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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lula na União Africana injeta ânimo na juventude e aponta rumos de políticas mundiais e Brasil-África

O presidente Lula, participou da 17º Sessão da Assembleia-Geral da União Africana na manhã desta quinta-feira, em Malabo, Guiné Equatorial. Lula representou oficialmente a delegação brasileira e a presidenta Dilma Rousseff.

Em seu discurso injetou ânimo, esperança e fé na juventude (tema do encontro), e no papel dos jovens como força transformadora progressista e que carrega os melhores ideais humanitários. Também reafirmou nossas posições, brasileiras e africanas, em prol de um mundo mais justo, com novos rumos nas políticas mundiais.

Segue a íntegra do discurso:

Quero saudar Excelentíssimo Senhor Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Presidente da Guiné Equatorial e da União Africana e ao fazê-lo saúdo todos os Chefes de Estado e de Governo e as autoridades aqui presentes.

É uma honra estar presente nessa Décima Sétima Assembleia Geral dos Chefes de Estado da União Sul Africana, que abordará um tema de caráter estratégico: a integração da juventude ao processo de desenvolvimento sustentável. Estou aqui como convidado e também representando o Brasil e a Presidenta Dilma Rousseff, que sabe da importância desse encontro, pela relevância do tema escolhido e por abrir mais uma oportunidade para estreitar as relações entre a África e o Brasil.

Inicialmente, quero agradecer o apoio dos países africanos ao processo que permitiu a eleição do meu ex-ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, para o cargo de Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.

Essa foi uma reafirmação da cooperação Sul-Sul, essencial para combater a insegurança alimentar que ainda afeta quase um bilhão de pessoas em todo o mundo.

A eleição de Graziano é um trunfo dos países em desenvolvimento e um reconhecimento do crescente papel que desempenham num mundo cada vez mais multipolar.

A escolha, pela União Africana, do tema da integração da juventude da África ao processo de desenvolvimento sustentável é muito oportuna, especialmente porque 60% da população africana têm menos de 25 anos e o continente passa por um acelerado processo de urbanização.

Aprendi nos oito anos que governei o Brasil, que além de investir na melhoria da educação e da oferta de empregos de qualidade para os jovens, o que os entusiasma é a esperança e a confiança de que terão um futuro melhor.

Foi o que conseguimos no Brasil, ao tratar a juventude não como um problema, mas como uma solução.

Criamos um processo virtuoso, de inclusão social e redução das desigualdades, num ambiente amplamente democrático.

Mostramos que é possível combater as desigualdades sociais, reduzir a pobreza, valorizar o emprego e os salários, fortalecer o mercado interno sem comprometer a solidez e a estabilidade macroeconômica.

Ao mesmo tempo, investimos muito na quantidade e qualidade da educação pública, desde a creche até os cursos de pós-graduação.

Como resultado, vinte e oito milhões de pessoas saíram da pobreza e 36 milhões ascenderam à classe média nos últimos oito anos.

E, o que é muito importante, aumentou a autoestima do povo brasileiro, especialmente entre os jovens. Uma pesquisa realizada no começo deste ano, em 25 países, pela Fundação de Inovação Política da França, mostra que a juventude brasileira é a segunda mais otimista do mundo em relação ao próprio futuro.

Minhas amigas e meus amigos.

A juventude não é uma simples passagem, uma mera ponte entre a infância e a maturidade. Não é, de modo algum, uma idade vazia. Ao contrário, é uma faixa etária singular, fortemente diferenciada. Poucas épocas na vida são tão marcantes e definidoras.

O jovem tem um imaginário particular e suas próprias necessidades objetivas e subjetivas, que devem ser contempladas por políticas públicas específicas, que lhes assegurem direitos e oportunidades.

Muitas vezes a juventude é tratada como um problema, um risco para a sociedade, quando deve ser encarada como parte da solução. A juventude é um ativo, um capital extraordinário. A sua capacidade de mobilização pelas grandes causas do progresso e justiça é inigualável. O seu potencial de solidariedade é imenso.

Desde que saibamos, é claro, reconhecer os direitos dos jovens, oferecendo-lhes autênticos canais de participação na vida social, política e econômica.

Na história do meu país, grandes conquistas populares foram obtidas graças à mobilização juvenil. Basta lembrar que o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial contra o nazi-fascismo pelo clamor da juventude. A luta pela criação da Petrobras, a nossa empresa estatal que já é a segunda do mundo em energia, foi liderada pela juventude.

Nossos rapazes e moças estiveram igualmente na vanguarda da luta contra a ditadura e pela redemocratização do país. Não há bandeira humanista e libertária que os jovens brasileiros não defendam com entusiasmo assim como certamente ocorreu e ocorre com os jovens africanos, que foram decisivos em todos os processos de libertação nacional do continente. É o que acontece em todo o mundo.

Por isso quero saudar essa iniciativa da cúpula dos Chefes de Estado da União Africana, de realizar uma assembleia geral especialmente para discutir a juventude, como fazê-la participar do processo de fortalecimento da economia e da democracia.

O papel da juventude é cada vez mais reconhecido como fundamental para o processo de desenvolvimento, o que levou a Organização das Nações Unidas a eleger o período de agosto de 2010 a agosto de 2011 como o Ano da Juventude.

Minhas amigas e meus amigos

O Brasil está muito atento às transformações em curso na África, um continente em que a economia vem crescendo a taxas muito mais altas do que nos países desenvolvidos.

Segundo o Banco de Desenvolvimento da Africa a classe média africana aumentou de 111 milhões para 310 milhões de pessoas nos últimos trinta anos, com um acelerado processo de urbanização que exigirá mais infraestrutura de energia, saneamento, habitação e transportes.

É total a disposição brasileira em cooperar com o desenvolvimento da infraestrutura, em particular na geração de energia elétrica a partir de usinas hidrelétricas e também com a transferência de tecnologia na produção de etanol e de energia elétrica a partir da biomassa.

O Brasil tem interesse em compartilhar sua tecnologia na área agrícola, tanto empresarial quanto na agricultura familiar.

A relação com a África é estratégica para o Brasil. Foi por isso que visitei tantos países africanos durante os oito anos do meu mandato como Presidente do Brasil. Ampliamos nossos vínculos diplomáticos, econômicos e culturais. Abrimos ou reativamos embaixadas em 19 países africanos e temos relações diplomáticas com os 53 países do continente africano. De outro lado, 33 países africanos já tem embaixadas em Brasília.

Um dos resultados desse processo de aproximação é o comércio bilateral entre Brasil e África ter aumentado de cinco bilhões de dólares em 2002 para 20,5 bilhões de dólares no ano passado. Um número crescente de empresas brasileiras passou a investir na África, gerando empregos e mais renda para o povo africano.

Agora a Presidenta Dilma Rousseff manda um sinal inequívoco, de que vai dar continuidade e aprofundar a relação do Brasil com o Continente africano. Minha vinda a Cupula da Uniao Africana, como representante do Brasil simbolila tal compromisso.

Minhas amigas e meus amigos.

A crise que nasceu nos países desenvolvidos em 2008 provocou efeitos danosos em todas as partes do mundo, mas a conta desse ajuste não pode ser paga pelas nações pobres ou emergentes, que precisam atuar em conjunto para construir uma nova ordem econômica e uma nova governança mundial, que atenda ao atual cenário geopolítico, completamente diferente da realidade de 60 anos atrás.

Esta é a hora de reconstruir as instituições globais em bases mais democráticas, representativas, legítimas e eficazes. Por que ficarmos atrelados a modelos criados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos hoje?

O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar. Não podemos retardar soluções que apontem para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade.

Os países em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção dos organismos multilaterais. Sem isso não haverá efetiva mudança e crises maiores serão inevitáveis.

Somente organismos mais representativos e democráticos terão condições de prevenir futuras crises, sejam politicas ou financeiras, e responder aos desafios de uma nova geopolítica mundial, multipolar, com a presença de novos atores.

Vivemos um período de transição no âmbito internacional. Caminhamos em direção ao mundo multilateral.

Precisamos de uma ONU suficientemente representativa para enfrentar as ameaças à paz mundial, com um Conselho de Segurança renovado, aberto a novos membros permanentes.

Precisamos de uma ONU capaz de negociar um cessar fogo e uma saida pacifica para a crise da Libia.

Quero encerrar ressaltando que fortalecer a unidade não significa desconhecer diferenças. Atuamos em cenários econômicos, políticos e sociais distintos.

Temos especificidades culturais e trajetórias históricas próprias. Não buscamos modelos únicos nem unanimidades. Nossa força está na capacidade de construir a unidade a partir de projetos soberanos. Mais do que nunca é hora de fortalecer o processo de cooperação solidária entre a África e o Brasil.

Muito obrigado.

2 Comentários:

mariazinha disse...

Nossa! Dircurso de arrepiar qqer. cristão!
VIVA LULA!
Enquanto ELE está lá fora brilhando feito estrela, o outro, é agraciado no senado brasileiro...AHAHAHA...Isto mostra quão distantes esses políticos estão dos anseios populares.
DA FOIA:
[...]o tucano, que acaba de completar 80 anos, será homenageado hoje no Senado. Um auditório da casa foi todo decorado com painéis que classificam FHC de "estadista do novo Brasil"

ANTONIO CARLOS disse...

Viva o Estadista Lula |Da Silva!!
como é chamado no exterior!! parabens presidenta Dilma....pela escolha!!

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