas eleições municipais.

Dois anos depois, quando Serra abandonou a prefeitura para disputar o governo do estado, Kassab ganhou de presente o cargo de prefeito. Nas eleições municipais de 2008, escudado por Serra, concorreu a reeleição. Mentiu descaradamente, maquiou os problemas de São Paulo, investiu pesado na rejeição da ex-prefeita Marta Suplicy e conseguiu se eleger para mais quatro anos. O resultado é uma espécie de segunda gestão Pitta.

A incompetência já era conhecida. Nenhum plano de contenção contra as enchentes, falta de investimento em transporte público, semáforos constantemente quebrados, aumento da tarifa de ônibus. De certa forma, dadas as baixíssimas expectativas, era até esperado. Mas foi agora, no ano de 2011, que Kassab definitivamente perdeu a vergonha e mostrou quem realmente é. Primeiro largou a cidade para trás para cuidar da fundação de seu novo partido, o PSD, filho legítimo da falta de caráter com o fisiologismo (teve fraude até em assinaturas nas filiações). Depois fez novos amigos lá na CBF e no Corinthians, participando ativamente dos conchavos para financiar o Itaquerão. E, para consumar a tragédia, adulterou o valor do próprio salário e depois aumentou-o sem nenhum pudor.

Kassab nunca me enganou quanto a falta de escrúpulos, mas conseguiu me enganar quanto ao estilo. Achei que ele seria o próximo Maluf da política paulistana. Errado: Kassab está muito mais para Sarney do que para Maluf. É o tipo de político profissional que entra para a política pela porta dos fundos, que puxa os sacos e tapetes certos e chega ao poder por elevação.É o tipo de político que conhece a sordidez do sistema e opera muito bem pelos bastidores, seja para atingir adversários, seja para costurar acordos.

Dessa vez, o ministério público entregou provas concretas, que dão base jurídica para um pedido de impeachment. O bom senso nos diz que a única alternativa digna ao prefeito seria pedir para sair. Mas nada disso vai acontecer. Mestre da cooptação, Kassab, a essa altura, já deve estar se reunindo com o MP para costurar um acordo que seja vantajoso para ambas as partes. Se tudo der certo para ele, suas contas serão aprovadas por alguma manobra jurídica.

E como tudo sempre pode piorar, em 2014 ele ainda poderá concorrer ao governo do estado, contando com a amnésia e com o analfabetismo político do povo.Governantes escarnecendo cidadãos faz parte de nosso cotidiano, mas fazia tempo que o paulistano não era chamado de otário tantas vezes seguidas. Será que dessa vez ele vai reagir? Gostaria muito de acreditar nisso, mas o nosso histórico de obediência, apatia, egoísmo e conivência mostra que os fatos apontam para a direção contrária…

5 Comentários:

Anônimo disse...

Reforma política já!.... financiamento público de campanha....Avança Brasil!!!

Luis R disse...

Podes crer, paulista gosta é disso, sem falar na especulação imobiliária naquela cidade, né.

Anônimo disse...

Sinal Fechado começa a se abrir

por Carlos A. Barbosa | novembro 27, 2011 | Hora postada: 11:47

Parece que o esquema de fraude montado no Detran/RN iniciado no governo Wilma de Faria (PSB) e perpetuado no governo Iberê Ferreira (PSB), despertou grande interesse também de democratas e tucanos no Rio Grande do Norte.

Conversas transcritas pelo Ministério Público Estadual com autorização judicial levam a isso. George Olímpio, considerado o principal cabeça do esquema manteve conversas com o suplente de senador João Faustino (PSDB), que por sua vez falou com o senador José Agripino Maia (DEM) que se comprometeu em ter uma conversa com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o então secretário-chefe de Gabinete Paulo de Tarso Fernandes. Agripino também teria falado a João Faustino que teria uma conversa com o ministro potiguar José Delgado (STJ) em seu gabinete em Brasília. George Olímpio teria participado também dessa conversa.

Nas transcrições são citadas também o nome do jornalista Cassiano (Arruda) e Marcus Procópio, genro de João Faustino. Cassiano teria falado com João Faustino que se encontrava em São Paulo e que o tucano tinha encontrado uma solução para o impasse criado no governo Rosalba de cancelar o contrato com a Inspar. Diz ainda que Marcus Procópio ligou de um orelhão para Olímpio solicitando a ele para abortar qualquer missão em São Paulo, porque Faustino tinha lhe pedido, “pelo amor de Deus” para não fazer nada em São Paulo.

Nas conversas interceptadas pelo MP fica claro ainda que o vice-governador Robinson Faria (PSD) não concordava com a inspeção veicular e que estava “fora disso” por considerar uma “encrenca”, e que o marido da governadora Rosalba Ciarlini, ex-deputado Carlos Augusto Rosado, não sabia nem quando abriria isso. Segue trechos abaixo:

Faustino garante a George que Agripino iria falar com Rosalba
(...)

Veja na íntegra aqui: http://blogdobarbosa.jor.br/?p=50491

Andre Luis disse...

Só estou achando estranho o comportamento omisso de muita gente da blogosfera, senão comentando, sequer replicando a notícia. Por mais que possa parecer retaliação tucana via MPESP, a Inspeção Veicular em São Paulo foi implantada de forma criminosa, não só por conta da falta de escrúpulos de seus idealizadores, mas também por conta da certeza que seus malfeitos não iriam repercutir na mídia. É um estelionato ao contribinte paulistano, "achacado" pela Prefeitura nos últimos três anos. Kassab e sua gang convenceu o povo paulista que pagar R$ 60,00 por 4 minutos de Inspeção Veicular, com uma máquina que qualquer nerd chinês replica em segundos, era a nossa cota de sacríficio em prol de um ar menos podre para respirar. E como este ano temos eleições, baixou para 40 mangos pelos mesmos 4minutos, ou seja, R$ 600,00/hora ... Será que aquele rapaz que enfia os tubinhos no carro ganha 10% deste valor ? Fora Kassab. Não só por conta deste escândalo, mas pela incrível sucessão de escândalos que foi sua administração, todos devidamente sufocados pela mídia, lá no pé da pagina 4. E jamais pronunciados pelo Dimenstein ...

alex disse...

Sobre a CONTROLAR na mídia:

silêncio. todos quietinhos.

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