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quinta-feira, 7 de julho de 2011

58,3 mil empregos até 2014


Estudo da FGV e do Sebrae, obtido com exclusividade pelo Correio, estima a quantidade de postos de trabalho que serão criados no setor privado por conta do Mundial de futebol. Expectativa é de que 2.695 empresas de pequeno e médio porte abram as portas

O setor privado do Distrito Federal já está ciente de que a Copa de 2014 vai movimentar a economia local e criar oportunidades para negócios e empregos. Entretanto, pela primeira vez, o impacto que o evento terá foi dimensionado por um estudo e os resultados impressionam. Um total de 58,3 mil postos de trabalho direta ou indiretamente ligados ao torneio vão surgir nos próximos anos, e haverá espaço para 2.695 empresas de pequeno e médio porte abrirem as portas, além de 539 potenciais nichos para inovação e investimento. As informações estão em um mapa traçado pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre as proporções econômicas do Mundial nas 12 cidades-sede e no país.


O levantamento sobre o potencial da Copa foi encomendado pelo Sebrae à FGV e será divulgado hoje. O Sebrae adiantou com exclusividade informações sobre o DF ao Correio. A pesquisa funcionou com ênfase nas micro e pequenas empresas e elencou nove segmentos nos quais elas podem se destacar antes, durante e depois do campeonato. São eles: construção civil; tecnologia da informação; madeira e móveis; vestuário; turismo; produção associada ao turismo; comércio varejista; agronegócios; e serviços. Nesses setores é que estão concentradas as 539 oportunidades de expansão dos negócios e abertura de mais estabelecimentos, além da criação de cerca de 8 mil postos de trabalho.

"Dizer que existem essas oportunidades significa que o empresário, ou futuro empresário, pode colocar na praça um serviço de turismo receptivo, ou bolar um sistema de segurança e vigilância para vender às grandes empresas para a Copa", explica Roberto Faria, coordenador do programa Copa 2014 do Sebrae-DF.

Para um escopo maior, abrangendo grandes obras de infraestrutura, como a reforma do Estádio Mané Garrincha e a implementação do veículo leve sobre trilhos, o VLT, a parceria Sebrae-FGV previu mais de 58 mil empregos, além de R$ 1,7 bilhão em investimentos. Para o Brasil, estão estimadas, entre outras, 929 opções de ampliação dos negócios e criação de 700 mil postos de trabalho diretos e indiretos (veja quadro). Dados do Ministério do Esporte também foram utilizados para embasar o estudo.

Planejamento
Quem pensa em lucrar com a Copa de 2014 deve se planejar desde já. Empresários locais já deram a largada para não ficar de fora da movimentação econômica que o Mundial trará. É o caso de Rosicléia Mendes, dona de uma confecção em Taguatinga. A empresa dela, que atualmente fornece uniformes para construção civil, hotelaria e outros, pretende entrar no ramo de produtos ecologicamente amigáveis.

"Firmamos parceria com uma empresa de outro estado que nos fornece malha feita de garrafas pet recicladas. Estamos fabricando camisetas e ecobags. Nossa intenção é tanto transformar em uma marca própria e vender em shoppings quanto aproveitar a Copa de 2014 para fornecer brindes a empresas e hotéis", explica Rosicléia. A empresária conta que, atualmente, o projeto está na fase de definição de identidade visual. "Contratamos uma designer de moda para ver o que podemos fazer em termos de imagem e cores", diz.

A empresa de soluções em telecomunicações de Ricardo Nascimento também está apostando pesado no Mundial de futebol. O empresário, que atualmente oferece softwares e serviços de monitoramento de qualidade a operadoras de celular, pretende explorar também o mercado da televisão digital. "Tenho um projeto em parceria com outra empresa para pesquisar soluções a fim de monitorar a audiência, a qualidade e a interatividade das transmissões. Entendemos que a tevê digital interativa será a grande aposta da Copa do Mundo, que é o maior evento midiático do planeta", diz.

Mão de obra
De acordo com Nascimento, o projeto, orçado em R$ 4 milhões — dos quais R$ 3,5 milhões vêm da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 500 mil dos parceiros privados —, até o momento tem esbarrado em um único empecilho: a carência de mão de obra qualificada.

"Houve contratação de equipes, mas ainda há vagas abertas para analistas, programadores, engenheiros", destaca. A questão também é um problema para a empresária Rosicléia Mendes. "Sempre tenho que treinar costureiras. E, com a Copa, com certeza a demanda vai crescer e terei que contratar mais gente", diz.

Para Roberto Faria, do Sebrae-DF, o principal impacto do Mundial de 2014 na economia, tanto do DF quanto nacional, será o da pressão por um desenvolvimento mais acelerado. "Tudo o que uma cidade iria crescer em 15, 20 anos, terá que ser em quatro ou cinco. Esse é o grande mote da Copa e a chance que o empresário vai ter. Ele terá que ser competitivo, traduzir a oportunidade em negócio para aproveitar o boom, e se adaptar a padrões internacionais de qualidade", analisa.

Faria orienta os empreendedores a fazerem pesquisa de mercado e a investirem em oportunidades que se sustentem mesmo depois de terminado o torneio de futebol. "Na verdade, o Brasil terá oportunidades excelentes pelo menos pelos próximos 15 anos. Temos o pré-sal, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Copa das Confederações em 2013 e as Olimpíadas (em 2016)", enumera.

Alta temperatura
No processo de fabricação de tecido a partir de garrafas pet,
a matéria-prima é primeiro separada por cores. Depois, é aquecida a um alto grau de temperatura para a descontaminação do plástico. Posteriormente, as garrafas são derretidas até virarem flocos e passam por um terceiro aquecimento para se tornarem fios de poliéster.Correio

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