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quinta-feira, 30 de junho de 2011

A alienação da classe média de esquerda nas críticas ao PNBL

Quem da classe média de esquerda (*) se habilita a desligar sua banda larga PRIVADA à espera de uma conexão estatal, em protesto, para exigir uma banda larga provida apenas pela Telebrás?

Refiro-me a esperar até que a Telebrás chegue a seu domicílio, esperando pelos trâmites no Orçamento da União, aprovação no Congresso, licitações e embargos na justiça, concursos para contração de pessoal na estatal, aumentos de capital e assembléia de acionistas de uma empresa estatal que tem ações em bolsa de valores, etc.

Acho que ninguém que já tem banda-larga PRIVADA está disposto a ficar sem, enquanto isso.

Pois esta mesma classe média de esquerda (que já tem a banda larga privada), está se comportando como alienada em suas críticas, querendo negar ao pobre o que ela já tem e usa. Para o pobre, que no Brasil sempre “tinha que esperar”, ter uma opção agora e já de banda-larga de 1Mbit a R$ 29,80 (ou R$ 35,00 com ICMS) resolve seu problema imediato.

Hoje, os planos mais baratos que existem são em venda casada, e o cidadão tem que pagar pelo menos uns R$ 70,00 nos planos mais baratos que incluem assinatura de telefonia fixa ou “combos” com TV a cabo (não vale aquelas promoções cujo baixo valor é só nos 3 primeiros meses, nem com velocidades de 512Kb, nem anúncios enganosos que não avisam que se trata de venda casada).

Nas capitais e cidades médias com PIB alto e concorrência entre operadoras, é bem evidente o contraste dos com-banda-larga e dos sem-banda-larga. A rede já existe em frente grande parte das casas do cidadão de baixa renda, e ele não tem porque é caro e não por ausência de infra-estrutura. No interior a coisa se agrava, pois a velocidade é reduzida para 600 Kbits ou menos, pelo mesmo preço ou mais caro. E tem cidades do interior que ainda nem tem banda-larga.

Mesmo com a cobrança sob pressão do governo federal, há a possibilidade das teles privadas não cumprirem todas as metas, inclusive de qualidade. E há possibilidade da ANATEL não fiscalizar a contento. Mas e daí? Por hora, a fila de problemas andou, e sem colocar dinheiro público nas teles privadas.

Pelo menos grande parte da população já será incluída na banda-larga com a infra-estrutura que já passa na porta da casa, e grande parte da população de baixa renda não terá que ficar esperando pelo Orçamento da União, aprovação no Congresso, licitações e embargos na justiça, concursos para contração de pessoal na estatal, aumentos de capital e assembléia de acionistas de uma empresa estatal que tem ações em bolsa de valores, etc.

Quem conhece o Brasil real, sabe que foi uma grande conquista do Ministério das Comunicações para a população de baixa renda, enquadrando as teles privadas, inclusive fazendo-as ceder em suas estratégias e seus planos de negócios mais voltados para a elite.

A banda-larga de 1 Mbits a R$ 29,80 (ou R$ 35,00 para os governadores que derem uma "facada" no cidadão, cobrando ICMS) não é o fim do PNBL, é só o início.

Enquanto isso, a cada ano que passa, a Telebrás já estará melhor estruturada em 2012, 2013, etc. com um programa de investimentos de R$ 10 bilhões para chegar a 2014 com conexões básicas de 5 Mbits, sem apagões, e para fazer novas ofensivas, inclusive sobre as teles privadas.

Neste primeiro "round" do PNBL, o ministro Paulo Bernardo e a presidenta Dilma, estão de parabéns. É bem possível que até o natal deste ano, milhões de novos domicílios sem-banda-larga hoje, já estejam conectados.

Em tempo: as críticas ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) lembram muito as feitas ao governo Lula quando foi lançado o ProUni (que aproveitava vagas ociosas nas universidades privadas). Enquanto milhares de pobres já se formaram no ProUni, em paralelo era feito o REUNI, que ampliou também as vagas nas federais. Mas o cidadão pobre não teve que esperar por vagas nas universidades federais, e foi estudando através do ProUni mesmo, enquanto isso.

(*) Refiro-me à classe média de esquerda, porque era de se esperar que pelo menos ela fosse mais solidária aos mais pobres, e defendesse prioritariamente sua inclusão na banda-larga "pra ontem", em vez de priorizar defender ter mais uma opção de concorrência às teles privadas para si também, via Telebrás, o que não é tão urgente quanto para quem nem tem banda-larga ainda.
A classe média de direita, eu nem me referi, porque é mais egoísta mesmo, e é de se esperar que não seja solidária às necessidades imediatas dos mais pobres.

Por Zé Augusto Aqui no site Os Amigos do Brasil

17 Comentários:

Anônimo disse...

Muito bem! É isso aí mesmo, o pragmatismo é combatido pela esquerda já empoderada, mas amado pela parcela da população que consegue melhorar de vida graças a ela.

flávio cunha

Anônimo disse...

Se há alguma pressão é das teles para com a Dilma, que inclusive a fez voltar a trás e deixar esse assunto com as próprias teles; ou seja, recuou.
Dilma não fez nada pela banda larga.
A única coisa que fez foi anunciar que agora esta começando a valer a pena para as teles investir e essas vão aos pouquinhos começar a investir em ampliação.
Em resumo, esse é o estilo FHC de governar: "faça uma porcaria,suficiente para dizer que fez"(aparecer na imprensa dizendo já é suficiente). É isso que a Dilma faz, marketing, o suficiente para parecer que fez.

VERA disse...

"...solidária aos pobres"???!!! Que argumentos sem pé nem cabeça!!! Vcs sim, estão defendendo as teles e NÃO "os mais pobres"!!! Inventa outra!!! Pobre NÃO pode pagar 35 reais nem por telefone fixo, quanto mais por Internet!!!

Anônimo disse...

Espero que o post não esteja mentindo ... estou muito angustiado...
e ate mesmo pelas palavras do Paulo Bernardo parece que o Governo não tem intenção de fazer Banda Larga Estatal.. Espero que seja apenas um mal enntendido afinal o governo tem se comunicado muito mal com o povo ... e pior ainda com a militancia ...

A desilusão é um sentimento fortissimo o golpe do mensalão engedrado pelo PIG, afstou muita gente boa do PT .... pois elas (enganadas ou não) perderam o brilho nos olhos ...

Dilma queremos mais ousadia ... mais esquerda.. mais dialogo com a sociedade ... não gostaria de anular meu voto nas proximas eleições....

Anônimo disse...

Espero que o post não esteja mentindo ... estou muito angustiado...
e ate mesmo pelas palavras do Paulo Bernardo parece que o Governo não tem intenção de fazer Banda Larga Estatal.. Espero que seja apenas um mal enntendido afinal o governo tem se comunicado muito mal com o povo ... e pior ainda com a militancia ...

A desilusão é um sentimento fortissimo o golpe do mensalão engedrado pelo PIG, afstou muita gente boa do PT .... pois elas (enganadas ou não) perderam o brilho nos olhos ...

Dilma queremos mais ousadia ... mais esquerda.. mais dialogo com a sociedade ... não gostaria de anular meu voto nas proximas eleições....

Beto Lima disse...

Caro Zé. Entendi seu ponto de vista. No entanto, estou deconfortável com o preço negociado pois pago uma linha telefonica 60,00 e banda larga de 5MB por 49,90, totalizando R$ 109,00 Com base no que pago, acho que o governo negociou um preço muito alto por tão pouca velocidade.Ainda mais considerando que as teles poderão disponibilizar somente 40% da velocidade negociada em horários de pico. Creio que o nosso governo foi muito tímido nesta negociação....não é egoismo.

josé lopes disse...

Que papel triste o da TV Bandeirantes! Antes fazia propaganda meio discreta para os tucanos, agora, o Jornal da Band faz propaganda descarada para o PSDB. Não é à toa que cada dia que passa, a emissora perde mais audiência, já está disputando a lanterninha. Também com aquela programação e com aquele jornalismo medíocre! Joelmir faço uma sugestão para você, do fundo do meu coração: depois daquela dos garis onde você e o boca murcha do Boris fizeram aquela discriminação contra trabalhadores, vá para casa fazer tricô ou crochê, ou coloca uma bermuda e vá para uma pracinha jogar baralho com aquela turma da direita braba retrógrada com cheiro de mofo nauseabundo. Não esqueça os novelos!

josé lopes disse...

As Comissões de Ciência e Tecnologia e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara rejeitaram ontem requerimentos que propunham a convocação do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) para falar sobre reportagem da revista Veja sobre a suposta tentativa de compra de dossiê nas eleições de 2006

O deputado Emiliano José (PT-BA) acrescentou que a proposta era equivocada do ponto de vista regimental e de mérito. O PSDB insiste nesta disputa política porque não tem projeto para o País. Está vivendo da volta ao passado, pegando carona em matéria de uma revista como a Veja que vive de fontes e fatos mortos. Essa denúncia já é assunto morto e enterrado. O PSDB e a Veja têm que parar de revirar o cemitério”, afirmou.

Taí, mais um baiano bom de briga este Emiliano José. Gosto muito deste estilo. Bateu levou!

Val gomes disse...

Que decepção a Dilma e esse Paulo Bernardo!!! Nossa...onde eu fui enfiar meu voto, minha confiança e esperança de um país mais justo. Mudam algumas coisinhas pra deixar tudo como está!!! Desculpe caro Zé, mas esse seu argumento não consegue me convencer nenhum um pouquinho. Tô muito decepcionada com o governo à la tucano da Dilma!

Anônimo disse...

"E há possibilidade da ANATEL não fiscalizar a contento"

POSSIBILIDADE??? Zé Augusto, você deve estar de brincadeira, né? Desde sua criação nos tempos do thc que ela SEMPRE foi a favor das operadoras. POR QUÊ ela iria agir diferente agora? Por causa dos "belos olhos" da Presidenta? Pára, né! Criticar o que está errado não é ser egoísta, é ser REALISTA.

E PIOR: elas fornecerão com FRANQUIA de consumo, ou seja, não existe nada mais nocivo nesse programa do que a limitação dos downloads que cada usuário poderá fazer! Após ultrapassar esse limite o usuário pagará a mais pelos dados baixados e também terá sua velocidade reduzida pela metade! É justo isso?

As empresas não investirão no aumento da capacidade da rede! Para fazer a expansão do serviço com essa limitação será uma moleza! As teles continuarão prestando um péssimo serviço!

Aonde não tiver estrutura para a conexão ADSL não será obrigatória a estruturação do serviço! As teles poderão oferecer conexão via 3G e no 3G o limite de download é de 150MB ou seja, quem estiver nos municípios do interior podem tirar o cavalinho da chuva! Vai continuar tudo como dantes na terra de abrantes!

Como é que uma enrolação dessas pode ser considerada como um programa que irá universalizar a banda larga no Brasil?

Enquanto na Austrália cada usuário tem uma fibra óptica em sua residência com capacidade de 100Mbps sem limitação de download, AQUI no Brasil nós temos 1Mbps com 300MB de download via ADSL e 1Mbps com 150MB de download via 3G!! Não dura 15 dias no preço de 35 reais! Depois disso, os pobres PAGARÃO MAIS pela conexão! Ou você acha que eles SÓ acessarão caixa de email e/ou lerão (infelizmente) as notícias TENDENCIOSAS do PIG? Tem sacanagem nisso, Zé Augusto! Só você e o governo não viram! Vai ter nego pagando 60, 70 reais POR MÊS por conta dessa franquia!

Na Austrália foi uma decisão de governo universalizar o serviço aqui, foi uma decisão das teles!!
(meus agradecimentos ao internauta Jáder Lira pela GRANDE ajuda)

mariazinha disse...

Não sei pq fiquei triste, pela primeira vez, ao ler um texto aqui. Não acredito que a classse media esquerda tenha culpa de algo, nesse evento da banda; a culpa foi do governo em não saber se comunicar melhor. Gostasria que o governo ficasse mais perto das massas para saber direito, o que pensam e sentem. Isso não acabou; ainda vem mais cois.

Professor Eduardo Lima disse...

Banda larga com limite de download é inadmissível. E só 300mb de limite! Se eu ficar um dia assistindo videos no youtube já ultrapasso esta meta. Aí vou ter que pagar mais! Esse Paulo Bernardo é uma mãe para as teles mesmo. Não há nada que justifique isso, não adianta. 1 mb de banda estaria ótimo para começar, mas limite de download é um absurdo!

oswaldo disse...

Para o objetivo, atingir a todos os brasileiros R$ 35,00 ainda é caro sem falar no péssimo serviço que prestam a um custo altíssimo para os que pagam acima de R$ 100,00.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

A opção é a banda larga mais cara que oferecida por empresas de telefonia móvel, por exemplo, pouco mais barata que a oferecida pelas teles fixas e sem qualquer garantia de qualidade. É auqela velha "é pro pobre, ele não tem nada, então qualquer merda tá bom".

Essa nova elite petista e os fanáticos de plantão não conseguem compreender que apenas reavivam os velhos preconceitos contra o pobre, o de que se não tem nada, dá 10 reais que é melhor que nada, dar 100 dá trabalho, então vai o fácil logo que enche um pouco a boca e vamos empurrando o resto com a barriga.

É o paternalismo de tratar o pobre como massa de manobra sempre pronta a aceitar qualquer porcaria que se lhes impõe.

http://www.tsavkko.com.br/2011/07/pnbl-ou-cegueira-voluntaria.html

Mario Santos disse...

Zé Augusto,

Sua análise está usando uma justificativa poética mas não a mais correta para aceitar o PNBL como ele está agora disposto pelo Ministro Paulo Bernardo.

Questionamentos:

1. Porque a mudança do modelo proposto por Rogério Santana, e mais que isso, qual o motivo da sua demissão?

2. Está se fazendo tudo com as teles, mas porque não se manteve as outras ações pregadzs pelo modelo anterior, onde havia o incentivo a criação as Cidades Digitais das Municípios e o trabalho conjunto pequenos provedores para levar a Banda Larga? Não se excluiria esse acordo com as teles, mas as outras açoes conjuntas forçariam a concorrência rápida o suficiente para baixar seus preços pra lá de escorchantes, muito diferentes daqueles que elas praticam nos seus países de origem.

3. Porque essa pecha de Classe Média de Esquerda? Só porque parte do Lulismo critica tecnicamente um modelo que ele julga beneficiar mais QUEM deveria dar mais (no caso as teles)?

Do jeito que está feito o acordo do PNBL, as operadoras de Telecomunicações do Brasil continuarão ditanto as regras no Brasil, algo que deveria ter sido feito pelo Governo COM A APROVAÇÃO DE TÉCNICOS E DA SOCIEDADE CIVIL.

No países de origem das operadoras, elas se degladiam para ganhar centavos da fidelidade dos seus clientes e são felizes por isso. Aqui no Brasil, ironicamente mais pobre, são elas é que orientam o modelo político e como, o quanto e por quanto tempo seus lucros se manterão.


O PT tem que ouvir mais o seu quadro técnico dentro sua militância. Se não dá valor a essa classe, que analise os exemplos externos como o Plano de Banda Larga da Austrália, vão verificar porque a relação do governo com as operadoras nos países onde telefonia é boa e barata ou que procurem entender porque na Coréia do Sul onde a telecom é altamente desenvolvida e da qual o Brasil importará a próxima geração de tecnologia, as inovações são feitas por uma empresa do Governo (que poderia ser muito bem a Telebrás).

A ceder pragmatismo ao político, a pressão dos mercados e do financiamento de campanha, em curto prazo de tempo não haverá mais diferença ideológica entre o partido e aqueles a quem ele muito criticou no período das privatizações.

Esse é o discurso de quem vocês estão tratando como Classe Média de Esquerda.

Pedro L. disse...

Mas isso é relativamente comum, muitas vezes a ideologia de esquerda entra em conflito com a prática dos governos trabalhistas... O problema no Brasil é que a direita pega carona nestes debates, e aproveita para conturbar o ambiente.

Rogério Neibert Bezerra disse...

Acho que a Presidenta sabe quanto custará estruturar a Telebrás.
Quem conheceu as Telescs, Telerjs sabe a propina que rolava. Só a empresa que trabalhei deu 32 carros para compradores/diretores das 25 estatais.
O que não falam é que o vírus fhc criou as agências reguladoras e não deu poder de veto ao governo. Temos que progredir fazendo o judiciário trabalhar pelo Brasil e não para o bolso dos "nobres" juízes e amiguinhos de ocasião.

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